vingança dos dois lados

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Dois anos se passaram, desde que Rose entrou na vida de Andrew, e agora era chegada a hora do início de sua missão.
  Andrew lamentava ao ver sua filha adotiva partir, mas sabia que não podia fazer nada a respeito.
- Não chore meu pai, prometo escrever para você todos os dias. – disse Rose a fim de consolar seu pai.
- Você agora já é uma mulher. Eu sentirei saudades. – Andrew lacrimejava enquanto se despedia de sua filha. Após um longo e apertado abraço, Rose seguiu viagem.
Estava tudo conforme o planejado, até que um dos moradores da pequena cidade onde Rose viveu nos últimos dois anos, levado pelo desespero da falta de dinheiro e sem ter como sustentar sua família, resolveu entregar para o rei a informação sobre a existência de Rose. O homem caminhou até a capital ao encontro de Erick.
- Senhor, um camponês deseja vê-lo. – Um guarda alertou ao rei.
- Mande-o entrar. – ordenou vossa majestade.
- Com licença, nobre rei, eu venho trazendo preciosas informações. – já dizia o pobre homem entrando no salão.
- Eu espero que sejam importantes mesmo, você está tomando meu precioso tempo. – disse o rei impaciente
- É sobre uma mulher que foi dada por morta há dois anos, mas na verdade se encontra viva em minha cidade há poucos quilômetros daqui. – enquanto o cidadão falava, Filipe entra eufórico interrompendo o diálogo.
- Como é o nome dessa mulher? – perguntou o príncipe ofegante.
- Rose senhor. – respondeu.
- Meu irmão, é ela! Eu sabia! – Filipe comemorava a notícia. – Por favor, mande homens atrás dela! Traga-a de volta!
Erick concorda com Filipe, assim realizando seu pedido, e manda uma pequena tropa em busca de Rose.
  A moça saía da cidade quando de repente se depara com os soldados de Helsken que entregaram-na a seguinte mensagem: “O rei ordena seu retorno à Helsken imediatamente”. Os guerreiros agora já estavam preparados para usar o armamento criado pela falecida cientista Carmen, mas isso não intimidou a Rose, que em um piscar trucidou-os impiedosamente, desviando-se dos tiros e golpes direcionados a ela. Deixou que vivesse apenas Simon, para que mandasse uma resposta ao rei, tal qual seria: “Por hora não retornarei ao reino, porém, o dia em que voltarei, este será o dia de sua morte.” E Simon fez conforme ordenara Rose, entregando a resposta deixando Erick intrigado.
- Deve haver um motivo por trás disso! Ela deve ter se assustado, ou algo assim! – Filipe tentava inventar uma desculpa para justificar o ato de Rose.
- É claro, meu irmão. Vamos tentar de novo, mas dessa vez, eu mesmo irei buscá-la. – disse Erick, muito compreensivo. Depois disso, partiu à procura de Rose.
  Já distante em meio um deserto, numa noite fria, Rose sente a presença do rei se aproximando e desce do cavalo para o esperar.
- Então, o grande experimento da doutora deu certo!? – disse Erick surgindo dentre a neblina. Rose não lhe direcionava uma palavra sequer.
- Você disse que me mataria, mas acho que será ao contrário. Eu adoraria dizer-te que vim te buscar e cumprir a promessa que fiz ao meu irmão, mas não posso deixar que alguém com preciosas informações sobre o reino saia por ai, além do mais, você exterminou parte dos meus soldados. – dizia Erick enquanto empunhava a espada. – Vejo que você está desatualizada, contudo, lutarei à sua maneira.
- A mensagem não era para você! – Essa foi a última frase ouvida por Erick. Em uma fração de segundo, Rose avançou para cima dele, arrancando fora sua cabeça, sem dar-lhe a chance de revidar o ataque. Com frieza, banhou seus dedos no sangue do defunto e assinou seu nome na cabeça que estava separada do corpo, para que todos soubessem quem foi a responsável pela morte do rei.
  Mais tarde, Filipe começara a se preocupar com a demora de seu irmão para voltar ao reino, então reuniu dois de seus homens e partiu em uma busca. Foram horas de procura, até que corpo de seu irmão foi encontrado, e quando o viu morto, Filipe entrou em choque.
   O príncipe aproximou-se da cabeça de seu irmão e observou que havia algo assinado com o próprio sangue, entendeu que Rose teria assassinado seu rei e um sentimento de fúria tomou conta de Filipe.
- MALDITA SEJA ROSE! - Filipe gritava toda sua raiva em meio àquele deserto diante do corpo de seu irmão gêmeo. Não havia mais amor, agora só existia ódio, e um desejo tremendo de vingança. Agora ambos buscavam a morte um do outro.
   Anos se passaram e Rose já havia tirado a vida de inúmeros reis. E com o passar do tempo, a novidade das armas de fogo espalhavam-se pelo mundo tornando a missão de Rose cada vez mais difícil, já que os rumores de que uma mulher negra estava vagando pelo mundo dizimando todos os reis espalhou-se; os exércitos ficavam mais atentos e cuidadosos com a chegada de estranhos em suas terras. Militares estavam aos redores de seus reis vinte e quatro horas por dia; os obstáculos apenas aumentavam para a forte guerreira, porém nada a intimidava. Rose era o assunto mais comentado em todos os lugares, por crianças, jovens, adultos, idosos... ficando mundialmente conhecida pelo apelido de: "A matadora de reis".
   Alguns eram contra o seu conceito de justiça, a maioria achavam que Rose era uma deusa. Nada disso importava para ela, o seu foco era único e objetivo, nada a impediria. Massacrava qualquer um que se metia em seu caminho, ninguém era páreo para ela. Realmente, era como uma deusa da destruição.
   Numa noite fria, um acontecimento triste ocorreu: seu animal, companheiro de longas datas e acompanhante de suas batalhas veio a falecer. Rose o enterrou, deu-lhe um velório, permaneceu um momento ali e em seguida partiu em uma caminhada rumo ao próximo reino. Carregava consigo um mapa, uma caneta e um diário onde escrevia como eram seus dias, detalhe por detalhe.
   Mais à frente, Rose decidiu parar para descansar, agora que estava à pé, sua jornada seria ainda mais cansativa. A mulher que estava extremamente cansada, adormeceu em um sono profundo debaixo de uma árvore por horas, e então, quando acordou, não estava mais no mesmo lugar.
- Onde estou? - perguntava-se ainda inconsciente, até que se deu conta que estava amarrada a um pilar dentro de um celeiro, permaneceu calma e onde estava, afinal, com sua força ela poderia quebrar facilmente a corda.
- Como pensei! - disse um homem entrando pela porta do celeiro. - Você é uma mulher inteligente e observadora. Tenho conhecimento de sua força e sei que poderia escapar daqui facilmente, porém, está desarmada e meus homens podem estar ali fora em guarda. Estou certo?
- Quem é você? - perguntou Rose.
- Eu sou o líder desta pequena cidade, meus homens te acharam dormindo, e conheceram seu rosto dos cartazes, então te trouxeram até aqui.
- Eu não tenho medo de você e nem de seus homens. - disse Rose soltando-se e aproximando-se lentamente do líder.
- Como é seu nome, matadora de reis? - perguntou o homem sem demostrar alguma expressão de medo.
- Rose.
- O meu é Samuel, tenho muito prazer em te conhecer... - Em uma fração de segundo, Samuel viu-se entre as mãos de Rose sendo enforcado e os cidadãos de sua cidade invadiram o celeiro com foices e machados ameaçando à Rose.
- Afaste-se de nosso rei! - gritavam os humildes moradores da cidade e Rose os obedeceu.
- O que está acontecendo? Está ameaçando seu povo para que o defenda? - perguntou Rose.
- Ele não está ameaçando ninguém, e não vamos deixar você matar nosso querido rei! - disse corajosamente uma mulher que estava entre o povo.
- Ora ora, abaixem as armas, a senhorita Rose não vai fazer nada... - Samuel tentava apaziguar a situação. - Por que não fica esta noite aqui, Rose? Parece estar muito cansada e com fome.
- Está bem. - Rose concordou, porém ainda receosa.
   Após uma simples e farta refeição, Rose procurou um lugar para acomodar-se entre as palhas, pois recusou o convite para dormir na casa do próprio líder da cidade. Quando já deitada, Rose sente a presença de alguém e se põe de pé rapidamente, mas logo percebe que se trata de uma criança de aproximadamente seis anos de idade.
- Moça, por favor, não mate nosso rei, ele é um homem bom! - a criança pedia repetida vezes e Rose observava sem saber o que dizer. Então logo chegou um homem que aparentemente parecia ser o pai do menino, visto que o repreendeu por estar tarde da noite fora de casa.
- Me desculpe por isso... Rose, não é? - desculpou-se o gentil camponês.
- Não foi nada... Vocês parecem realmente amar o seu líder... - disse Rose.
- Sim, ele é um bom homem que acolheu pessoas que fugiram de seus respectivos reinos por causa do abuso de seus reis. Nós o chamamos de rei, mas na verdade não chega a ser, já que somos apenas um pequeno povo. - respondeu gentilmente o rapaz. - Está frio aqui fora, por favor, passe esta noite em minha casa!
   Apesar de estar entre estranhos, Rose sentiu-se confortável com a companhia daquele sujeito e aceitou o convite para abrigar-se em seu lar.
- Ah, esqueci de me apresentar. Me chamo Jaime. - Educadamente, ofereceu a Rose uma manta para se esquentar, em seguida serviu-lhe um chá.
- Eu não entendo. - Jaime pronunciou-se e Rose direcionou-lhe o olhar. - Para que se arriscar fazendo tais coisas? Digo... Assassinar os reis, que embora sejam maus, ainda são grandes homens. Se é por vingança, você acha que essa é a maneira certa de consertar as coisas?
- Se é certo ou não, eu não sei. Mas as maioria das pessoas estão só esperando alguém dar o primeiro passo para que possam lutar também, e eu não julgo tal covardia, isso é compreensível. Então, nesta guerra eu tomarei a vanguarda para que meu povo possa ter coragem de lutar também! - respondeu Rose.
- Eu compreendo perfeitamente. Também acho que vocês negros, já sofreram demais, sou totalmente contra a forma como são tratados. Por isso, se um dia eu me tornasse rei, faria algo para compensá-los de toda essa dor, para que possam ter um lugar na sociedade. - disse Jaime convencido de seu discurso, mas logo intimidou-se ao notar que Rose havia o fixado o olhar seriamente.
- Guarde a sua pena para si mesmo. Negros, brancos, mulheres, todos são iguais. Nem inferiores, nem superiores uns aos outros. Não precisamos de benefícios só porque somos desmerecidos de direitos agora. Mas isso não é culpa nossa, na verdade, somos capazes de fazer tudo o que qualquer um rei, soldado ou médico faz. E eu que fui abençoada com habilidades que outra pessoa não é capaz de realizar vou tornar o mundo mais justo da minha maneira; vou acabar com toda essa desigualdade cortando mal pela raiz; vou começar tudo de novo, mesmo que isso custe a minha vida. E ainda vamos mostrar que não somos animais irracionais, e que podemos conseguir muitas coisas grandiosas na vida; as pessoas terão de nos reconhecer de igual para igual ao verem que também temos capacidade, as vezes até mais do que muitos ricos por aí. Eu vou tornar isso possível, fazendo o certo ou errado. Pois o que eu quero, e o que meu povo quer, são apenas direitos, liberdade, uma vida de verdade, queremos ser reconhecidos como gente! - Jaime calou-se diante das palavras de Rose, envergonhado. - Irei partir agora, não farei nada ao seu líder.
   Rose seguiu de volta para sua viagem, e quando já saía da cidade, Jaime impossibilitou-a de prosseguir.
- Você não pode ir embora sem um cavalo, por isso eu lhe trouxe um. Ele é jovem e forte. Vai ser um bom companheiro. - Disse Jaime entregando-lhe o animal.
- Muito obrigada. - Rose agradeceu com um sorriso meigo, em seguida montou no corcel e cavalgou rumo ao seu próximo destino. 
    Após a morte de Erick, Filipe o sucedeu na liderança do reino. O mesmo traçava um plano para se vingar de Rose.
- Reconheço a força grandiosa dela, não posso me opor a alguém com muito mais força do que eu. - dizia Filipe para um de seus soldados e amigo íntimo.
- Então se torne igual à ela. - disse o homem.
- Como? - perguntou o rei.
- O chip que foi instalado nela, ainda está sendo estudado por outros cientistas. Você pode arriscar colocar um em você também!
- Que ótima ideia! Porém, irei fazer algo melhor! Eu serei duas vezes mais forte que ela! - a ambição tomou conta de Filipe, o tornando um homem frio e egoísta. Pensava apenas em sua vingança, esquecendo-se que possuía um reino em suas mãos; Filipe esqueceu do seu sonho de criança, e nem mesmo se deu conta que havia o realizado.

Rose A Matadora De ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora