The Restart

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Entro no avião, indo direto para o meu assento. Através da pequena e redonda janela do avião consigo ver a minha cidade se distanciando conforme o avião levanta vôo. Pego os meus fones de ouvido e coloco em uma música, encosto a minha cabeça na poltrona.

Minha viagem até Seoul não durou mais que um dia, às horas pareceram correr, eu estava feliz e animado por chegar finalmente em Seoul. Sai do aeroporto sem saber onde ir, o céu ainda estava escuro pela madrugada, pego um táxi e peço para ele me levar para um hotel qualquer.

Entrando no prédio, vou em direção à atendente e peço um quarto, quando recebo a chave do quarto, agradeço mentalmente pela hospedagem ser barata, eu não tinha condições de gastar tanto. Quando chego no quarto, jogo minha mala em um lugar qualquer e simplesmente afundo na cama, eu precisava de um descanso.

No dia seguinte eu acordei quase umas 5 horas da tarde, levantei da cama e fui para o banheiro. Quando eu estava de saída, meu celular começou a tocar dentro da minha mochila, quando consegui encontrar o bendito, a ligação tinha sido perdida. Retorno o número e não demora muito até atenderem, ouço um "Como foi a viagem?" dos meus pais, eu sorrio com aquilo. Conto tudo que podia e a conversa com eles acaba levando horas. Desligando a ligação, guardo o meu celular no bolso e saio para conhecer o lugar.
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Três semanas se passaram em um estalar de dedos. Após muito andar, eu consegui alugar um pequeno - minúsculo - apartamento no centro da cidade, não era muito mas era uma evolução.

Já fazia uns dias que não mandava notícias para os meus pais, eu fiquei receoso de falar o quanto parecia perdido, meu sonho parecia cada vez mais distante e eu não queria preocupar ninguém com os meus problemas, afinal foi o que escolhi.

Saio do meu apartamento na mesma hora de sempre, caminho até a esquina não muito longe do meu prédio, arrumo as cordas do meu violão e começo a cantar umas músicas que tinha ensaiado no dia anterior.

As pessoas que passavam por ali pareciam gostar da minha voz, eu ficava muito grato por cada centavo que eles colocavam no meu copo. Já era mais de 8 horas da manhã e aquela esquina estava ficando mais movimentada. Era o momento certo para eu tentar mostrar os meus trabalhos originais.

Pela primeira vez desde que eu comecei a cantar naquela esquina, eu recebi uma atenção especial de uma garota. Ela passava todos os dias por ali, por incrível que pareça ela sempre deixava umas moedas pra mim, não era muito mas me ajudava. Eu estava a cantar uma música própria, se chamava "Don't Forget". Eu tinha escrito essa música em uma das minhas primeiras desilusões amorosas, eu simplesmente não conseguia parar de olhar para a garota, quando terminei ela veio até mim e elogiou a minha voz, damdo um lindo sorriso ela voltou ao seu caminho de sempre.

Ao anoitecer voltei para o meu prédio, caminhei pelo saguão mas logo fui chamado pelo gerente do lugar, ele pedia para que eu pagasse o aluguel, mais uma vez eu dizia a ele que na próxima semana pagaria, essa desculpa já estava velha mas era a única que tinha. Minha cabeça poderia explodir de dívidas, mas nesses momentos quando estava cheio de tudo, a única coisa que eu conseguia fazer para me acalmar era música. Deixo tocando uma música qualquer no meu celular, sento na pequena mesa perto da janela, pego um papel e passo a madrugada escrevendo uma música nova.
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Era o meu momento de cantar a música que fiz no dia anterior, eu até que estava animado afinal era uma música nova. Comecei tocando com o meu violão e depois fui cantando pequenos trechos da música, fechei os meus olhos para me concentrar mais. Ao acordar para a realidade, vi uma pequena plateia na minha frente, alguns começam a bater palmas e eu só conseguia me sentir feliz com a reação.

Alguns minutos depois do término da minha música, as pessoas colocaram algumas notas no meu copo e continuaram seus caminhos. Ao me virar por um momento, um cara qualquer surge pegando o meu copo com o dinheiro e sai correndo. A primeira coisa que eu faço é colocar o violão nas costas e correr atrás do desconhecido. Começo a gritar para que o homem parasse de correr, quando chegeui perto pulei nas costas do cara fazendo nós dois cairmos no chão, começando uma briga no meio da rua pelo copo ridículo do Homem-Aranha, sentindo uma mão no meu ombro, me viro para a pessoa e vejo a farda de policial e o distintivo brilhante que me faz perceber o quanto estava ferrado.

Ainda bem que você está aqui, esse idiota estava tentando roubar o meu dinheiro. - O homem que havia me roubado fala e se levanta do chão

Eu? Ele que roubou de mim! - Olho para o policial

Eu não quero saber, os dois vão para a delegacia agora!

Coloco as mãos na cabeça, eu realmente não poderia ser preso.

Na delegacia, sou colocado em uma cela separada do outro cara, sentado no banco do lado de um desconhecido tudo que eu podia fazer era respirar fundo.

Eu já vi você. - O garoto do meu lado saltou ainda me analisando

Mas eu nunca vi você. - Me afasto um pouco

— Você é aquele cantor de rua...você canta bem! - Ele sorri - Eu sou Jaehyeong, o que fez você parar aqui?

Primeiro, obrigado. Segundo, eu não sei se deveria me apresentar a você, já que ambos estamos presos. Terceiro, eu não fiz nada!

Todos dizem isso, mas todos têm uma parcela de culpa...

Jaehyeong se levanta e pede uma ligação, ele sai da cela por um momento. Olho no relógio da parede e já eram mais de cinco da tarde, eu já estava naquela cela á mais de três horas, eu não seria solto tão cedo.

Lee Jae Hyeong? - Um policial abre a porta da cela — Pagaram a sua fiança, pode ir!

Amém, Yuta! - O garoto grita - Vejo você depois. - Ele olha pra mim e sai

Minutos depois o mesmo policial volta e abre a cela, fico olhando para o homem, até que ele grita para eu sair. Do lado de fora da delegacia, Jae  estava parado ao lado de um garoto, parecia apenas me esperar, ele sorri quando me aproximo.

Tente não ser preso outra vez! - Jae entra no carro, com a cabeça pela janela ele sorria - Você tem que aprender a lidar com essa cidade. Só existem dois tipos de pessoas aqui.Os inteligentes e os idiotas... não seja um dos idiotas. - Fechando a janela, o carro vai embora e eu fico parado em frente a delegacia

Sound of the heartOnde histórias criam vida. Descubra agora