The Mess I Made | IShow

quatro

IShow e eu estamos de volta à sala dos computadores, de volta ao trabalho, no silêncio estranho que me deixa constrangida, principalmente depois do momento que tivemos. Neox ainda está enrolando na cama mas conseguimos acordá-lo com a buzina da cadeira de rodas do Viros, de início Neox não entendeu nada, então ficou bravo, mas por fim acabou caindo na risada e nos espulsando do quarto. IShow gravou tudo e saímos do quarto as gargalhadas e falando de como foi hilário e de como deu tudo certo. Por coincidência todos os outros já estavam acordados. João no banheiro, Caique ajudando Viros a ir pra cozinha e Fla tomando meu café feliz da vida. Por um tempo tudo voltou a ser como era com Ishow, a diversão e as idiotices que só a gente fazia bem e entendia, mas durou pouco quando o assunto na cozinha se tornou nós dois. Eu nunca soube se os garotos sabiam do que tinha acontecido, e me importava um pouco com isso, mas nunca vi reação e nem ouvi nenhum deles falar sobre isso. Uma parte de mim sempre acreditou que IShow se sentia arrependido e por isso não postou o tal vídeo e bem provavelmente manteve tudo em segredo. Mas outra só pensava no ódio que eu senti desde quando, depois do beijo, ele revelou que não era nada do que eu pensava. Talvez ninguém saiba mesmo de nada e a gente nunca mais precise falar disso, mas que todos os nossos amigos perceberam como as coisas mudaram entre nós, isso com certeza.

- Bom dia, pessoal! - Eagle entra na pequena sala onde estamos, com a câmera em mãos e um sorriso disfarçando a cara de sono. - Fiquei sabendo que alguém resolveu mostrar suas garras hoje, é isso mesmo?

- Eu não sei de nada, eu não sei de nada mesmo! - IShow retruca, me fazendo fitá-lo perplexa.

- A gente - Frizo bem, olhando para Ishow. - foi acordar o Neox porque ele fez isso comigo ontem, eu precisava me vingar. A gente ia usar uma sugestão da roleta de vocês mas o IShow teve uma ideia melhor.

- Essa garota já chega gerando conteúdo, pessoal, ela não está de brincadeira como podemos ver. Mas vamos lá ouvir o que nosso amigo e meu companheiro de canal, que por sinal precisa vir trabalhar, tem a dizer sobre isso. - Eagle diz, já dando meia volta para ir ao encontro do amigo e primo.

Meu sorriso de diversão vai de encontro ao rosto também sorridente de Victor Lunardi, que brinca com o boné. Nossos olhos se observam por alguns segundos, mas é o grito de Uooow que Viros dá que me tira do transe que aqueles olhos me causam. Desconcertada, desvio meus olhos dos dele e volto ao trabalho, controlando meus batimentos.

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Saio do banho e me dou conta de que esqueci as minhas roupas. Já somam quase duas semanas que eu tenho vivido nessa casa enorme com sete garotos produtores de conteúdo, e tenho que comentar que às vezes sinto falta de um pouco de privacidade ou de ter alguma amiga com quem conversar livremente. Observo os dois lados do corredor e aproveito o silêncio pra correr o mais rápido possível para o aconchego do meu quarto.

Acredite ou não, em todo esse meu tempo aqui, ainda não conheci nada em Orlando, fiz algumas visitas ao McDonalds mas além disso, nada. Já conheci a maior parte da galera que frequenta a Neagle House, namoradas, amigos, amigas. Me dei bem com todos e já encontrei neles amigos de verdade, nas meninas principalmente.

- Ju? - A voz do outro lado da porta me chama, seguido de batidas insistentes.

- Tá aberta, pode entrar. - Digo, apertando a toalha no corpo. A porta se abre e Giovanna coloca a um sorriso para dentro do quarto, fazendo menção de entrar. - Olá.

- Então quer dizer que a gente finalmente vai ter um rolê juntas. - Ela pergunta, se jogando na cama. Decido continuar procurando por algo legal pra vestir, indecisa entre que tipo de coisa usar. Vestido? Jeans?

- Finalmente, não aguentava mais ficar presa aqui dentro, já ia começar a denunciar os meninos por trabalho escravo, cárcere privado... - Dou risada, observando alguns vestidos e jaquetas. - Pra onde a gente vai mesmo?