Alíce Guimarães
Acabo de ajeitar a mesa e vou para a sala de estar. Amy assiste um filme da Barbie completamente absorta. Sento ao seu lado e sorrio relembrando as últimas semanas. Algumas vezes temo, que tudo não passe de um sonho perfeito e que acabe quando abrir os olhos.
Lucca tem se mostrado cada dia mais presente e carinhoso, já não imagino um dia sem tê-lo ao meu lado. Amélia está apaixonada, isso me assusta e encanta ao mesmo tempo. Ela sempre pergunta por ele quando acorda, recebe todos os dias a mesma resposta, que ele foi trabalhar, ainda assim nunca deixa de perguntar.
Conversamos sobre a escolinha e achamos melhor esperar alguns meses, tudo tem estado tão confuso, quero que ela se sinta segura e amada, antes de deixá-la ficar algumas horas longe.
O som do elevador subindo chama minha atenção e sorrio ao olhar o relógio, passa das 17:00hr o que significa que só pode ser o Lucca. Amy fica em pé no sofá tão animada quanto eu. Desliga a televisão e pula no chão rindo.
- Vou me esconder mamãe, diga que fui embora... - Ela corre para o canto e se esconde atrás de um vaso, próxima ao aparador.
Sorrio novamente, é maravilhoso ver minha menina tão feliz. Olho pro elevador e sinto o ar me faltar, quando ele abre e não é Lucca a entrar e sim Olavo.
Ele sorri maldoso e sinto minhas pernas falharem. Olha ao redor analisando tudo e aproveito seu momento de distração e faço um sinal de silêncio pra Amy que cobre o rostinho assustada.
- O que faz aqui Olavo, perdeu o juízo... - Murmuro trêmula e ele volta sua atenção pra mim. - É melhor sair, o Lucca já está chegando, não vai querer que ele te ache aqui!
- Talvez, sobrinha amada, queira saber que seu herói está na casa da mamãe... - Ele gargalha me olhando. - Seu namoradinho não vai chegar agora. Isso me dá tempo o bastante para acertar minhas contas com você antes de deixar o país.
- O que você... - A frase morre em meus lábios, tamanho medo que sinto.
- Achou que ia ferrar minha vida e se livrar? - Ele movimenta o indicador em um sinal negativo enquanto se aproxima. - Vai pagar com a vida sua vadia...
Viro para tentar correr mas ele gruda em meus cabelos com violência me fazendo gritar de dor. Sinto o puxão no braço e ele me arrasta em direção aos quartos. Olho pra Amy uma última vez e coloco novamente o dedo sobre o lábio pedindo silêncio, ele não pode vê-la aqui!
Sinto um ardor terrivel no couro cabeludo e lágrimas grossas banham meu rosto, mas permaneço em silêncio com medo de provocar ainda mais ódio dele. Sinto um baque na cabeça quando ele me joga no chão e me choco contra a quina da cama.
A visão fica turva e sinto o líquido grosso descer na lateral do rosto. Puxo o máximo de ar possível, mas sinto dificuldade em manter os olhos abertos.
- Pensou mesmo que ia vencer Alíce... - Ele anda ao meu redor e se ajoelha apertando meu rosto entre os dedos. - Vai pagar pelo que me fez!
Ele empurra meu rosto com brutalidade e um segundo depois sinto puxar meu cabelo novamente me arrastando pra longe da cama. Sinto meu corpo enfraquecer e ele volta a caminhar ao meu redor enquanto apenas olho para o teto tentando continuar lúcida.
Ouço ele falar coisas desconexas e minha cabeça gira tanto que simplesmente não consigo compreender nada do que é dito.
Penso em minha menina, ela ficará bem, o Lucca é um bom homem, vai protege-la, sinto o amor que ele nutri por ela e isso me alivia. Também tem Hector, ele ama Amy tanto quanto o Lucca e eu, cuidou dela por meses, continua se preocupando mesmo de longe. Não pude descobrir se é realmente meu pai, mas nesse momento, meu coração grita que sim e só queria poder abraça-lo.
- Quando eu terminar, vou te deixar aqui, para aquele babaca entrometido encontra-la e sentir eternamente a culpa por não tê-la protegido... - gargalhou gélido e senti meu coração se partir. - Vou faze-la morrer lentamente!
Senti a pancada forte nas costelas quando seu pé me atingiu com força e imediatamente senti o gosto ferro do do sangue em minha boca e tossi cuspindo. Ele sorriu satisfeito desferindo outro chute e um grito sôfrego deixou minha garganta, sem que eu pudesse conter.
Os acontecimentos seguintes foram confusos. Em um segundo Olavo estava me chutando e no outro estava caído no chão ao meu lado, Lucca sobre ele, desferindo inúmeros socos. Olhei pro rosto do Lucca assustada, mas já sem forças cai na escuridão.
[...]
Lucca Albuquerque
Entro no quarto com pressa e vejo o exato momento em que Olavo me olha assustado, sinto meu auto-controle se esvair e vou pra cima dele, assim que nossos corpos se chocam ele cai e me ajoelho sobre ele o esmurrando. As mãos latejam e mesmo vendo o sangue escorrer de seu rosto já desacordado, continuo.
Penso na pequena garotinha assustada, na despensa da cozinha e imediatamente saio de cima de Olavo para encontrar Alíce desmaiada ao lado. O corte na cabeça parece fundo e o canto da boca está manchado com sangue. Sinto o corpo fraco mas abaixo ao seu lado e puxo uma camiseta de cima de uma cadeira para tentar conter o sangramento na cabeça.
- Alí... - Chamo tocando seu rosto. - Amor fala comigo.
Lágrimas molham meu rosto e mentalmente faço uma prece, pedindo que ela fique bem. Não é justo que algo aconteça agora. Suspiro aliviado quando ela abre levemente os olhos e curva os lábios em um casto sorriso.
- Vai ficar tudo bem! - Aviso a ela que permanece me olhando. - Eu prometo...
- Lucca... - A voz alta do Henry me chama atenção e ele e o tio Leo invadem o quarto com armas nas mãos. - Mas que filho da puta.
- Ela está bem? - Meu tio pergunta se abaixando ao meu lado. - Esse cara vai pagar Lucca, vou me certificar disso!
- A Polícia está chegando. Chamei uma ambulância também. - Henry volta a falar e suspiro.
- Filho... - Olho pra porta e encontro meu pai com seu olhar preocupado. - Quase morro do coração... - Murmura se abaixando ao meu lado. - cadê a Amélia?
- Dispensa... - Aviso e antes que ele deixe o quarto policiais e uma equipe médica começa entrar.
- Precisa se afastar agora senhor. - Uma moça pede e olho pra Alíce um tanto receoso. - Precisamos tira-la daqui rápido, mas precisa se afastar.
- Lucca, a Amy... - Henry murmura e saio do quarto seguindo meu pai que já foi.
Assim que entro na cozinha ouço o choro compulsivo e vejo meu pai ajoelhado de frente pra ela. Ela continua encolhinha com o rostinho entre os joelhos, soluçando em meio as lágrimas.
- Tudo bem Amy, eu sou o papai do Lucca lembra? - Ele murmura. - Está segura agora.
- Não... - Grita sem nos olhar. Toco o ombro do meu pai que levanta se afastando e me baixo próximo a ela. Seguro o bracinho gordo e ela se chacoalha apavorada. - Por favor não, não...
- Amy sou eu, tudo bem meu amor... - Falo calmo e ela levanta os olhos receosa, mas assim que me vê se joga em meus braços e a aperto, tentando acalmar nossos corações atormentados pelo medo. - Estou aqui agora, vai ficar tudo bem. Nunca deixaria nada acontecer com você...
- Fiquei com medo papai...
***
Papaaaaai
Resolvi deixar um capítulo pro
fim de semana kkkk.Logo sai mais um viu, vamos torcer pras coisas se ajeitarem, mas já aviso, que nem tudo
são flores ok?Até o próximo capítulo, não esqueçam de votar e comentar bastanteeee...
Amo vocês meus anjos,
beijinhos... ❤😍😙
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Reaprendendo a Amar - Série:AMORES
RomanceDepois de perder a namorada Samara que estava grávida, em um acidente de carro, Lucca Albuquerque deixou de ser o jovem feliz e carinhoso que todos conheciam. Mesmo sete anos após o acidente ele se culpa e procura se manter distante de todos que ama...