Capítulo 6 - A Vila

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Tudo agora estava diferente. Ela sabia do dragão, mas não fugira, o que isso significava? Ele não sabia, isso nunca tinha acontecido antes. Ele nunca tivera tanta coragem.

Dias se passaram, aos poucos tudo voltava ao normal. A dama de companhia se recuperava da perda e do choque de ter sido enfeitiçada para trair sua melhor amiga; Lúcio se recuperava do golpe que levara e tentava desvendar o que se passava na mente da princesa, enquanto a mesma apenas ansiava pela recuperação dele, sem dar bola para outras coisas.

Agora o cavaleiro visitava o castelo com frequência. Quase todos os fins de semana ele passava com a princesa, trocando carícias e risadas, alimentando a paixão que lhes conectava. Até que em um certo dia ela lhe revelara que gostaria de ir visitá-lo em sua casa; a ideia o assustou. E muito. Ele não esperava que isso fosse acontecer tão cedo, mas gostava da ideia. Na verdade, lhe preocupava que ela não fosse gostar da vila em que ele morava, já que esta se encontrava no interior do reino, um tanto distante de onde Estela morava, mas resolve deixar este sentimento de lado.

Sem nenhum fato relevante até então, chega o dia em que ela iria até sua casa, e ele sentia em seu peito uma mistura de empolgação e nervosismo. Ao escutar o casco dos cavalos da carruagem de Estela batendo no chão de cascalho ao redor de sua casa, ele corre até a porta, respira fundo e vai ao seu encontro. Eles se cumprimentam, até formalmente, já que os pais de ambos estavam presentes, mas isso não significava que eram formais quando estavam a sós.

Quando entraram, resolveram que iriam ler um livro infantil que os dois gostavam, e deram altas risadas fazendo isso, mas logo cansaram. Resolveram então que iriam caminhar pela cidade, para Lúcio mostrá-la para Estela. O sol raiava quente e brilhoso, iluminando um belo dia, propício para um passeio. Eles iam lado a lado, envergonhados, ansiosos, o cavaleiro tentava lentamente pegar a mão da princesa, mas ela não parecia corresponder, e ele não via o porquê disto.

As pessoas olhavam, algumas cumprimentavam, outras julgavam, os que a reconheciam faziam uma reverência. Andaram e andaram para então retornar à casa de Lúcio, e foram para o seu quarto. Lá, ele tinha um jogo um tanto comum na época, que dependia da mira do jogador para que acertasse pequenas pedras dentro de alguns círculos. Começaram então a competição, e ele já tinha algumas ideias maliciosas na mente, pensando em qual seria a recompensa do vencedor, e, como sempre, sendo levado pela sua competitividade. Ele ganha algumas, ela ganha mais, ele tenta negar com brincadeiras e piadas, mas propõe então que o vencedor ganharia um beijo do perdedor, e a partir daí nem se importa mais em contar os pontos, pois sabe que, ganhando ou perdendo, os dois ganhariam no final.

Ao final da tarde, escutam novamente a carruagem de Estela, era a sua mãe que vinha para lhe buscar. Tudo correra bem, na verdade ele achava que nada tinha dado errado, para a sua surpresa. Assim se seguiram várias semanas, um visitava o outro, se viam o máximo que podiam, conversavam todos os dias, e a saudade apenas crescia. Algo novo agora preocupava Lúcio, pois, em seu reino, havia um dia anual para celebrar o amor, e ele queria oficializar o que sentia por Estela, mas ainda tinha medo de que talvez ela não quisesse nada sério, ou talvez não quisesse nada sério com ele, e as dúvidas o corroiam por dentro.

A Ira do DragãoWhere stories live. Discover now