Um tropeço pelo avesso

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No breve instante que levou Lucas a compreender o que havia acabado de acontecer, Mei Ling via-se apertando firmemente o tecido da camiseta de seu uniforme escolar. De olhos arregalados, o garoto afastou rapidamente Yan de si, livrando-se assim também do abraço da garota.

— Não, não, espera! — ergueu as mãos num pedido desesperado se levantando da cama — Você entendeu errado! — agora fitou Yan exasperado — Você também entendeu errado!

Mei Ling mordeu o lábio em frustração ameaçando ir embora, com isso Lucas alcançou seu braço se deparando também com Mark que, não havia visto nada e, se aproximava no corredor.

— Espera! Não é o que... Você está pensando... — assim que segurou a garota, ela o encarou com lágrimas escorrendo dos olhos.

Mark, confuso e aflito, parou na metade do caminho ao ver a amiga chorando mais uma vez.

— Não estou pensando em nada Lucas, não preciso pensar já que vi acontecendo. — puxou seu braço para se libertar do mais alto e com passos rápidos ir embora.

— O que aconteceu? — a expressão de Mark era uma mistura de nervoso com preocupação.

Após assistir a cena, Mark não soube bem o que fazer. Encarou Lucas brevemente, em um pedido de explicação, lançando olhares para Mei Ling que partia velozmente até que, por impulso em conjunto de um suspiro irritado pela falta de respostas, foi atrás da garota. Lucas mantinha-se logo atrás, pronto para alcançá-la e esclarecer a situação, porém Yan tocou levemente seu braço chamando sua atenção.

— Cometi um erro...?! — os olhos preocupados transbordavam arrependimento — Me desculpe, por favor, não fiz por mal...!

— Yan agora não é hora pra isso, eu tenho que ir...!

Se pôs a correr atrás de Mark e Mei Ling, contudo ao chegar do lado de fora, ambos os dois amigos já haviam adentrado o carro. O motorista deu partida. Lucas se esforçou para que parassem, contudo em vão, os dois nem ao menos olharam para trás. Lucas não os culparia. Ofegante observou o carro contornar a esquina com as mãos sobre os joelhos. Bagunçou seus cabelos em frustração. Seu coração pesava e tinha vontade de gritar, entretanto por fim ele apenas retornou para casa sem pressa alguma.

— Xuxi querido, seus amigos já foram?

— Sim... Mei Ling está de castigo...

Não queria que sua mãe soubesse o que havia acontecido.

— Foram tão rápido, que pena... Nem pude oferecer nada para os pobrezinhos comerem... Ah é mesmo, o outro menino... Mark, isso, deixou seus deveres em cima da mesa. — depois de apontar o local exato, ela retornou para seu quarto.

Na metade do caminho, Lucas cruzou olhares com Yan que ainda parecia pesarosa e inibida. Ela quis falar algo, porém Lucas negou com a cabeça.

— Você entendeu errado, não é sua culpa. — suspirou — Mas não faça isso de novo... Nunca mais.

— Sinto muito... — ela abaixou a cabeça.

— Eu também.

E então ele voltou para o seu quarto fechando a porta com lentidão.

Yan permaneceu na sala. A forte sensação de culpa caía em seus ombros e novamente um sentimento de dor buscando uma saída lhe atormentava. Todavia, robôs não podiam chorar e ela teria de lidar com isso sozinha.

O clima dentro do veículo estava desconfortável. Mark não tinha certeza do que havia acontecido, ver Mei Ling sofrer lhe deixava triste e agoniado. Buscou inúmeras formas de abordar a garota, contudo encontrava-se receoso em pressioná-la com perguntas.

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