Prólogo

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As luzes da ribalta se acenderam. Se houvesse algum relógio no local, eu saberia que seriam exatamente 23 horas. Mas as pessoas que ali se encontravam desejavam qualquer coisa, menos saber sobre o tempo ou qualquer realidade que as fizessem se lembrar de quem são e o que as aguardavam do lado de fora. Eu também fugia desta situação. Muito embora nada me fizesse esquecer de todos os detalhes que me levaram a estar onde estou.

O palco se preparava para o show daquela noite. A música estridente ecoava por todos os lados, frestas e sorrisos tímidos eram inundados pelo som que conotava luxúria e um desejo incontrolável de se sentir livre diante de um cenário altamente convidativo.

As mesas e camarins já estavam sendo ocupados pelo público feminino que não parava de chegar. Olhos afoitos vasculhavam o ambiente que por si só, cheirava à lascívia. Pergunto-me se a maioria sabia exatamente o que buscava ali ou apenas procurava por um alívio imediato, a resposta só viria com o passar da noite após observar corpos carentes e famintos, absortos na fantasia de sentir ou se imaginar sentindo cada centímetro daqueles homens que muito em breve surgiriam por detrás das cortinas prontos para tudo. Neste momento as respostas começavam a surgir, e me regozijo em apenas me colocar no lugar delas. Sendo uma delas, coisa que o passado poderia trazer à tona, se eu permitisse.

As cortinas se abriram num efeito suspense ao revelar os segredos guardados para aquela noite. Os corpos másculos se exibiam com volumes incandescentes em pequenas sungas. Os rostos estavam cobertos por máscaras brilhantes que somavam o total de seis homens bem dotados e marcados por uma geografia corporal privilegiada. Eram sete. O sétimo dos rapazes não terá seu lugar substituído por ninguém.

Em seguida a histeria corrompe o ambiente. Corpos sedentos se contorcem febris, e eu podia sentir daqui o cheiro da flora que já umedeciam as calcinhas. Eu procurava o rosto dele por entre os rapazes, ele não estava em lugar algum. O tempo parecia levar a cada segundo a esperança remota de recriá-lo para estar novamente ali, dançando para mim. Só me restava a doce ilusão de que um dia a cortina iria se abrir, e seu corpo lindo iria surgir das cinzas, numa possibilidade de me deitar sobre tudo que um dia me pertenceu. Hoje a única coisa que realmente sei que tenho é este lugar de sonhos e fantasias, o qual comprei após perdê-lo de vista. Só existe um detalhe... Eu sou dele e tudo é por ele, mesmo quando ele não está, não importando quem ele é. Mas ninguém, além de mim mesma, sei quem sou.

Quando saberão?

No final de tudo, quando não existir mais respostas.

Isso é possível?

Sim, desde que as perguntas também se findam.


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