Aquele que a viu corar

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Por alguma razão, Lucas se sentiu bem por ter dito o que estava pensando para Mei Ling, e também se encontrou surpreso em sentir atração por ela no shopping, mesmo que não fosse a primeira vez. Já havia visitado a garota em inúmeras ocasiões, assim como as festas que sua família fazia, contudo nunca teve coragem de confessar à garota o quão bonita ela era. Talvez pensasse que Mei Ling riria ou se afastaria dele, além do possível medo de passar a ideia errada, se é que realmente estivesse errada. Entretanto, ele sabia como as mulheres ficavam felizes ao serem elogiadas, além de que havia a deixado chateada.

Naquele dia, inexplicavelmente, Lucas não conseguiu tirar Mei Ling de seus pensamentos, mas não por sentir algo de diferente e sim por estar preocupado em magoá-la. Ele tinha conhecimento de que a garota passava muito tempo sozinha com os pais trabalhando sem parar, e por estar mais preocupada com os estudos, acabava esquecendo de fazer amigos, ou melhor, amigas. Enquanto pensava, nem viu o tempo voar.

Na manhã seguinte, como combinado, Yan ficaria em casa ajudando a senhora Huang enquanto Lucas iria ao colégio. O mais alto estava se vestindo quando recebeu uma mensagem repentina no chat do grupo dos colegas de classe.

— Um aluno novo...? — quase caiu por estar vestindo as calças e prestar mais atenção na tela do celular — Bom, pelo menos as provas já acabaram. Sorte dele.

Lucas não se interessava muito nessa curiosidade que os outros tinham a respeito de alunos ou professores novos, muito menos de rumores, contudo sentiu algo estranho e não soube bem explicar o que era. Quase como um pressentimento, porém preferiu fingir não ligar e tratou de se arrumar logo, seria um problema chegar atrasado outra vez, iria pegar detenção com toda certeza.

— Yan, eu já te disse, você não pode ir comigo para a escola. — levou a alça da mochila aos ombros pronto para calçar seu tênis.

— Um local de aprendizado é ótimo para ampliar minha base de dados. — com os cabelos presos em duas tranças, a garota robô tocou brevemente o braço de Lucas.

— Não é por isso. — suspirou, mas acabou sorrindo — E se der a louca em você? Ficar com os olhos vermelhos, querer dominar o mundo, matar meus amigos. Tudo pode acontecer. E se te molharem? Não sei como você brotou do meu computador, mas não me lembro de ter tecnologia o suficiente nele para você ser à prova d'água. Pode chover, então fique em casa, é mais seguro.

— A previsão de hoje confirmou um céu limpo e ensolarado. — ela persistiu, parecia animada para ficar ao lado dele.

— Mãe, você bem que podia me ajudar...

A despedida, por incrível que pareça, foi difícil aquela manhã. Lucas teve de explicar toda a situação novamente para Yan enquanto sua mãe buscava afazeres para deixar o robô ocupado, seria um problema se fugisse de casa e procurasse o garoto pelas ruas de Hong Kong. Perdeu alguns minutos, todavia não chegaria atrasado, calculou os possíveis imprevistos antes de dormir na noite passada e estava muito bem preparado para aquele dia. Foi o que Lucas achou, até chegar no colégio.

Normalmente a sala de aula não era tão barulhenta nas segundas-feiras, porém os cochichos estavam em pouco tornando-se discursos dos oradores de turma nas formaturas. Lucas estava impressionado, contudo não sabia se era mesmo surpresa o que sentia, ou se na verdade era medo. Acabou que ficou curioso também e apoiou-se em sua mesa para entrar na conversa dos colegas que estavam mais à frente.

— Do que tanto conversam? — puxou a atenção para si.

— Do novato, cara. — o mais alto respondeu confuso — Não vai me dizer que não ficou curioso com uma ficha daquelas?

— Do que está falando...? Por que tanto interesse em um garoto novo? — fez um bico se encostando na cadeira já desinteressado novamente.

— Ele é impressionante, virar amigo dele é prioridade! — os três que conversavam concordaram fazendo caretas à Lucas.

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