Parte três - A bruxa

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Foi então que a vi. Uma estranha, porém elegante mulher, de pele branca como o leite, longos cabelos compridos, negros como a mais escura noite, com algumas mexas de um azul escuro. Ela caminhava e sorria para mim, seus olhos eram de um preto tão intenso, que não era possível nem ver o brilho, nem parecia que ela estava viva!

Ela então caminhou até perto da fogueira, olhou para o fogo, o que para mim foi meio estranho sabe, e então, por um momento, pensei que ela jogaria minha cadelinha ali.

- Não faça isso! – Gritei e tentei correr na direção dela, mas ouvi um forte estalo e um raio azul me envolveu e de alguma forma eu fiquei paralisada. Tentei falar, mas não conseguia nem mexer meus lábios.

- Não pensei que teria companhia. – Disse ela virando-se para mim. - Ou será que devo dizer companhias...

Para falar a verdade, eu não entendi muito bem o que ela quis dizer com aquilo, e tudo o que eu conseguia fazer, era pensar em Madame Pompom, nos braços daquela mulher horrorosa.

- Solte... Ela... Agora! – Consegui grunhir entre os lábios fechados e ela se espantou.

- Como... Mas, como?

Ela então fez seus olhos brilharem num azul chocante e ela abriu duas grandes asas de morcego que fizeram meu coração saltar até o outro lado do mundo. Meus olhos estavam tão arregalados que quase caíram das órbitas, mas o grito que estava preso na minha garganta, não saia.Com o seu voo rasante, ela chegou num segundo na minha frente, e seus cabelos voaram em meu rosto com o vento que suas asas proporcionaram.

- Você conseguiu quebrar, ou melhor, quase quebrar meu feitiço? Como você fez isso? Você não é uma criatura mágica, posso sentir no seu cheiro. Humana imunda!

- Huumm! – Gemi tentando me mexer.

- É inútil! Você não vai conseguir fugir. Fique satisfeita, pois pelo menos sua vida será salva. – Disse ela sorrindo e andando na direção da fogueira, com Madame Pompom chorando em seus braços, uma lágrima correu pela minha face, e então ela levantou minha cadelinha dizendo:

- Finalmente o último ingrediente se apresentou a mim sem precisar caçá-lo.

Ela então a levantou pelo pescoço.

- Eis aqui, o coração de um ser inocente...

Mas ela não conseguiu terminar sua proeza. Um forte lampejo branco surgiu no ar e eu fui liberta da magia da bruxa. Madame Pompom caiu no chão com um pequeno choro e veio correndo para os meus braços.

- Quem é que se atreve? – Gritou a Bruxa olhando desconfiada em volta. – Quem se atreve a perturbar meu ritual?

Ela então lançou vários raios azuis que saíram de seus olhos em várias direções, quebrando galhos, explodindo pequenas pedras, e fazendo todos os dejetos das explosões voarem em nossa direção.

Ninguém apareceu. Então ela apontou o dedo para nós e uma luzinha azul brilhante começou a se formar.

- Se não aparecer, as duas morrem. – Disse ela esboçando um sorriso.

Fiquei aflita. Olhava para todos os lados. Eu não sabia quem é que estava por ali, só rezava para que parasse de atiçar a bruxa, pois não queria morrer, e não estava gostando nada daquilo.

- Ninguém se manifesta? – Perguntou ela colocando a outra mão na cintura.

- Está bem. – Disse ela soltando um raio de seu dedo.

Foi tudo muito estranho...

Quando ela lançou o raio, Minha cadela pulou do meu colo, um vulto branco passou na minha frente e me protegeu do ataque, que resvalou e voltou para ela, fazendo-a explodir. Então, tudo ficou escuro, a fogueira não estava mais ali, a lua voltou a iluminar e eu vi tudo girar. Pensei em Madame Pompom, mas tudo que vi, foram dois olhos brancos a me fitar...

Quando a magia se revelaOnde histórias criam vida. Descubra agora