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Capítulo 26

Ignorei completamente o que Daniel falava e levantei da mesa indo até o encontro de Zayn, que desviou o olhar e começou a andar como se fugisse de mim.

— Zayn! — o chamei e ele parou de costas — Para onde vai?

— Eu ia pegar alguma coisa para você comer. — ele disse baixo, mas sem me olhar.

— Não. Eu sei que você viu. — disse tão baixo quanto e o vi abaixar um pouco a cabeça.

Mas ele não disse nada.

— ZAYN!

— Preciso recarregar as minhas baterias Hayden. — ele disse baixo e aquilo me doeu severamente.

Fui até ele parando em sua frente e segurei seu rosto entre minhas mãos, fazendo-o me encarar. Precisava muito saber o que estava acontecendo e por que ele estava agindo dessa forma.

— O que Helsinki te disse?

— Nada.

— Zayn, não mente para mim!

— Ele não disse nada! — Zayn respondeu mais bruto, fazendo-me soltá-lo.

Encarei seus olhos castanhos por longos segundos. Ele poderia enganar quem quisesse, mas não a mim. Eu sabia exatamente que ele estava me afastando e se Helsinki for culpado disso, não irei perdoá-lo.

— Pede o táxi. — disse jogando o telefone na direção de Zayn e ele pegou no ar.

Deixei aquele local e fui até Helsinki que dançava animado e alterado pela bebida no meio do bar. Puxei-o sem gentileza alguma pelo braço e trouxe-o até uma parte mais reservada.

— O que disse para o Z?

— Eu? — ele arregalou os olhos — Eu não...

— Se você mentir para mim vai ser só mais um dos idiotas que passaram na minha vida. — disse firme.

— Hayden, eu...

— Decepção com amigos é pior do que com qualquer homem no mundo. — disse o olhando nos olhos e ele pareceu ficar um pouco sóbrio.

Olhei em seus olhos verdes por longos segundos à espera da sua resposta, mas ele apenas suspirou e abaixou a cabeça negando.

— Não acredito que está sendo baixo assim comigo.

Deixei o local e fui até Zayn decidida a ir embora, mas quando tentei pegar sua mão ele meio que fugiu do meu toque e olhou para a porta. Abaixei o olhar e assenti, seguindo para fora sem me despedir de ninguém.

Tudo que queria fazer agora era chorar.

***

Entrei em casa tão calada quanto Zayn. Sabia que se foi o seu "mestre" que pediu, ele não diria nada. Nem mesmo para mim.

— Posso trazer o carregador para a sala? — sua voz soou baixa e firme.

— Não vai dormir comigo? — perguntei sentindo meu peito apertar.

— Se você quiser, eu deito.

"Se você quiser..."

— Tudo bem. Não precisa fazer nada forçado.

Caminhei em passos rápidos para o banheiro sendo massacrada pelo silêncio total de Zayn e não consegui conter o meu choro diante daquilo.

Eu sei que Zayn era um robô, que isso era uma loucura sem fim, que eu sabia que uma hora ou outra daria errado me entregar tão inteiramente para uma máquina, mas eu me apaixonei e não tenho culpa dos meus sentimentos.

O que achei que seria mais simples, se tornou mais complicado. E mais doloroso.

Entrei debaixo da água fria tentando voltar um pouco à total sobriedade e abafar o meu choro que, devo dizer, era muito angustiante. Se Helsinki me tirasse Zayn, eu talvez nunca mais fosse a mesma.

Por mais que seja o que fazemos com mais frequência, não era só o sexo.

A forma como Zayn me tratava, como se dedicava a mim sem pensar duas vezes, como me fazia rir de coisas bobas que falava sem perceber, como fazia de tudo para me agradar...

Mas se Zayn não queria mais tudo isso, eu não poderia forçá-lo.

— Hayden? — a voz de Zayn soou baixo na porta quando desliguei o chuveiro e meu coração acelerou.

— Sim?

— Quer que eu aqueça sua cama? — perguntou e suspirei derrotada.

— Não.

— Tudo bem.

— Tudo bem? — sussurrei para que ele não ouvisse e me odiei.

O silêncio se instalou e puxei logo a toalha para sair dali. Segui para o meu quarto e pude ver Zayn pegando o aparelho que recarregava sua super bateria e se prontificar a sair do quarto, mas segurei seu braço e o olhei suplicante.

— Zayn, por favor...

— Precisa de algo? — ele perguntou e notei que estava mais distante de mim.

E não era fisicamente falando.

— Por que está me afastando?

— Mas eu estou bem à sua frente. — ele disse como se fosse óbvio.

— Zayn...

— Precisa dormir. Bebeu muito.

— Fica comigo?

— Você quer isso? — ele disse sério e senti angústia.

— Você não quer?

— Eu não tenho vontades. Sou um robô Hayden.

— É claro que tem vontades!

— Não tenho.

— Zayn...

— Não sou nada além de um monte de metal, software avançado e trabalho duro do mestre Helsinki. — ele disse calmo, mas aquilo me partiu.

— Não fala isso!

— É a verdade e eu estou bem com isso.

— Zayn!

— Pode deixar-me recarregar as baterias? Não gosto de apagar. — ele pediu sério e senti meu coração apertar — Por favor?

Soltei seu braço ainda olhando em seus olhos, mas ele apenas arrumou a postura e me deixou sozinha no quarto com a terrível certeza de que estava se distanciando de mim e que eu não poderia impedir isso.

[...]

Robotic Love • z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora