Durante o decorrer da manhã de sábado, Vicente Max lera a mensagem de Marcel, informando que Suna havia aceitado fazer parte do casamento de fachada. Ela só saberia que o contratante era o neurocirurgião quando finalizasse a transação. Aquela notícia positiva o havia deixado curioso. Seria aquela decisão drástica a mais acertada? E se Suna fosse um embuste? Ao menos, o acordo delineado por Marcel deixava a pessoa obrigada a se comportar de forma adequada. De todo modo, tinha seus receios.
Trabalhara duro pela manhã, visitando pacientes em dois hospitais. O jovem de 19 anos, que havia operado, mantinha-se estável, com o inchaço encefálico começando a diminuir. Tinha ido no Hospital Santo Antonio, onde operava gratuitamente duas vezes por mês, verificara um paciente, analisara os exames de outra, marcando uma cirurgia para o sábado seguinte. Iria extirpar um tumor na medula que impedia que uma mulher andasse. Com a intervenção, as chances de ela recuperar os movimentos eram grandes. O seu trabalho era a mais importante engrenagem que o movia.
Saiu do hospital em seu SUV preto. Vestira-se, naquele dia, de maneira leve, com uma camisa polo rosa, jeans e óculos escuros quadrado. Há uma semana a barba estava por fazer. Foi direto almoçar com Marcel e Diego e iria conhecer detalhes do contrato do casamento de fachada. A possibilidade de concretização daquele casamento fajuto o deixava em dúvida. Uma coisa era planejar, outra, a realização. Já pagava para ter o prazer do jeito que desejava e, também, iria pagar para fingir ter uma família. No que estava se transformando? Naquele tipo de homem canalha e consumido pelo poder? Ele não era daquele jeito, não era um cara mal caráter.
Marcaram na churrascaria. O sol convidava à praia, naquele dia. Pegou algum trânsito e chegou ao Na Brasa por volta das 13 horas. A hostess o recebeu oferendo os olhos verdes e a simpatia, podendo ser algo a mais, porém foi indiferente. Atravessou o ambiente em direção aos amigos.
— E aí feras – Max cumprimentou Marcel e Diego do jeito brincalhão que estavam acostumados, tocando o braço estirado de um sobre a do outro. Tirou os óculos e se acomodou.
— Bem, cara. Esperamos que esteja satisfeito – comentou Diego.
Max sentou e começou as rodadas de cupim, picanha e carne do sol. — Normal – respondeu, querendo dar um tempo para entrar no assunto sobre Suna.
— É bom se alegrar, Mércia veio saber de mim se tinha alguma prova contra suas perversões, porque queria processá-lo. É claro que não sei nada sobre suas tendências vampirescas – adiantou Diego. Max parou para escutá-lo e balançou a cabeça aborrecido.
— Ela assinou um contrato de prestação de serviços médicos em troca do silêncio. Ela quer mais dinheiro. Ignorem-na – orientou Marcel. — Vou abordá-la.
— Não precisa. Ela anda fofocando e não posso provar nada. Li indiretas dela, muito sutis, num grupo do aplicativo de mensagens – confidenciava com desgosto. — Mércia está detonando minha reputação. Não devia ter pago nada àquela víbora mal-amada – desabafou Max. — E Suna?
— Leu o contrato e pediu algumas modificações – disse Marcel. — Ela pensa que o contratante é homossexual.
Max riu. — Diga que sou gay, talvez se sinta mais segura. Quais as modificações?
— Terá que aceitar a gatinha dela, Zazá e, para isso, irá colocar redes de proteção para a bichana em seu apartamento... – Diego atrapalhou Marcel caindo na risada e esse acabou rendendo-se à graça. Só Max não achou interessante.
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SÓ POR UM ANO (Degustação)
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