Capítulo 1

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Catarina

Catarina encostou-se à janela traseira do automóvel enquanto imaginava como iriam ser as próximas horas assim que chegasse ao Estádio do Dragão.

Saltou para fora do carro assim que este parou, dirigiu-se à mala do carro e retirou de lá a sua mochila, confirmou que tinha tudo o que necessitava e despediu-se dos pais, dirigindo-se ao estádio a correr , eram nove da manhã.

Estava convencida de que mal lá chegasse, seria capaz de encontrar as suas amigas como planeado, mas ao ver a imensa multidão aglomerada na "fila" para o seu relvado, o relvado A, entrou em pânico. Pegou no telemóvel e telefonou às suas amigas, mas para alem de não as conseguir ouvir , o denso aglomerado de de gente à sua frente não a deixaria passar.

Tentou ultrapassar uma ou outra pessoa, mas aquilo estava complicado, a multidão aumentava a cada minuto, Catarina sentia-se como uma sardinha em lata. A muito custo, conseguiu chegar à grade que separava a fila para o relvado A da do relvado B e respirar mais livremente.

Passado um pouco, já tinha podido socializar com algumas directioners e divertir-se um pouco, no entanto, Catarina sentia que estava a ficar desidratada, pelo que agarrou na sua garrafa de água e bebeu uns goles. Depois de arrumar a garrafa na sua pasta, as outras fãs começaram a berrar, desorientada, pôs-se em pontas de pés para tentar perceber o que estava a acontecer. Os bombeiros encharcaram os fãs com uma enorme mangueira e os guarda-chuvas que estavam abertos para tapar o sol foram fechados para receber a bendita chuva, e os fãs batiam entusiásticas palmas de agradecimento mal os bombeiros passavam.

O alívio que a água fresca lhe trouxera passou num instante, o seu corpo começou a ficar mole e sem forças, e Catarina agarrava-se às grades o melhor que podia, meninas ao seu lado perguntavam-lhe se precisava de algo mas ela negava sempre.

Mais chuvas vieram, contudo, Catarina mal era capaz de se suportar nas grades. Na esperança de recobrar forças, tirou da pasta uma sandes e a sua garrafa de água, já quente, e comeu e bebeu, primeiro com cautela e depois vorazmente, acalmando um pouco o aperto que sentia no estômago.

Catarina começou a ver meninas pálidas a serem carregadas para longe da multidão pelos seguranças, e o ataque de ansiedade que ela tentava manter à margem rapidamente se desencadeou. Zonza, com o coração aos saltos e ainda agarrada à grade, deixou-se cair pesadamente no chão de pedra e começou a chorar com dolorosos soluços. Estava por sua conta e não se sentia nada bem entalada contra as grades, demasiado quente e abafada.

Raparigas à sua volta tentaram ajudá-la, mas Catarina, esgotada, tropeçou de novo para cima da grade enquanto tentava pôr-se em pé. A menina ao seu lado solicitamente berrou pelos seguranças, pedindo auxílio, Catarina começou a perder os sentidos quando foi pegada ao colo por alguém. Confortavelmente envolvida nuns braços suaves e fofos - imensamente suaves e fofos - calculou que fosse um segurança, mas foi incapaz de abrir os olhos.

[...]

O seu corpo repousava em algo mole e ela sentia-se pesada, rígida, afundada. Vozes murmurando numa língua apenas semi-familiar chegavam até ela, porém, encontrava-se ainda demasiado tonta para decifrar o que quer que fosse. Tentou abrir os olhos, e devagarinho, lá conseguiu. Virou-se para tentar perceber onde se encontrava, e pôde apenas constatar que na rua não era. Aflita, levou a mão ao bolso das calças e agarrou no seu telemóvel para ver as horas; eram 18h30min - o concerto estaria a começar e ela não sabia sequer onde estava. Voltou a sentir vozes, e desta vez distinguiu um inglês com sotaque carregado, talvez britânico. Sem se levantar, virou-se na direção do som, mas não viu ninguém. Decidiu gritar por ajuda.

- HELP! - ela gritou, com uma voz roufenha, esperando que os "ingleses" a ouvissem.

Uma porta abriu-se e um homem de barbas apareceu.

- Sentes-te melhor? - ele perguntou em inglês, o seu sotaque era estranho e artificial, parecia tentar imitar algo.

As suas barbas eram ruivas e crespas, usava umas jardineiras por cima de uma camisola com a palavra "STAFF" estampada, a sua barriga era farta e os seus braços gordos pareciam deformados, era um homem realmente estranho.

- Preciso de voltar para o estádio! - gritou, ansiosa, e sentiu as lágrimas virem-lhe aos olhos - Não quero perder nem um pedacinho deste concerto, por favor! - Catarina argumentava histericamente com o segurança no melhor inglês de que foi capaz.

- Não vais perder, juro, mas não podes voltar para ali - ele avisou, e o seu sotaque mudou novamente.

Catarina franziu o sobrolho, começava a achar que aquele homem era algum maluco psicopata com a querer aproveitar-se dela, e começou a recuar à medida que ele se aproximava.

- QUEM ÉS TU? - ela berrou-lhe.

Ele simplesmente soltou uma gargalhada que lhe era extremamente familiar, e Catarina deduziu que estava sob o efeito de alguma droga que aquele homem lhe dera quando ele começou a arrancar a sua pele pedaço por pedaço, incluindo a sua barba, revelando uma pele branca e corada e um sorriso perfeito, revelando uns olhos azuis profundos e um cabelo loiro agora despenteado - certamente estava a alucinar.

- Então, que achas dos meus músculos? - levantou os braços deformados e Catarina riu, desconfiada. - O meu nome é Niall Horan, e o teu? - Niall sorriu.

- Eu sei o teu nome! - ela exclamou, envergonhada.

- Mas eu não sei o teu - ele piscou o olho.

- Catarina, chamo-me Catarina, - ela sorriu mais. - Quem me trouxe para aqui? - ela inquiriu.

Is this love?? |H.S./N.H.| (SLOW UPDATES)Onde histórias criam vida. Descubra agora