Atemorizada

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   Rebeca acordou sentindo o ar que inspirava queimar seus pulmões, por alguns segundos ela prendeu a respiração desesperada, mas logo seu corpo agiu instintivamente, buscando por sobrevivência, fazendo então o ar entrar no seu corpo normalmente. Foi nesse exato momento que ela percebeu, o lugar estranho onde se encontrava, a jovem apertou os olhos tentando ver na penumbra, sua única aliada era a lua que impedia o quarto de estar na completa escuridão, no entanto era algo passageiro.
Ela olhou para os lados assustada, sufocando um gemido. Nada naquele cômodo vazio lhe era familiar. O silêncio sepulcral trouxe um leve tremor em suas mãos.
– Você acordou mais cedo do que eu esperava...
A voz vinha de dentro do cômodo, mas ela não conseguia dizer de onde. Olhou para os cantos escuros e perguntou baixinho, temerosa:
– Quem é?
Ele se aproximou saindo de um canto escuro. Rapidamente Rebeca foi atingida pela recordação, lembrava-se daquela feição pálida e corpo robusto.
– Vo-você é o ca-cara do bar – disse gaguejando. – Trocamos olhares durante a noite toda, mas você foi embora antes de mim.
– Bingo! – ele retrucou sorrindo. – Mas eu esperei por você do lado de fora e te dei uma carona, lembra?
Ela negou com a cabeça.
– Por que estou aqui? – a garota questionou alarmada – Você vai me matar?
– Não. Eu gostei de você, e vou te dar uma chance de sair ilesa – o homem falou animado. – Estamos em uma cabana na floresta, eu vou abrir a porta e você só precisa fugir, correr o mais rápido que você puder, se conseguir chegar até a estrada, você está salva.
– E-e se eu na-não conseguir?
– Então você estará morta.

Alguns segundos depois e a porta foi aberta, como prometido. A garota então girou os calcanhares e se colocou a correr o mais rápido que podia, mas tinha a constante sensação de ter uma respiração quente em sua nuca, parou algumas vezes e olhou para trás e estreitou os olhos sem nada enxergar. Seu coração batia tão forte que poderia ser confundido com diversos tambores.
– Bem atrás de você.
Ela se virou novamente, vendo desta vez, um par de olhos avermelhados lhe fitando, como chamas ardentes, acompanhados de presas assustadoramente afiadas e tão brancas que pareciam brilhar.
Rebeca tentou gritar, mas tudo aconteceu muito rápido; a mordida no pescoço, o líquido viscoso e escarlate escorrendo, a dor terrivelmente paralisante. Naquele momento ela desejou uma morte rápida, mas tudo isso era apenas o começo de uma nova e eterna jornada. Sangrenta, assassina e solitária.

Quem conta um conto aumenta um PontoOnde histórias criam vida. Descubra agora