🔯Capítulo 03🔯

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Corri para o quarto de minha filha, quero mantê-la por perto de agora em diante, a velha senhora saiu da minha casa. Os dias se passaram e eu não tirava os olhos de minha filha em nenhum momento, dormia ao seu lado sempre, estava quase paranoica, os dias se passaram e comecei a estudar sobre a cidade, deixei minha pequena com a velha senhora, ela se tornou uma boa amiga.

Entrei na biblioteca e fui para a ala de histórias da cidade, abri um livro e um trecho me chamou a atenção.

Rio Negro e sua correntezas

"A muitos anos se acreditava que o Rio Negro era uma passagem ao inferno, suas correntezas selvagens e cheia de pedras e armadilhas mortais era sempre uma morte horrenda para os suicidas que aqui passavam. Os velhos moradores dizem que há uma passagem entre os mundos no fundo do rio, descendo a corredeira de frente para a floresta escura e sua ponte da morte, ele pode ser atravessado por corajosos e alguns fanáticos que acreditam nestas lendas."

Fiquei imaginando quantas pessoas devem ter feito isso para salvar seus filhos. Procurei por outros livros, lendas da cidade, histórias de antes da cidade existir, todos falavam quase a mesma coisa. Fui para casa pensativa, todas as mães talvez sumissem por pular e tentar salvar as filhas e morriam na queda e todas as coisas a mais da corredeira. Desci do carro e vi a porta aberta, peguei minha arma embaixo do banco e entrei, minha amiga estava caída e com um corte em sua face, senti o terror me dominar, corri para o quarto de Iêda, ela sumiu, desabei a chorar, senti a culpa me invadir, era a pior dor da minha vida. A velha senhora veio caminhando meia cambaleante em minha direção, ela chorava.

_Desculpa, eu tentei, juro que tentei, mas eles vem de muito, não consegui protege-la assim como não protegi minha filha. Ela chorava se culpando por agora e pelo passado, mas não a culpei, eles é que eram os covardes.

_Vou trazê-la de volta, e sua filha também, elas foram levadas vivas, então tem um jeito de trazer.

_Sua filha ainda não foi levada, ela deve ser colocada a noite na floresta até eles virem. Aquelas palavras me deram esperança.

Esperei as horas passarem, era torturante e agoniante, não poder abraçar minha filha estava me matando, a noite chegou, mas o momento certo era só mais tarde.

A hora chegou corri com Meredith para a floresta, descobri o nome dela depois de muita insistência, todos estavam lá com suas tochas clareando o lugar para minha filha ficar. Iêda gritava mamãe o tempo todo, a raiva da covardia deles me fez correr para ela. A abracei e apontei a arma para todos eles.

_Nos deixe em paz!

_Você precisa salvar todos nós, você não entende.

_Espero que eles venham e levem todos vocês, mas minha filha fica comigo.

_Você não sabe nada sobre nossa cidade, é a nossa proteção. Fiquei com ódio daquela mulher.

_Então dê a sua filha a eles! Escutei um barulho de correntes se arrastando vagarosamente, o fedor de podre e aquela sensação de pavor chegava mais perto, eles vinham e os moradores olhavam assustados para todos os lados, eles ficaram paralisados em seus lugares. Senti a mão de um em meu ombro.

_Huum, você é forte, nunca vimos uma assim antes, capaz de fazer tudo por sua cria. Ele ria de mim e olhava tudo ao redor,  seu cenho franziu assim que viu os moradores._Traidores sem escrúpulos,  logo vejo vocês no inferno, todos vocês.

_Largue minha filha, por favor.  Comecei a chorar.

_Podemos fazer um trato, desça ao inferno e vença nosso desafio,  assim sua filha e a cidade será liberta de qualquer maldição e de nós.  Olhei um pouco para o ser a minha frente, ele era um demônio,  ele mente.

_O que me garante que você não está mentindo?

_Você vai ter que se arriscar para saber se digo a verdade. Senti minha garganta queimar,uma lágrima escapou de meu olho, mesmo se eu não descesse eles levariam minha pequena Iêda.

Senti as mãos do demônio em mim, ele me olhou nos olhos profundamente e me mostrou cenas apavorantes do inferno.  Lágrimas banharam meu rosto.

_Eu vou, mas deixe-a.

_Ela é o estopim para a sua decisão certa, diga adeus.

Abracei minha filha e não quis largá-la, a apertei com força em meus braços, logo senti o vazio me tomar. Abri os olhos e estava no meu quarto, será que foi somente um pesadelo?  Corri ao quarto de Iêda e ela não estava na cama, revirei a casa a sua procura, mas ela sumiu.  Chorei desesperada, corri para a ponte, vultos rondavam a floresta, eu os via agora.

Em um ato de impulso e sofrimento pulei do alto da ponte a procura do portal.

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