Capítulo 11

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Thor tentava despregar os olhos, desorientado, perguntando-se onde estava. Ele estava deitado no chão, sobre um monte de palha, seu rosto de lado, seus braços dobrados sobre a cabeça. Ele levantou seu rosto, limpando a baba da boca e imediatamente sentiu uma pontada de dor na cabeça, bem detrás dos olhos. Era a pior dor de cabeça da sua vida. Lembrou-se da noite anterior, o banquete do rei, a bebida, seu primeiro trago. A sala estava girando. Sua garganta estava seca e naquele momento ele jurou que nunca mais na vida iria beber.

Thor olhou à sua volta, tentando achar seu rumo no quartel cavernoso. Em todos os lugares havia corpos deitados sobre montes de palha, por todos os lados se ouviam roncos. Ele olhou para o outro lado e viu Reece a poucos metros, desacordado também. Foi então que ele percebeu: ele estava no quartel. O quartel da Legião. Todos os que estavam ao seu redor, eram jovens da sua idade, cerca de cinquenta deles.

Thor lembrava-se, vagamente de Reece mostrando-lhe o caminho, nas últimas horas da noite, e caindo sobre o monte de palha. Os primeiros raios da manhã atravessavam as janelas abertas e Thor logo percebeu que ele era o único que estava desperto. Ele olhou para baixo e viu que havia dormido completamente vestido, estendeu a mão e passou-a pelo seu cabelo oleoso. Ele daria tudo por uma chance de se banhar — embora ele não soubesse onde. Ele também faria qualquer coisa por um copo d'água. Seu estômago roncava— Ele também queria comida.

Tudo era tão novo para ele. Ele mal conhecia o lugar onde estava, mal sabia para onde a vida o conduziria logo depois, qual era a rotina ali na Legião. Mas ele estava feliz. Tinha sido uma noite deslumbrante, uma das melhores de sua vida. Ele tinha encontrado um amigo íntimo em Reece e tinha surpreendido Gwendolyn olhando para ele uma ou duas vezes. Ele havia tentado falar com ela. Mas cada vez que ele se aproximou dela, sua coragem lhe falhou. Ele sentia uma pontada de tristeza quando pensava nisso. Sempre havia muitas pessoas ao redor. Se fossem apenas os dois, ele teria ganhado coragem. Mas haveria uma próxima vez?

Antes que Thor pudesse terminar o pensamento, houve uma batida súbita nas portas de madeira do quartel e um instante depois elas foram abertas de par em par e a luz de inundou o recinto.

"De pé, escudeiros!" Ouviu-se a ordem.

Em marcha, uma dúzia de membros do Exército Prata do Rei entrou chacoalhando suas cotas de malha e batendo nas paredes de madeira com objetos metálicos. O barulho em torno de Thor era ensurdecedor. Em seguida os outros jovens se puseram de pé.

Liderando o grupo havia um soldado em particular, com uma aparência feroz, Thor o reconheceu, ele havia estado na arena, no dia anterior, aquele atarracado, careca com a cicatriz no nariz e que Reece lhe disse que se chamava Kolk.

Ele parecia estar encrencado com Thor, levantou o dedo e apontou para ele.

"E garoto, você aí!" Ele gritou. "Ei! Eu disse para ficar de pé!"

Thor estava confuso. Ele já estava de pé.

"Mas já estou de pé, senhor." Thor respondeu.

Kolk deu um passo à frente e esbofeteou o rosto de Thor. Thor sentiu uma pontada de indignação com isso, todos os olhos estavam postos sobre ele.

"Não responda aos seus superiores dessa maneira novamente!" Kolk repreendeu.

Antes que Thor pudesse responder, os homens se moveram, circularam pela sala, puxando um garoto após outro, obrigando-os a levantar-se e chutando nas costelas alguns que eram muito lentos para se levantar.

"Não se preocupe." Ouviu-se uma voz reconfortante.

Ele se virou e viu Reece ali.

"Não é pessoal nem é só com você. É apenas o jeito deles. Sua maneira de quebrar-nos."

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