Capítulo 03 - A Taverna

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O trajeto da pousada até a taverna seria relativamente longo, mas Kennick andava depressa por causa da ameaça da chuva e assim, chegaria em pouco tempo. Estava já chegando à ponte norte que atravessava um dos braços do rio Varte. Esse braço do rio que percorre a cidade foi feito manualmente pelos antigos moradores da região que chegaram há centenas de anos antes. O rio Varte passa por dentro da floresta e o braço foi cavado porque os moradores não queriam desmatar toda floresta para construir sua cidade. Assim, acharam melhor construí-la ao lado da vasta floresta. Cavaram então esse braço que vem do norte, quando o rio está quase adentrando a floresta e vai até o sul, se ligando novamente com o rio pelo outro lado. Desse jeito poderiam usufruir tanto do rio, quanto do que a floresta tinha para oferecer.

Enquanto andava depressa, Kennick percebeu que o movimento de pessoas nas ruas ia diminuindo, provavelmente por conta da ameaça da chuva que pairava no escuro céu baixo de Baum. Passou então pela ponte e de lá seguiu uma das ruas que saía dela, fazendo uma curva para o sul novamente. A taverna já estaria à poucas quadras dali.

Mesmo sendo uma noite particularmente fria e molhada, vez ou outra alguém passava por ele na rua e como já era de se esperar, essas poucas pessoas que ainda estavam andando por aí, desviavam de seu caminho. Algumas delas apenas abaixavam o tom de voz ao vê-lo passar e outros ainda, paravam de falar completamente. Para o rapaz, ficava óbvio o que todas essas pessoas estavam pensando. Que nenhum Lied era bem vindo ali.

Kennick sempre achou que a qualquer momento, essas pessoas poderiam pegar uma pedra e arremessar contra ele e, os demais simplesmente seguiriam o exemplo.

Até mesmo os guardas que faziam suas rondas o olhavam de esguelha. Só o deixavam em paz pois já estavam acostumados com sua presença ali. Mas se fosse um Lied que a população de Baum nunca tivesse visto antes, com certeza o rapaz seria parado e perguntas seriam feitas. De fato a reputação de sua raça era péssima naquela cidade, mas o que se poderia fazer? Não foi ele quem planejou um ataque ao país anos atrás, Kennick não tinha nada a ver com aquilo. Não guardava remorso de ninguém por causa do ocorrido para com os seus e mesmo assim as pessoas o evitavam como se fosse um leproso.

A garoa fina agora se engrossava numa chuva forte, kennick já estava chegando à taverna e acelerou ainda mais o passo. Cerca de pouco mais de

vinte minutos depois de deixar a pousada de Lenil, finalmente chegara à "três flechas".

Ainda na rua, o rapaz vê que do lado de fora da taverna há três homens conversando e rindo alto, pareciam não se incomodar com a chuva que os açoitava. Ao se aproximar mais, estranhou que nenhum dos três pareceu se importar com sua presença. Das duas uma, ou não estavam mesmo nem aí para quem ele era, ou estavam muito bêbados para notar alguma coisa, a chuva ou o Lied. Seja lá qual fosse o motivo, não importava.

— Tenha uma boa noite, amigo. — Cumprimentou um deles. — A noite está ótima para um trago. — O homem levantou sua enorme caneca de cerveja em cumprimento, ao mesmo tempo em que dava um passo para o lado com o intuito de deixar espaço para que Kennick entrasse na taverna.

kennick achou estranho a princípio, mas não permitiu que essa novidade ocultasse sua educação. Devolveu então a saudação amistosa dos homens e pediu licença para entrar na taverna.

*

Passou pela porta dupla da entrada, limpou os pés na soleira e se dirigiu ao balcão, onde uma mulher servia as bebidas. Observava o salão enquanto andava, era um lugar enorme a "três flechas", com várias mesas espalhadas por todo lugar e apinhada de gente que conversava gritando, por conta do enorme barulho que se espalhava por todo o ambiente. Haviam pessoas de várias raças juntas naquela taverna. A maioria humanos, mas também uma boa quantidade de uraiks, anões e até alguns Doslus espalhados aqui e ali.

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