Parte dez - Conversas estranhas

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No dia seguinte, acordei bem, ainda estava espantada com o fato de ter visto uma fada e um anjo perto da minha casa, mas esse fato passou despercebido, no momento em que notei que tinha uma colega de quarto.

A cortina que separava a cama estava aberta, então pude ver um homem loiro, sentado de frente para a garota, também loira, e eles pareciam estar tendo uma conversa muito séria. Pude captar só alguma coisa de fada, seres com asas, ou devorador numa tempestade. Na verdade não entendi muito bem.

Duas enfermeiras entraram no quarto e começaram a examiná-la, o horário de visita acabou, nossos pais foram embora e ficamos em silêncio, olhando para o teto, e então não aguentei e começamos a conversar.

-Ei! – Tentei chamar a atenção da garota que parecia preocupada e com o pensamento longe.

Ela, por sua vez, olhou para mim um tanto surpresa e assustada e me respondeu:

- Oi.

- Então você foi atingida por um raio? – Perguntei achando toda aquela história incrível.

- É o que parece. – Respondeu ela não demonstrando muita confiança.

- E os seres de asas estranhas que você falou que viu antes de o raio cair?

- O quê? Seres? – Perguntou ela um tanto assustada e incrédula.

- Sim! – Respondi. - Seres com asas. Será que não eram anjos, ou quem sabe fadas te protegendo?

Ela fez uma cara de que não acreditava no que eu acabara de dizer.

- Anjos? Fadas? Acho que eles ficam melhores em contos de fadas ou em ficção juvenil. – Exclamou ela com um sorriso amarelo.

Pensei por um momento em contar para ela sobre o que eu vi talvez ela acreditasse em mim. Estava um pouco desconfiada, mas de alguma forma, eu sabia que poderia confiar nela, pois ela também tinha aqueles pontinhos brilhantes voando ao seu redor.

- Sabe. – Exclamei tentando me ajeitar de forma que ficasse confortável para conversar com ela. – Qual é o seu nome?

- Laryssa. – Respondeu ela.

- Prazer. Eu me chamo Carola, mas pode me chamar de Carol.

- Está bem Carol... – Respondeu ela terminando a frase com uma risadinha.

- Pode rir, sei que meu nome é engraçado, até eu rio de mim às vezes.

Comecei a ficar mais animada falando com ela. Não tinha irmãos, e nem muitos amigos de minha idade, a não ser talvez, o garoto do colégio militar que ficava perto de minha casa, Marlon, acho que esse era o nome dele. Na verdade, nunca nos falamos bem, apenas nos encontramos algumas vezes nos dias em que eles eram liberados da escola para ter o dia livre.

Com um pequeno esforço, consegui me sentar na cama, peguei a jarra de água e bebi um copo de água, amarrei meus cabelos vermelhos e sorri para ela.

- Sabe Laryssa, acho que pode ter sido um anjo ou uma fada sim, pois afinal, é por causa deles que eu estou aqui. – Confessei para ela, sorrindo e balançando as pernas para frente e para trás.

Ela pareceu ficar preocupada.

- Você foi atacada por alguém? – Perguntou ela em tom estranho.

- Não, não foi isso. Tudo aconteceu quando eu vi uma fada voando perto de minha janela, achei um pouco estranho, pois ela não era tão pequenina como eu imaginava, mas tinha o nosso tamanho!

- Não me diga! – Exclamou ela com surpresa.

- Sim! – Concordei. – Então fui correndo pegar meu celular para bater uma foto, ela tinha umas asas de borboleta na cor vermelha e era linda! Mas então, ela me lançou uma flecha, que iria me atingir, não fosse o anjo que parou em minha frente, explodindo o objeto e me defendo do ataque. Ele então lançou um pequeno raio branco e fez a fada recuar.

Ela então fugiu e ele foi atrás dela.

Fiquei um momento em silêncio, tentando me lembrar do acontecido, parecia que eu estava me esquecendo de algo, mas minha cabeça estava muito confusa, eu não conseguia encaixar as peças, mas acho que contei tudo, é, acho que sim.

- E o que você tem a ver com isso? – Perguntou ela perplexa, ainda esperando eu contar o resto da história.

- É que eu tentei filmar toda a ação, mas como sou muito desajeitada, caí da janela.

Ficamos um pouco em silêncio, ela balançou a cabeça, tentando arrumar as idéias e então disse:

- Você não para num hospital por cair da janela de sua casa...

- A não se que ela fica no segundo andar. – Interrompi com um sorriso no final. – E eu sobrevivi! Isso não é incrível?

- É... – Respondeu ela meio perplexa.

Ela então bocejou, parecia estar cansada, mas como eu já estava confessando algumas coisas para ela, quis apenas finalizar o assunto.

- Sabe, Laryssa, minha mãe sempre me desencorajou a acreditar em qualquer tipo de coisa relacionada à magia e seres fantásticos, mas sei que eles existem.

Parei por um momento, pois não queria assustá-la, mas vendo que ela estava atenta, continuei.

- Sei que para muitos é loucura, mas eu sei o que vejo, além do mais, desde que você chegou aqui no meu quarto, pude ver os brilhos cor de rosa que a cercam... – E não consegui mais falar nada, pois o cansaço me dominou e então eu caí no sono...

Quando a magia se revelaOnde histórias criam vida. Descubra agora