Por causa da ganância de Filipe, Rose passava os piores dias de sua vida dentro daquela cela, poucas vezes era alimentada, e quando a davam de comer, era o alimento dos porcos, ou de outros animais. Rose foi completamente esquecida dentro daquele buraco sujo, muitas vezes tinha tanta sede que se sentia obrigada a beber a água da privada; Rose foi humilhada como jamais pensou em sua vida, seu coração estava em pedaços, a dor de ter sido traída pela pessoa que amava nunca sararia.
Mais tarde, Rose sentiu muita sede, e tomou coragem para pedir aos soldados que estavam de guarda próximo a sua sela, os dois conversavam entre eles, quando Rose os interrompeu.
- Ah, isso está um tédio, o rei podia ter nos dado algo melhor para fazer. - dizia Simon, um dos guardas
- Tem razão... - concordou o outro soldado
- Senhores... Por favor... Preciso de água, sinto muita sede. - disse Rose encostada na grade da sela, com uma expressão sofredora.
- Ah, vejam só se não é a negrinha ladra de joias! - disse Simon aproximando-se de Rose. - Ah, você não é tão feia...Acho que agora tenho algo para me tirar do tédio... - disse com maldade nos olhos.
Rose deu um passo para trás com medo, suas pernas ficaram trêmulas, seu corpo tremia diante do olhar maldoso de Simon, que sem nenhum pingo de compaixão violentou-a sexualmente, arrancando por completo sua pureza e inocência de criança. Foi uma série de acontecimentos trágicos para Rose, que nada sabia sobre a vida, era apenas uma garota que nunca teve um coração partido, mas ao apaixonar-se pela primeira vez, viveu terríveis momentos, tais quais não se desejaria nem para seu pior inimigo, e também uma visão errada sobre o amor, de que ele era uma maldição, e prometeu nunca mais confiar em alguém novamente.
Helsken havia entrado em uma rivalidade contra o reino inimigo, Instanck, e foi a vanguarda dentre os outros reinos obtendo equipamentos de guerra mais modernos, graças a cientista do reino, Carmen Sprung, a primeira mulher a ocupar um cargo que se igualava aos soldados, na verdade seu trabalho era muito mais importante, e por causa de sua grande sabedoria, o rei não via porquê não dar-lhe tal função.
- Senhor, a senhorita Carmen deseja vê-lo imediatamente - disse um soldado para o rei que estava em seus aposentos.
- Diga para que me aguarde. - disse o rei.
Elias aprontou-se e desceu até o salão real para encontrar-se com Carmen.
- Meu rei! que honra vê-lo novamente depois de tantos anos. - disse Carmen empolgadamente.
- Carmen, o que te traz aqui depois de tanto tempo? O que andou fazendo? - perguntou o rei
Com um olhar misterioso, Carmen ordena que seus ajudantes entrem na sala com diversas caixas, e o rei fica curioso a respeito.
- Meu querido rei! Estamos em tempos de transformações e inovações em nosso reino, e agora eu lhe trago algo que sem dúvidas, nos dará vitória certa contra Instanck e outros reinos. - dizia a cientista eufórica.
- Estou começando a ficar curioso, o que há de tão bom nessas caixas? - perguntou o rei
- Senhor, esqueça as espadas, os machados e essas ferramentas velhas. Apresento-lhe as armas de fogo, criadas por mim e meus ajudantes. - Carmen apresentava seus projetos cheia de orgulho, e o rei ficava deslumbrado, aquilo com certeza seria a vitória de suas guerras, mas não era apenas isso que Carmen queria apresentar-lhe.
- Carmen, isto é incrível, creio que por isso não me apareceu por tanto tempo. - disse o rei
- Senhor, esta é apenas a introdução, tenho algo muito maior a lhe apresentar. - dizia Carmen colocando misteriosidade em suas palavras.
- Então ande depressa e me mostre o que há de tão grande! - disse ansioso o rei.
A cientista tirou de uma maleta uma pequena caixa que a princípio não impressionou muito o rei, e dentro da caixa havia uma espécie de chip, que despertou a curiosidade de Elias, porém ainda não havia o impressionado.
- Como algo tão pequeno pode ser mais importante do que as armas de fogo que você acabou de me apresentar? - disse o rei desinteressado.
- Você está se equivocando, meu rei, esta pequena ferramenta, tem uma função especial, que fará com que nossos guerreiros tenham mais eficácia no manuseio das novas armas. - Carmen começara a despertar o interesse de vossa majestade. - Ao ser aplicado em uma parte do cérebro, o soldado ganha habilidades especiais: força sobre humana, alta velocidade, reflexo apurado, e capacidade de detectar presença inimiga a até 5km de distância, é perfeito, venho trabalhando minha vida toda nisso - A doutora dizia já com certeza de que aquele projeto seria aprovado pelo rei.
Elias alegrou-se com a esplêndida invenção de Carmen, e é claro que não deixaria de aprová-la, mas ainda havia um problema a ser resolvido.
- Vossa alteza, ainda há um certo problema. - disse a senhorita Sprung
- Pois diga-me, qualquer problema que houver eu resolverei. - dizia ansioso o rei.
- O produto ainda não foi testado corretamente, precisaremos de uma cobaia, afinal não queremos arriscar a vida de nossos soldados.
O rei agiu depressa e ordenou a Simon, que estava de guarda por ali, que trouxessem Rose, para que pudesse servir de cobaia, era apenas mais uma prisioneira, sua vida não tinha muita importância. Simon foi até sua cela, e a puxou pelos braços brutalmente conduzindo-a até a sala de cirurgias onde ocorreria o implante do chip. A aparência de Rose era lamentável, em seu corpo, apenas pele e osso, seu cabelo todo emaranhado e há dias não tomava banho.
Chegando a presença do rei e dos demais médicos, Carmen sentiu compaixão de Rose, pediu para que a alimentassem antes do experimento, mas o pedido foi negado pelo que rei que estava ansioso pelo resultado e não pensou nas consequências que causaria à menina, e Carmen com grande peso em seu coração prosseguiu com a cirurgia.
Rose foi colocada em uma cama, e o tratamento foi feito imprudentemente, já que na época o reino era escasso em equipamentos médicos. Os gritos de dor de Rose ecoavam pelo reino, chegando até Filipe que reconheceu na mesma hora que se tratava de sua amada.
O resultado foi infeliz, Rose não resistiu e seu corpo veio à óbito, o rei ficou decepcionado, e Carmen, por sua vez, ficou confusa.
- Senhor, por favor, mais uma chance! Só mais uma chance e repararei os erros! - Disse Carmen prostrada aos pés de Elias.
- Não me decepcione de novo, quero um bom resultado da próxima vez! - disse descontente o rei, dando as costas para Carmen. - Ah, livrem-se deste corpo, joguem no rio, queimem, façam o que quiser... - ordenou aos guardas antes de partir.
Os soldados apanharam o corpo de Rose e o levaram para o rio, em meio a cidade, todos os olhares eram voltados para os homens que carregavam a falecida em seus braços. Mais a frente estava D. Firmina, que ao presenciar aquela cena, reconheceu imediatamente o corpo de sua filha e se atirou nos soldados, mas foi afastada aos tapas, e com o rosto em terra chorou amargamente a morte de sua menina. O corpo foi desovado no rio, jogado de cima de um penhasco, sem dó, sem compaixão; Carmen que os seguiu secretamente aguardou o afastamento dos soldados para retirar Rose de dentro d'agua.
A doutora mergulhou rio adentro, puxou a garota e surpreendeu-se ao ver Rose de olhos abertos, viva! E naquele instante Carmen concluiu o que havia acontecido: Rose havia se tornado uma só com o chip; as habilidades que a ferramenta proporcionava para o usuário se tornaram as de Rose. Um acidente que mudaria completamente a vida de Rose, dando a chance de um recomeço à menina que tanto sofreu, mesmo sendo tão jovem, e talvez agora o destino começaria a agir em seu favor.
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Rose A Matadora De Reis
Ciencia FicciónSinopse do livro: O livro retrata a vida da jovem Rose, uma garota negra que sonha em se tornar uma guerreira do exército real, porém isso é impossível na época em que vive graças aos preconceitos e leis de seu reino. Mais tarde, após se envolver em...