Capitulo cinco
Lendas na fogueira
Deslizo para a direita novamente e escorrego. Estou antecipando a dor de cair de costas, mas isso não acontece. Caio nos braços dele agarrando seu pescoço e levando ele para o chão comigo.
Nos encaramos por alguns minutos. Ele sorri torto e eu apenas o encaro não acreditando no que fiz. É culpa minha eu estar nessa situação constrangedora. Ele estava em cima de mim e parecia estar se divertindo com a situação.
– E eu gostava de se alguém que você precisava. - Diz ele. eu não aguento as mudanças de humor dele. Primeiro ele é doce, por mais que nunca falasse quando me visitava ela parecia um menino muito gentil, depois ele vem com palavras intimidadoras e agora, ele volta a ser o garoto doce.
Ele me ajuda a levantar. Enquanto limpo minha calça jeans, percebo Rose nos encarando. Fico sem graça e coro. sinto o sangue subir as bochechas e dar cor a elas. Rose nos olhos curiosa. Ela parece estar procurando uma coisa para dizer.
– Eu vou dar os parabéns para quem capturou a bandeira; seja lá quem for. - Diz ela e depois acena e se afasta. Ela me deixou sozinha com ele. Droga Rose!
Tenho que me controlar. sou uma bruxa e não tenho ideia do estrago que posso causar. Uma Evoluta consegue alterar o clima e as emoções de quem quiser e não tenho controle sobre nada. Como eu queria estar com Lize e fingir gostar de suas piadas somente para sair daqui. Começo a andar, seguindo um grupo de campistas que seguem pelo mesmo caminho de Rose. Ele segura meu cotovelo e me para.
– Chloe eu...
– Não. Primeiro você controla meus sonhos me fazendo ter pesadelos horríveis, aparece em meu quarto e me segue por ai, Maitê disse que eu te chamo mas, eu não chamo! Segundo, eu não entendo sua mudança de humor e pra terminar eu nem sei seu nome! - Digo vacilando a voz. Eu estou olhando nos olhos dele e há tristeza neles e o sorriso que sempre estava ali, sumiu.
– Eu sei que tem motivos para não me querer por perto, mas, precisamos conversar. - Fala ele com uma calma que eu nunca achei que ele pudesse ter.
– Por que? Para eu saber que você me segue, pois é meu guardião? E para se desculpar por nunca ter falado uma palavra quando eu conversava com você? Durante meses, me viu sofrendo por tudo o que eu passei e eu... achei que você fosse uma alucinação bonitinha da minha cabeça. Eu não quero conversar. - Paro de falar para recuperar o ar. - E, eu não quero saber do que está me protegendo; não ligo pra nada disso.
Volto a andar, dessa vez pisando duro e acelerando com passos largos. Ele me chama e ignoro. Ele me chama outra vez e só para o caso de eu tentar criar chuva em cima dele e dar certo, viro-me.
– Me chamou de bonitinho? - Pergunta ele com um pequeno sorriso tentando aliviar a tensão. Reviro os olhos e recomeço a andar pela segunda vez. - A propósito, meu nome é Dylan! - Ele grita.
***
No fim da tarde, depois que minha raiva diminuiu, fiquei conversando com as meninas. Agradeci mentalmente por Rose não ter falado nada do que viu para Lize. A voz de Maitê ecoou pelo acampamento novamente.
"Boa noite Drakshadow! Hoje á noite, termos uma roda ao redor da fogueira e varias lendas serão contadas por convidados de fora. Estejam presentes as oito. "
Lize, Rose e eu trocamos olhares. Sei que elas estão pensando a mesma coisa que eu, pois sinto suas emoções e... Ouço seus pensamentos? Desde quando posso ouvir o que as pessoas pensão?
– Bem, são sete e meia agora. Temos que nos arrumar. - Disse Lize levantando-se de sua cama.
– Claro, você não vai querer que o Vincent te veja com essa roupa! - Rose provoca. Lize joga uma almofada nela e ela ri.
– Vincente? - Pergunto curiosa. Não me lembro de ter o visto com Lize ou de ter ouvido falar em seu nome.
– É o namorado da lize. - Responde Rose provocando de novo.
– Não é meu namorado! Quem me dera. - Argumenta Lize. Rose ri e eu acho engraçado o riso dela então, rio também.
Depois de nos arrumar, seguimos para a fogueira enorme na ala oeste. Há vários troncos de madeira em volta do fogo alto laranja amarelado. Me sento ao lado de Rose e logo as pessoas que vão contar as lendas se apresentam.
Os contadores são um grupo de quatro pessoas. Um mulher idosa, mas com uma energia e tanto. Um casal de meia idade e um garoto que parece ser filho deles. Ele deve ser humano e parece ter minha idade.
Ficamos umas duas horas ouvindo lendas de todos e qualquer tipo de sobrenaturais que existem. Havia uma que tinha chamado minha atenção. A lenda que explica o suposto surgimento das Evolutas. Agora sei que posso: Controlar emoções, ler pensamentos, sentir e ver coisas que ninguém mais pode ou consegue, controlar o clima - disso tudo eu já sabia-; mas, não sabia que poderia me colocar no corpo de outra pessoa e que também, meu sangue poderia trazer pessoas ou sobrenaturais da morte. Menos os vampiros, eles já estão mortos.
As lendas acabam e muitos aplausos preenchem o silencio misterioso e aconchegante da noite. O fogo estralava em alguns momentos dando efeitos nas palavras dos contadores.
– Muito bem pessoal! Agora, se vocês quiserem podem conversar com os visitantes. Mas, não abusem do tempo! - Disse Maitê.
– Eu estou cansada, vou voltar para a cabana. Você vem Rose? - Lize pergunta se espreguiçando. Nós três nos levantamos. Rose concorda e ambas olham para mim esperando que eu responda.
– Se importam se eu ficar? Eu quero perguntar uma coisa as contadores.
Elas dizem que tudo bem eu ficar e depois nos despedimos. Espero elas saírem de vista e procuro pela multidão um dos contadores. Todos que consigo encontrar, estão rodeados de campistas cheio de perguntas, algumas idiotas e algumas importantes. Encontro o homem parado me olhando. Caminho até ele sem a certeza de que quero descobrir o que eu posso fazer e causar a destruição de tudo ao meu redor.
– Olá. Eu sou, sabe, Evoluta. Durante uma das histórias, você disse que podemos assumir outros corpos?
– Sim. As Evolutas podem. Mas, isso é perigoso, pois, quando assumimos outro corpo, a alma do mesmo tem que ir para outro não? Não pode ficar vagando por ai se seu corpo está vivo ainda. E como o corpo dos hospedeiros estão vazios, elas entram nele. Pode até ser fatal essa troca de energias diferentes. - Respondeu o homem com tom misterioso. Seu filho chega por trás dele colocando as mãos nos ombros do pai.
– Não assuste a menina pai. - Diz ele com a voz serena e mais doce que já ouvi. O homem se retira depois que alguém o chama. - Desculpe. São lendas, teorias nunca provadas antes; então, nada é certeza.
– Tudo bem. Estou acostumada com coisas estranhas; tenho medo de mim mesma. - Digo sorrindo timidamente. Ele ri e depois estende a mão.
– Brad. - Olho a mão dele estendida para mim e demoro um pouco para aperta-la. A pele dele é macia e as mãos firmes com dedos longos.
– Chole.
Percebo que Dylan nos olha curioso e com a expressão fechada. Olho para ele duas vezes de soslaio torcendo para que Brad não perceba. mas, ele percebe. Seus olhos passam de mim para Dylan e depois voltam para mim.
– Quem é ele? - Brad pergunta sem alterar seus sentimentos... espera ai; eu estou olhando dentro da mente dele? Meu Deus! Subo a parede que me impede de ler qualquer coisa dentro de Brad e concentro-me em suas palavras.
– Ele é... só um idiota que me protege. Eu tenho que ir. - Completo olhando um ultima vez para para Dylan e depois voltando ao menino em minha frente.
– Espero te ver de novo. - Fala ele sorrindo. Sinto que estou a ponto de ruborizar e abaixo a cabeça por um segundo respirando fundo.
– Tchau. - Respondo.
Dou meia volta e vou em direção de minha cabana. Sei que o olhar dele me segue até eu desaparecer nas arvores. Aquele garoto era diferente de tantos que já conheci; tão doce, tão educado, tão alegre. Eu espero mesmo vê-lo novamente.
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Acampamento: Darkshadow
Teen FictionEu corria. Não sabia para onde estava indo. Ele me perseguia e queria alguma coisa que eu não podia lhe dar. A floresta estava escura e a luz da lua não penetrava os galhos das arvores enormes. Tropeço em uma raiz espessa e meu corpo se choca contra...