Capítulo Cinco

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Travis Scott

Eu estava pronto para demiti-la, pronto para mandá-la para longe do meu filho, longe da minha casa, longe de mim. Mas aquela mulher petulante com enormes olhos castanhos vinha me desafiando, me fazendo beirar ao descontrole. Como alguém tão pequena conseguia ser tão atrevida, tão abusada, tão deliciosamente gostosa. Deus eu estava enlouquecendo.

Desde o dia em que Kira Ross pisou em minha casa minha vida não foi mais a mesma, eu acho que a vida de todos nessa casa não era mais a mesma. Sua energia, sua risada, sua vitalidade contagiava todos que a cercava. Fazia-se quatro semanas que ela estava trabalhando para mim. Cuidado de Thomas, mas tenho que admitir que ela conseguiu fazer o que muitas babás não conseguiu, ela fez meu filho voltar a viver, voltar a ser a criança alegre e cheia de energia que ele sempre foi.

A morte de Viviane abalou todos nesta casa, mas Thomas se fechou em uma bolha que ninguém conseguia tirá-lo, ele começou a tirar notas baixas, perdeu peso, perdeu o brilho já não era mais uma criança normal. As brigas na escola se tornaram constantes, e minha paciência pouca. Afundei no meu trabalho como se aquilo fosse a resposta para os meus problemas, como se trabalhar salvando outras vidas tiraria a culpa que eu tinha por não conseguir salvar a vida da minha esposa. Viviane se foi levando todo o brilho e a alegria desta casa, deixando apenas a tristeza e a falta que ela faz. Nos conhecemos na faculdade, ela cursava pediatria e eu clínica geral. Linda, sempre alegre e de bem com a vida. Nos casamos assim que formamos, três anos depois veio Thomas, a alegria da sua vida. Éramos a família mais feliz de toda Londres, assim eu pensava até vir o diagnóstico de um câncer no cérebro em estágio avançado. Mesmo com essa notícia Viviane não deixou se abalar, ela viveu intensamente. Seis meses depois sua morte, ela nos deixou. Ela era minha vida.

Thomas e o seu pedacinho, ele se parece tanto com ela, sua paixão pela poesia e a arte, os olhos tão intensos, e sua simpatia. São tudo dela.

Misturo meu Whisky puro tentando organizar as ideias, me sinto culpado por não ser o pai presente que Thomas precisa. Preciso achar uma forma de tentar consertar essa minha falha, uma coisa Kira estava certa, não podia compensar meus erros com bens materiais. Me sentei na poltrona de frente para lareira observando o fogo crepitar, o inverno estava se aproximando, a estação onde Thomas ficava ainda mais vulnerável às doenças.

Uma batida leve na porta anunciou.

— Entra.

Kira entrou em minha sala, seu uniforme branco dava destaque a sua pele cor de chocolate, seus cabelos negros amarrados em um coque bagunçado para o alto, ela era linda, seu jeito tão atrevida mas angelical me deixava completamente encantado. Seus lábios cheios sempre pintando em um batom do mesmo tom da sua pele.

— Algum problema?

— Só vim avisar que Thomas já está dormindo, e que já estou indo para casa.

Adorava ver o jeito como seus lábios se movimentava ao falar, ela pronunciava meu nome com doce e desejo em sua boca. Aqueles enormes olhos castanhos encontrou, ela ergueu uma sobrancelha.

— Por que está me olhando assim?

— Uma vez você me disse que Thomas precisava de atenção, mas como sabe sou médico no maior pronto socorro de Londres. Mas fiquei curioso em saber o que mais Thomas precisa.

— Bom, Thomas e um menino como todo o outro, mas ele admira muito o pai que tem. Eu sei ele sente falta da mãe, mas ele sente mais falta do pai que está vivo — ela mordeu o lábio inferior cruzando os braços sobre os seios — Não e com uma babá ou com algum outro avião que o senhor vai suprir essa necessidade. O senhor sabia que Thomas tem uma paixão na escola?!

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