A Noiva Que Pedi A Deus

capitulo 20

Cecilia ...

Eram dez e vinte quando Lorenzo veio nos buscar no Café,eu e Ally entramos no carro e dessa vez eu insisto em ir no acento de traz com ela.

- Como foi o encontro?- Pergunto tentando não deixar transparecer minha raiva.

- Foi estranho,encontrei uma moça com quem me encontrei sete meses depois que meu pai faleceu!- Ele responde concentrado na estrada a sua frente,olho para Ally e ela me parece interessada na nossa conversa.

- Você foi se encontrar com uma moça que você conheceu a dois anos atras?- Ally pergunta ,não entendendo o que Lorenzo havia dito.

-Não, você não compreendeu,eu havia chegado no meu encontro e por um acaso me encontrei com essa moça,na verdade eu apenas a encontrei porque ela trabalha no restaurante onde eu fui!- Ele se explica e mais uma vez me sinto irritada com esse assunto de encontro.

O engraçado é que ele fez questao de marcar o encontro em um restaurante e comigo ele nem se deu o trabalho,mesmo se ele escolhesse um restaurante para irmos eu negaria,não aceitaria ir para um lugar onde eu não me sinto bem.

- Foi se encontrar com uma e acabou encontrando a outra por acaso!- Ally indaga e começa a dar risada,na verdade isso não tem graça alguma..

Me viro para a janela e analiso a maneira em que as casas parecem "correr" por conta da velocidade do carro,volto a olhar para frente e me deparo com o olhar de Lorenzo pelo retrovisor.

- Me reencontrar com aquela moça do passado me fez pensar,ela me entregou um bilhete que me fez desistir do encontro.- Ele fala e por um momento eu juro que ele esta fazendo de proposito - Mas quando pensei em desistir a moça com quem minha mãe marcou chegou e eu acabei ficando e acreditem,não era quem eu estava esperando!

Prendo o meu olhar no seu atraves do retrovisor e tento de alguma forma detectar alguma mentira em sua voz.

- O que exatamente estava escrito no papel?- Ally pergunta me fazendo olhar para ela ,o pior é que eu tambem estou curiosa.

Vejo Lorenzo colocar a mão no bolso e logo ele a estende para tras do seu ombro e Ally pega um papel que ele estava segurando.

Ela lê,arregala os olhos e volta a reler o pequeno papel,eu faço de tudo para não me inclinar e pedir para ler o que esta escrito ,entao me viro novamente para a janela e analiso a paisagem.

-O mais estranho dessa noite ,foi o fato de que a moça com quem eu me encontrei insistiu em voltar para casa de taxi!- Lorenzo diz ainda com o mesmo assunto do bendito encontro.

-Vai ver a mãe dela a ensinou a não confiar em estranhos.- Comento sem querer,e acabo me arrependendo um minuto depois.- Foi mal ,eu pensei alto!

Sinto a mao de Ally em meu braço,assim que me viro a vejo estender o papel para que eu o pegue e é exatamente isso que eu faço.

- Na verdade eu a conheço,é exatamente a aluna que havia me beijado.- Ele fala enquanto eu começo a ler o papel com os olhos.

" Sei bem que você não quer estar aqui Lorenzo, sei que você nunca quiz estar em nenhum encontro que ja foi,pelo menos foi isso que você me falou ,quando me deixou bem claro que as vontades da sua mãe, não eram as suas. Por isso,faça a sua vontade hoje!
De todo coraçao: A quinta mulher que se encontrou com você ,sete meses depois da morte do seu pai"

-Profundo!- Digo ,e sem mais nem menos entrego o bilhete de volta para Lorenzo e continuo a encarar a paisagem la fora.

Agradeço a Deus mentamente quando vejo que o carro parou,Ally abre a porta para sair e eu faço o mesmo,Lorenzo desce ,desliga o motor do carro e decide nos acompanhar até a recepçao.

Entramos todos quietos,deixo Ally conversando com Lorenzo e vou chamar o elevador.

Encaro os numeros vermelhos que mudam conforme o caixote de metal se move e me lembro novamente do bilhete que a moça que trabalha no restaurante lhe entregou.

O bip do elevador zoa alto avisando que ja esta ali e uma pergunta brota em minha mente,"Qual é a vontade de Lorenzo? O que ele queria fazer se saisse daquele encontro para fazer a vontade dele!?"

-Até amanha Cecilia!- Ouço Lorenzo e me viro em sua direçao.

-Até amanha Lorenzo! -Digo com um aceno de mão e um sorriso.

Enquanto ele sai pela porta de vidro vejo Ally se aproximar de mim e juntas entramos no elevador .

-Pode me explicar porque tratou o menino daquela forma?-Ally pergunta em um tom de autoridade.

-De qual forma eu o tratei?- Devolvo outra pergunta em resposta enquanto indico o andar ao elevador.

-Pelo amor de Deus Cecilia ,você sabe do que eu estou falando!- Ela retruca agora com um tom maior do que o meu .- Você deixou transparecer o seu ciumes .

-Não estou com ciumes dele!- Respondo encarando a porta de metal.- Da onde você tirou isso?

-Entao que papo foi aquele de "Profundo"?-Ally pergunta fazendo aspas com os dedos na palavra profundo.

- Eu não tinha nada pra falar!- Falo me sentindo presa e tendo quase a certeza de que isso é um interrogatório.

O elevador se abre no nosso andar e ambas saimos caminhando pelo corredor.

- Ja que insiste em não estar com ciumes,tenta pelo menos disfarçar que não dá a miníma para o que esta acontecendo com ele!- Ally sugere,e aquilo me zoa como um tapa.- Estou dizendo pelo seu bem, esse tipo de atitude afasta as pessoas .

Entro no apartamento e vou direto para o meu quarto,pois sei que se eu ficar no mesmo ambiente que Ally vamos acabar descutindo,ela vai me dar sermao ,eu vou reclamar e iremos ficar igual a duas sonsas durante uma semana.

Me jogo na minha cama e penso no que Ally acabou de falar ,por mais que eu queira negar sei bem que é verdade.

Mas eu não consigo entender o que realmente se passa pela cabeça de Lorenzo, ele valoriza tanto os sentimentos,insisti tanto nisso de beleza interior ,acredita no verdadeiro amor e no fim acaba deixando os seus sentimentis de lado para atender os desejos da mãe.

Eu não o entendo,pois eu apenas disse que não tinha certeza do que sinto por ele,e me mantive ainda tentando descobrir,ja ele,depois de dizer que gosta de mim de verdade,de ouvir a minha parte,ele se sentiu iludido ,simplismente agiu como se nada tivesse acontecido e no outro dia estava de encontro marcado.

Na verdade o que eu mais queria era perguntar a ele se todo aquele papo de sentimentos não era só fachada.