Cidade Mística

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   Maycon desaparecerá em seis de agosto, em 2017. Hoje, completava um ano, sem respostas.
O pobre garoto havia sumido de uma hora para a outra, sua família lembrava-se perfeitamente do dia, das roupas que ele vestia e de suas últimas palavras. Porém, na escola, poucos sabiam quem era Maycon, alguns juravam que nunca o tinha visto, outros falavam que faziam meses que não viam o menino.
A polícia não tinha nenhuma pista. Logo arquivaram o caso. Só restavam o vazio, a dor da ausência, a angústia e a maldita esperança.

Não havia ninguém naquele pacato lugar que soubesse a verdade, ali era uma cidade mística, e essa era a tragédia.
A escola, assim como o lar e principalmente a rua, poderia ser intimidador, para alguns. Para o pequeno Maycon, era. O menor em sua turma e o mais inteligente, ignorado por todos, até mesmo pelos professores.

Se ninguém te vê, te escuta, você realmente existe?
Depois de pensar bastante, Maycon achava que não e isso o magoava tanto que a angústia lhe consumia por dentro, como vermes. Ele era sensível, sentia demais, se importava demais e desejava tanto ser outra pessoa, que aos poucos foi deixando de ser quem ele realmente era.
Queria ser amado, queria ser gostado, ser popular, ser alto, ser alguém de quem todos sentiriam falta, queria existir.

Mas era uma cidade mística, seus desejos mais profundos eram realizados, porém, não como você gostaria, nada acontecia assim. No fim, ele ainda estava ali, caminhando pelos corredores, respirando e chorando, no entanto, ninguém podia vê-lo, agora ele era mesmo invisível.

Quem conta um conto aumenta um PontoOnde histórias criam vida. Descubra agora