Capítulo 5

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Quanto mais passos dava em direção ao carro preto, mais me arrependia de ter tomado a decisão de deixar a segurança da casa do Luke. Eu sei que agora é tarde de mais para lá voltar. Tenho quase a certeza que se eu me voltasse, o Harry iria arrastar-me até ao carro sem pensar duas vezes.

Nem preciso de olhar para ver que o Harry me está a seguir, as suas botas de combate pretas pisam as folhas caídas no chão, fazendo barulho suficientemente para eu me assegurar da sua presença.

Segui até ao carro. É um carro dos Extincts: os vidros eram esfumados, é todo preto com uma barra branca em ambos os lados do carro, parecido com os uniformes dos Extinctis. Já vi alguns destes carros estacionados em frente à minha casa, mas a visão de um nunca me fez sentir assim assustada.

Tentei puxar o puxador da porta do lado do passageiro, mas esta não se abriu. Assumindo que estava trancada, virei-me e olhei para o Harry. Ele está cerca de dois passos atrás do carro, as suas longas pernas diminuindo a distância até ele chegar à porta do condutor. Quando alcança a porta, pega nas suas chaves e destranca todo o carro.

Nervosamente abro a porta do carro e um aroma masculino imediatamente toma conta de todos os meus sentidos. Se a situação fosse diferente, eu teria tirado um momento só para sentir a estranha fragrância.

A voz do Harry tira-me dos meus pensamentos. “Vais entrar?”

Sem responder, entro no carro e fecho a pesada porta atrás de mim. Eu afundo-me nos bancos almofadados do carro, nunca tinha sentido algo tão confortável.

“O que foi?” Eu sobressalto-me com a voz profunda do Harry. Viro-me para ele.

“Quer dizer,” ele recomeça a falar, “porquê que estás assim? Porquê que pareces tão feliz?”

As minhas bochechas aqueceram com o embaraço, “Eu nunca estive num carro antes. Não sabia que eles seriam assim… confortáveis.”

O Harry olha para mim sem dizer nada, o seu maxilar fica tenso e ele aperta o volante, como se as minhas palavras o tivessem magoado. “Quando o Will nos disse para te procurar, não sabia que serias assim tão…”

A sua voz enfraquece e olha para mim pensativo. Quando me começo a sentir desconfortável com os seus olhos verdes postos em mim, pergunto, “Tão…?”

Ele está a olhar para mim, como ao bocado, com… espanto? Eu não consigo saber. Como da primeira vez que o vi a olhar assim para mim, eu senti calor dentro de mim. O problema é que eu sei que não devia.

Contudo, o seu espanto rapidamente se torna em raiva e ele agarra ainda com mais força o volante, dizendo, “Infantil.”

Tal como quando ele insultou o Luke anteriormente, as suas palavras atingiram-me como um estalo. Fechei a boca e desviei o olhar do Harry para fora da janela, para a casa do Luke.

Questiono-me o que o Luke estará a fazer agora. A chorar? A lamentar-se por me ter deixado ir? A lamentar-se por me ter deixado ficar em sua casa? Questiono-me se tomei a decisão errada.

Sem olhar para mim, o Harry pressiona o seu pé para baixo e o carro acelera para a frente. Olho nervosamente de relance para o homem de cabelo encaracolado. É suposto o carro ir assim depressa?

Vejo um cinto a cruzar a cintura e o torso do Harry. Parece estar a segurá-lo no lugar, impedindo-o de se chegar muito para a frente.

Olho para o meu lado direito e vejo que, também existe um cinto disponível para mim. Sem pensar duas vezes, amarro-o e sinto-me levemente mais relaxada.

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Não faço ideia que quanto tempo já passou, sinto que já foi muito. No entanto, tenho a certeza que foram só cerca de vinte minutos. O Harry não disse nada, e eu também não.

Extinction {H.S} PTOnde histórias criam vida. Descubra agora