Roda Gigante

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Após receberem a confirmação dos colegas de Lucas, que iriam dar presença para os três no ônibus escolar, Mark e Mei Ling iniciaram a operação Conquistar Xuxi. O primeiro passo seria torcer para o dinheiro que tinham ser o suficiente para entrarem no parque de diversões, além de darem um fim nas jaquetas com o logo do colégio. Para isso, fizeram um embolado com as três jaquetas e as esconderam no arbusto alto próximo a entrada do parque.

Estava com um sol agradável e por ser um dia de semana, o parque não se encontrava muito cheio naquele horário, entretanto algumas famílias e casais eram bem evidentes ali. Mei Ling estava deslumbrada encarando todas as atrações com olhos bem abertos. Lucas viu-se desfocado por poucos segundos até enxergar o enorme sorriso da melhor amiga e então também alargar o seu.

— Onde quer ir primeiro? — Mark indagou.

O novo amigo entre eles estava quase satisfeito por ver as reações que a garota sem perceber tirava de Lucas, e para ele participar disso era extremamente clichê, porém foi um pedido do mais alto e Mark não queria acabar sem amigos outra vez.

— Vamos primeiro no splash! — a garota virou-se aos dois animada.

— Uma montanha russa logo no começo?! — Lucas levou as mãos à cintura.

— Não é bem uma montanha russa, é menor e tem água no caso... — Mark riu.

— Vamos aproveitar que está quente! Eu quero ir em quantos brinquedos pudermos já que nossa entrada quem pagou foi o Mark.

— Verdade, falando nisso esqueci que você era rico.

— Eu não diria isso, meus pais são ricos não eu. — pareceu desconfortável e respondeu rapidamente — Mas não vamos ficar aqui à toa, andem logo que a fila está pequena!

Lucas notou a forma como Mark fugiu do assunto e se colocou na defensiva tão rapidamente, o que foi estranho de fato. Contudo não quis perguntar por ver que era algo que o outro não gostaria de compartilhar agora. Seguindo Mei Ling, os garotos já estavam na fila do splash escutando os gritos abafados e animados dos outros que visitavam o parque.

— Vamos, é nossa vez! — ela correu na frente já sentando-se na primeira cadeira do carrinho.

— Ela é sempre assim animada? — Mark estava sorrindo sem notar.

— Você não faz ideia... — Lucas riu seguindo a garota e sentando-se ao seu lado.

Para Mark tudo estava correndo muito bem. Quem visse de longe, acreditaria que Lucas e Mei Ling eram na verdade um casal.

Assim que o brinquedo deu início ao seu passeio molhado, Mei Ling vibrava a cada descida veloz que o carrinho fazia enquanto Lucas agarrava com força o apoio de ferro com caretas sempre que a água lhe atingia. Já Mark, por outro lado, vibrava e ria como todos em volta. foi um início divertido eles diriam, mesmo que agora estivessem encharcados.

— Vamos em algo mais rápido agora! — Mei Ling corria como criança.

— Desse jeito você vai acabar colocando os bofes pra fora! — Lucas gritou à garota que já estava chegando na fila da montanha russa.

— Ela não vem muito aos parques, não é?

— Ela não tem tempo, e quando era criança os pais trabalhavam demais. Sempre ficou mais com uma babá em casa.

— Hm...

Lucas passou alguns minutos da aventura dos três observando Mark. Ele sorria vendo Mei Ling se divertir além de estar agindo como alguém diferente. Mark podia se divertir nas atrações em que ia e podia até mesmo mostrar que estava se divertindo, porém Lucas notou que no fundo seus olhos estavam tristes. Entretanto, Mei Ling somente notou que estava se divertindo mais do que dando atenção à Lucas após a tarde começar a dizer adeus. Para relaxar, Mark sugeriu a roda gigante. Já estavam cansados e visitaram quase todos os brinquedos do parque, apreciar a vista seria confortável.

— Que sorte a roda gigante estar com a fila quase vazia... — Lucas iniciou.

— Tem razão, porque estamos no horário em que isso aqui vai começar a lotar. Olha lá atrás. — Mark apontou.

Assim que Mei Ling fitou mais adiante, notaram que o parque estava mais movimentado agora durante o fim da tarde. Assim, uma fila maior passou a se alongar logo atrás dos três amigos.

— É, pelo horário faz sentido agora... É nossa vez, vamos meninos.

O celular de Mark passou a vibrar em seu bolso. Assim que reconheceu o número que o ligava, sorriu fraco aos dois.

— Preciso atender, vocês podem ir que eu espero aqui embaixo.

— Tem certeza? Você pode atender lá dentro da cabine. — não quis parecer curioso, visto que Lucas estava apenas preocupado.

— É algo que preciso fazer sozinho. — pela primeira vez Mark pareceu frio, mas logo sorriu — Não se preocupem, não é nada demais! Podem ir que estarei aqui.

E assim o fizeram deixando Mark para trás por aquele passeio na roda gigante. Enquanto os dois adentraram a cabine, o outro atendeu a chamada disfarçando qualquer expressão que pudesse ter.

— Alô...? — o tom baixo escondeu sua melancolia.

Enquanto Mark estava focado em sua conversa pelo celular, Mei Ling e Lucas se aconchegaram um de frente para o outro na cabine, esperando a chance de contemplarem a vista pelo vidro que os protegia da brisa do fim de tarde. Mei Ling sabia que seu coração estava acelerado e por isso tinha medo que Lucas pudesse escutar as batidas fortes que vinham de seu peito. Tentou fazer um esforço para encará-lo e conversar, contudo, se deparou com um Lucas de olhos distantes fitando Mark.

— Acho que ele está escondendo alguma coisa... — murmurou sem notar.

— Por que acha isso?

— Ah, por nada não. — Lucas soprou um riso e coçou a nuca voltando sua atenção à garota.

— Para mim está tudo normal... — encarou o outro ao telefone próximo a roda gigante.

— É, não foi nada demais, deixa quieto.

Com a tarde caindo, os últimos raios de sol tocaram a face dos dois ali sentados, logo Mei Ling foi pega pela vista que dava ao parque quase inteiro e um pouco da cidade mais adiante. Os olhos castanhos da garota se encheram pelo brilho do sol e tornaram-se cor de mel iluminando seu rosto juntamente com seu sorriso resplandecente. Para Lucas aquilo foi como admirar uma pintura recém-criada, o que lhe arrancou um sorriso e olhar fixo na garota. Saber que sua melhor amiga era bonita daquela forma nunca foi novidade para Lucas, entretanto algo pareceu diferente, uma vontade que ele não havia tido antes passou a tomar sua mente. Cogitou a ideia, mas se arrependeu no instante em que começou, pois, a timidez foi maior.

— Lucas...? — a garota corou.

Ele havia alcançado a mão de Mei Ling que repousava em seu colo e entrelaçou seus dedos aos dela. Não havia como voltar atrás agora que já havia feito, porém para isso Lucas decidiu dizer tudo que estivesse pensando naquele calor do momento.

— Obrigado por me apoiar mais cedo e... Sinto muito por gritar com você. Eu não gosto quando dá atenção para outras pessoas e me deixa de lado. Acabei gritando ao invés de conversar. Me desculpe por isso.

— Mas eu também...

— Eu sinto que estive falhando com você, mas agora eu quero fazer a coisa certa. Por isso eu vou ser direto... Estou confuso.

Mei Ling entendeu o que ele quis dizer, mas teve medo se apegar a uma verdade que ela poderia ter compreendido errado.

— Com o que está confuso?

— Mei Ling, me diga... Você gosta de mim?

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