Capítulo 38 - Yamaha X Suzuki

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Cheryl's POV

Andei em volta da mesinha de centro branca, na tentativa de fazer meu estômago vazio parar de embrulhar. E se eu não ganhasse a corrida? E se fosse lá apenas pagar um mico gigantesco, a qual a zombadora TONINHA não me deixaria esquecer nunca? Pior! E se eu perdesse toda a grana e ficasse no zero? Fitei os pedaços do cartão de crédito no chão e o arrependimento veio com tudo.

NÃO! Esse não era o momento para ser covarde. Eu havia decidido que seguiria com meu plano original até o fim. Com as mãos suadas, avistei um bilhete largado na mesinha. Em cima dele, havia um chaveiro com o nome Jughead, cravado em uma placa de metal. Sem precisar mover o chaveiro, li o bilhete.

[Betty, amor, seus livros estão no meu quarto. Te ligo no meu intervalo. Beijos. Jughead.]

Quase dei um pulo vendo a sorte me sorrir. Os Jones tinham ido para Dartmouth e o apartamento estava livre para ser espionado. Com as chaves de Jughead, planejei sondar o terreno da presa e sair de lá sem ser notada. Antes de pôr o plano em prática, vasculhei minha bolsa até achar o frasco de perfume.

Pouquíssimo tempo depois, já estava dentro do apartamento dos Jones. Sorri ao perceber que não era nada do que eu imaginava que fosse. Sofás de couro preto na sala, causando um contraste interessante com as paredes brancas, janelas grandes de vidro e o pequeno bar no canto direito me chamou a atenção. Sem dúvida, eles deviam fazer suas festinhas com as vaquinhas universitárias ali. Não querendo perder tempo, corri pelos cômodos, querendo terminar logo o trabalho. Cozinha, área de serviço, banheiro... a estrutura simples parecia com a do nosso apartamento, apenas a decoração diferenciava-se, um toque feminino e meio bagunçado. O suposto maconheiro devia lutar arduamente para tentar deixar aquilo sempre limpo. Com Archie e um porco morando ali, me admirei em não ver um chiqueiro e muita lama.

Finalmente, fui para o corredor e as três portas dos quartos estavam diante de mim. Resolvi tentar uma por uma. O primeiro quarto era tão limpo e branco que, na hora, constatei ser do maníaco por limpeza. Depois, segui para a segunda porta. Tomei um grande susto quando o Toicinho saiu de lá correndo. Passou por mim feito uma bala em direção à cozinha. Ouvi o barulho de panelas caindo no chão e ri baixinho disso. A terceira porta só podia ser o quarto da Toni. Devagar, girei a maçaneta. O local estava mal iluminado e silencioso. Logo de cara, reparei no corpo deitado sobre a cama, coberto por um edredom preto. Congelei. Ela não deveria estar em Dartmouth? Por que a Topaz ainda estava dormindo?

Cansei das perguntas e, mesmo sendo arriscado, me aproximei. Ela dormia profundamente, ressonando tranquila. No criado mudo, havia muitas latas de cerveja vazias e o celular estava próximo ao seu rosto, em cima do travesseiro.

Estaria esperando o telefonema de alguma garota? A tal ficante, talvez? O ciúme me fez estender a mão para pegar o aparelho. Infelizmente, Toni moveu-se gemendo. Dei um passo atrás, tensa. Era hora de correr? Paralisada, continuei ali, incapaz de raciocinar. Após alguns segundos, me afastei, percebendo o tamanho de minha insensatez. Estava pondo em risco meu plano de reconquistá-la, invadindo seu quarto. Do que adiantaria ela saber que eu ainda era absolutamente louca por ela? A dúvida que ela tinha sobre meus sentimentos era minha melhor arma, pois a atiçaria e não me faria parecer desesperada.

Dei um tapa em minha testa, obrigando-me a focar o objetivo. Com o frasco de perfume nas mãos, borrifei, cuidadosamente, pelo ambiente. Aquela era uma idéia estranha, mas, de certa forma, bem eficaz. Queria fazê- la sentir meu cheiro no ambiente, produzindo um falso delírio. Toni se perguntaria o porquê de estar sentindo meu cheiro, minha marca e, se tivesse sucesso, ela passaria o resto do dia pensando em mim, involuntariamente, incapaz de se desligar totalmente da fragrância. Sem falar que era um repelente feminino, se ela ousasse levar alguma garota para aquele quarto, certamente, meu cheiro a incomodaria. Perversa? Não... determinada! Ri da minha própria loucura.

𝐜𝐡𝐞𝐫𝐲𝐥 𝐩𝐫𝐨𝐛𝐥𝐞𝐦 𝐱 𝐭𝐨𝐧𝐢 𝐬𝐨𝐥𝐮𝐭𝐢𝐨𝐧 • 𝐜𝐡𝐨𝐧𝐢 Onde histórias criam vida. Descubra agora