Capítulo 2 - O Retorno

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Agora, meses depois do baile de máscaras, sua universidade voltava à ativa, e ele estava mais empolgado do que nunca. No outro ano ingressara na mesma, indo para outro reino, deixando amigos para trás para fazer novos, disposto a se soltar de amarras das quais nunca antes imaginara que se livraria. Tinha sido a melhor escolha de sua vida, pois a mudara totalmente, o fazendo encontrar novos amigos, viver novas experiências e perder vários medos. Mas, no seu segundo ano, ele sabia que muita coisa iria mudar, mas não sabia que para melhor.

No decorrer do seu recesso, conhecera uma outra dama, com quem passara dias e meses conversando por cartas. Não podia negar que sentia algo, mas não queria sentir. Ela estudava na mesma universidade e, com o retorno do curso, era inevitável que se encontrassem, mas isso parecia mais difícil de acontecer do que nunca, porque ela parecia estar evitando ele, ou talvez fosse apenas coisa da sua cabeça. Continuou com sua vida normal, as mesmas atividades de sempre, se focando para um dia ser um grande cavaleiro que conquistaria seu lugar entre os mais poderosos do reino.

Um certo dia, uma colega sua da universidade lhe contou sobre uma certa princesa, da qual era dama de companhia e grande amiga, e lhe disse que eles eram perfeitos um para o outro. Não demoraram muitos dias recebeu uma carta da princesa em questão, e depois disso não teve um dia em que deixaram de se falar. Eles conversavam sobre tudo, mas principalmente sobre os gostos em comum, que não eram poucos: gostavam das mesmas peças, das mesmas cantigas, dos mesmos poemas recitados e muitas outras coisas. Nesse meio tempo, a outra mulher com quem trocava cartas havia dito que nada queria com ele, ele aceitou, e se fechou mais um pouco, mas bastou que ele dissesse que gostava da princesa para ela voltar atrás com mil promessas de amor, as quais ele revogou, com prazer, tenho que admitir.

E assim se seguiram os dias, Lúcio se via encantado pela princesa que nunca vira antes, mas tentava negar que nutria sentimentos por um rosto que era uma névoa, pois isto já havia acontecido antes e apenas lhe trouxera dores. Entretanto, quanto mais ele se recusava, mais parecia gostar da princesa que carregava o nome de Estela, e pensava que novamente estava caminhando cegamente para uma morte cruel caindo de um precipício sem fundo.

Lúcio então resolveu pedir ajuda aos seus amigos, que lhe diziam apenas que ele se apaixonara por uma desconhecida como sempre fazia, e que era melhor esquecer antes que se machucasse novamente, mas o cavaleiro, é claro, não os deu ouvidos.

Todos os dias a dama de companhia lhe contava mais sobre a vida da princesa e o quanto era corajosa, apesar de parecer apenas uma meiga e indefesa donzela. Isso só fazia Lúcio adentrar cada vez mais o mar da paixão, e o deixava cada vez mais curioso sobre como seria o mágico momento em que conheceria a donzela, e talvez a beijasse, ou talvez não, não sabia como iria agir. Para ele era muito estranho este sentimento, pois ele vivera sua vida inteira tendo controle sobre tudo, com todos os seus movimentos friamente calculados para resultarem em perfeição, mas, agora, todos os seus planos tinham ido por água abaixo, e ele se via sem chão, e sentia que nenhum cálculo seria suficiente para conseguir entrar no coração da indomável princesa.

Em certo dia, para sua surpresa, um convite! Estela o convidava para acompanhá-la, juntamente com sua dama de companhia, na aventura desta de encontrar um artefato mágico que salvasse a vida de seu amado, e ele percebeu que nenhuma outra o convidaria para tal ato, e se surpreendeu, mas gostou da ideia, o que não o impediu de tremer mais que um carneiro quando se depara com os ardentes olhos de um dragão enfurecido.

A Ira do DragãoWhere stories live. Discover now