You're my downfall - Acampamento, dia 2 de 2

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Após aquele cover do Keith, eu o observei pelo resto da janta. Todos o elogiaram quando se sentou na mesa, o Shiro fazia brincadeiras com ele, mas o ver sorrir com ele me deixava com raiva e agoniado. Não entendia bem o porque...

Não, eu sabia, era ciúmes.

Era isso que fazia meu sangue ferver incontrolavelmente toda vez que via os dois juntos. Eu sentia a grande vontade de puxá-lo de perto dele e beijar ele.

Isso era possível?

Talvez eu esteja imaginando coisa demais e isso me deixa confuso. Eu acho que te amo, Keith, mas como posso saber se não estou apenas me enganando?
Percebendo bem, é impressão minha ou Hunk olhou todos meus movimentos desde que Keith sentou do outro lado da mesa? Isso é bem estranho, na verdade.

– Hunk? – o chamei e o vi se arrepiar, parecia assustado.

– P-pessoal, eu já volto, acho que vou no banheiro... – ele se levantou me ignorando completamente.

– Espere ai que você não foge de mim! – me levantei e corri atrás dele que dava passos longos. Ele entrou e se escondeu no box do banheiro.

Soltei um suspiro derrotado e baguncei meus cabelos. Tentei abrir e o chamava, tentava tirá-lo de lá.

– Hunk... Hunkzinho ~~ – o chamava de forma fofa – Vamos, saia daí! – bati na porta. 

Falhoooo

Um cara saiu do box com uma expressão irritada, seus punhos estavam fechados, ele queria mesmo me socar? Esse cara tão bonito não pode ficar com o rosto todo inchado por causa de um soco. Todos meus produtos não valeriam apena se isso acontecesse! Eu, com toda minha valentia, fiz algo que todos os mais fortes fariam...

– S-senhor? – ele se irritou mais – N-não, não! Moço! Sim, isso, você n-não é velho. O-olha, foi sem querer, eu n-nem sabia que era você que estava ai dentro. D-desculpa mesmo! – insistia muito. Ele apenas lavou suas mãos e saiu do banheiro. Soltei todo meu ar dos pulmões, aliviado.

Ouvi Hunk rir de onde estava e sair do box. Seus olhos lacrimejavam de tanto rir. Cruzei meus braços a frente do peito e fiz bico, irritado.

– Qual a graça? Não 'to vendo nada engraçado aqui. – falava. Ele limpou seus olhos e suspirou. Se encostou na sua cabine e me olhou.

Ele ficou um tempo calado, mas logo baixou seu olhar para o chão. Ele pareceu pensativo e que teria cuidado nas próximas palavras que diria. Sempre assim. Em cada palavra.

– Lance... Você gosta do Keith, não da Allura, não é? – ele não parecia hesitar em sua palavras, estava confiante.

– O-o que? Não... c-claro que não! – eu gaguejava com suas palavras. Ele me olhou com cara de ''fala sério'' e ri nervoso – 'Ta, talvez, mas idaí? Qual o problema nisso? – viro meu rosto.

– Você não gosta mais da Allura? Você apenas ficava dando encima dela mesmo que não desse em nada.

– Não... Não gosto. E acho que, se gostasse, relutaria contra mim mesmo com misseis e ainda estaria mais confuso que agora. – dei uma pausa – Mas, para sua pergunta, minha resposta é não. Não amo e nem gosto.

Ele pareceu meio desconfortável e me olhou como se precisasse contar algo importante.

– Lance, eu...

Mas algum barulho alto na porta o impediu. Nos arrepiamos, assustados, e fomos olhar. Uma lixeira jogada no chão. Apenas isso. Olhei Hunk novamente.

– Tinha algo pra me contar? – ele me olhou, relutante, e recusou. Saímos do banheiro.

Quando voltamos, todos nos repreenderam com um: ''Por que toda essa demora?'' ou ''Nós íamos deixar vocês aqui e ir embora'', mas algo que notei novamente foi a ausência de Keith. Ele não estava ali mais?

– Galera, isso pode parecer repetitivo, mas onde está o Keith? – estava realmente curioso. Será que ele iria cantar de novo?

– Ele falou que iria sair para pegar um ar. Está ali na porta faz alguns minutos – via aquele garoto de rosto proporcional do lado de fora, com seus braços cruzados pela janela. Estava escuro.

Todos se levantaram e se dirigiram até a porta do restaurante, saindo do local. Keith nos viu, seu olhar era baixo e meio irritado. Ele passou a andar ao nosso lado, quieto. Olhei o Hunk. Sorri com a bela ideia que tinha em mente.

– Não me esperem voltar! – segurei o pulso de Keith e saí correndo para alguns relevos.

– Hey, me solta! Onde vamos? Lance! – ele gritava e eu ignorava. Apenas o levava e corria dando um belo de um sorriso. Não sabia descrever bem aquele momento.

Em um certo lugar, paramos. O soltei quando estávamos encima de um pequeno monte. Me deitei na grama e olhei o céu. Ele pareceu curtir a ideia e deitar ao meu lado. Estava escuro, apenas a luz da Lua nos iluminava naquele momento. Era encantador.
Keith estava quieto, mas parecia aproveitar o momento que passávamos. Seus olhos se fixavam no alto dos céus.

– Por que me trouxe aqui? – perguntou calmo. – O céu visto daqui é tão... bonito.

– Eu pensei que precisava disso. Que nós precisávamos disso...

E assim permanecemos.

                                                                                             (*.*)

Keith se sentia abalado, mas ainda sim calmo. Tentava reprimir seus sentimentos ao máximo.
Bem, após ouvir o que talvez fosse sua confissão indireta vindo de Hunk. Mesmo que fosse, talvez, uma traição para Keith, era simples demais. Ele o perdoaria neste caso.

Quando ainda estava no restaurante, Keith achou estranha sua demora no banheiro e, quando foi a entrada, ouviu Lance apenas responder algo como:

– Não... Não gosto. E acho que, se gostasse, relutaria contra mim mesmo com misseis e ainda estaria mais confuso que agora. – deu uma pausa – Mas, para sua pergunta, minha resposta é não. Não amo e nem gosto.

Ele se sentiu pouco importunado e sentiu que precisava sair dali. Com sua alma, sentia que aquela resposta era para si. Mesmo que não, ele sentiu no fundo de seu coração que aquela seria sua resposta.

Porque não pensou antes? Era claro que Lance amava Allura de todas as forma e, bem, tudo que imaginou não apenas nesses dias que se sentia estranho, era apenas uma fantasia sua. Ele pensava tanto que estava errado sobre isso. Pobre Keith, mal imaginava que aquilo que quase ouviu seria uma confissão do próprio Lance pra sí.

Quando Lance o levou para o pequeno monte, sentiu que aquilo seria um pedido de desculpa pela rejeição que levaria. Ele tentava se acostumar com toda aquela ideia.
Mesmo ainda, aquilo doía em seu coração e sentiu seus olhos cheios de lágrimas. Ele chorou baixo e Lance o ouviu. Limpou seu rosto. Porque está chorando? Nada disso era real e você sabia. Ele pensava.
Lance o abraçou.

– A-ah, desculpe, acabei me emocionando com isso. É tão bonito – mentiu.

Ainda sim, Lance lembrava e repetia em sua cabeça apenas um trecho de sua música.
Sim, agora aquela música era deles. Seu coração dizia isso. Aquele trecho contava este momento.

(...)How many times do I have to tell you
Even when you're crying you're beautiful too (...)

(Quantas vezes eu tenho que te dizer
Mesmo chorando você é lindo também)

~Fim do Capítulo 

All Of Me - KlanceOnde histórias criam vida. Descubra agora