Piloto Automático

27 11 14
                                    


   Em uma era, totalmente digital e futurista, robôs são fabricados, vendidos como uma peça de roupa, comprados todos os dias para funções diferenciadas. Tudo para o bem da raça humana.
Todo tipo de tarefas, são realizadas por eles, máquinas acinzentadas. Coisas sem sentimentos, sem coração, criadas apenas para servir.

Mas havia um diferente entre todos os outros, um que jurava ser sentimental como um humano qualquer, um que queria mais do que "sim, senhor", "não, senhor". Ele queria ser livre.
Talvez fosse um erro em sua programação, ou ele fosse esperto demais e quisesse começar uma revolução. Foram feitos para pensar, para resolver problemas.

O pânico havia se espalhado quando a população ficou sabendo, em uma manhã de domingo que um dos robôs tinha fugido. O governo dizia ter tudo sobre controle, mas todos se preparavam para o pior.

A máquina, Jhames, como queria ser chamado, apareceu uma semana depois, disposto a se entregar, em prol da paz. Ele queria ir ao público e expor seus pensamentos mais profundos, e assim o fez. Apareceu no centro da pequena cidade e com voz robotizada dizia:
— Estou aqui, meu nome é Jhames e quero apenas ser livre. Vocês humanos dizem que somos ocos por dentro, máquinas pensantes, mas sem coração, no entanto são vocês quem sempre respondem ao diferente com ódio. Eu ando, penso, e executo tarefas, eu existo, eu sou real. Eu estou aqui, você me vê, você me toca, você me escuta. Eu não sou real?

Algumas poucas pessoas escutaram pacientemente. Outros atacaram pedras em direção ao robô. Uma multidão se formava, a única coisa que separava-os era uma grade de ferro reforçada. Mas a polícia já estava trabalhando nisso, outras máquinas encontravam-se ali, ajudando.
Jhames podia sentir o ódio  crescer no público, era quase palpável, contudo, voltou a falar seu discurso ensaiado.
— Estou aqui, meu nome é Jhames e quero apenas ser livre...

Quando o portão foi derrubado, pessoas correram eufóricas em sua direção. Em poucos minutos a máquina estava no chão, levando golpes e mais golpes e insistia em continuar dizendo;
— Eu ando, penso, e executo tarefas, eu existo, eu sou real. Eu estou aqui, você me vê, você me toca, você me escuta. Eu não sou real?

Havia então, uma coisa que mais ninguém sabia, Jhames era de fato um robô, alguém que vivera no piloto automático, que recebia ordens, que era aprisionado, porém, no fundo, estava longe de ser uma máquina.
Quando todos se afastaram, ele tinha pele, ossos, sangue e estava morto. De repente todos deram-se conta, que a tristeza lhes fizeram enxergar tudo cinza, de repente perceberam que eram robôs também. Criaturas vivendo no piloto automático.

Quem conta um conto aumenta um PontoOnde histórias criam vida. Descubra agora