Capítulo Dezessete

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Alíce Guimarães

Acabo de ajeitar a mesa e vou para a sala de estar. Amy assiste um filme da Barbie completamente absorta. Sento ao seu lado e sorrio relembrando as últimas semanas. Algumas vezes temo, que tudo não passe de um sonho perfeito e que acabe quando abrir os olhos.

Lucca tem se mostrado cada dia mais presente e carinhoso, já não imagino um dia sem tê-lo ao meu lado. Amélia está apaixonada, isso me assusta e encanta ao mesmo tempo. Ela sempre pergunta por ele quando acorda, recebe todos os dias a mesma resposta, que ele foi trabalhar, ainda assim nunca deixa de perguntar.

Conversamos sobre a escolinha e achamos melhor esperar alguns meses, tudo tem estado tão confuso, quero que ela se sinta segura e amada, antes de deixá-la ficar algumas horas longe.

O som do elevador subindo chama minha atenção e sorrio ao olhar o relógio, passa das 17:00hr o que significa que só pode ser o Lucca. Amy fica em pé no sofá tão animada quanto eu. Desliga a televisão e pula no chão rindo.

- Vou me esconder mamãe, diga que fui embora... - Ela corre para o canto e se esconde atrás de um vaso, próxima ao aparador.

Sorrio novamente, é maravilhoso ver minha menina tão feliz. Olho pro elevador e sinto o ar me faltar, quando ele abre e não é Lucca a entrar e sim Olavo.

Ele sorri maldoso e sinto minhas pernas falharem. Olha ao redor analisando tudo e aproveito seu momento de distração e faço um sinal de silêncio pra Amy que cobre o rostinho assustada.

- O que faz aqui Olavo, perdeu o juízo... - Murmuro trêmula e ele volta sua atenção pra mim. - É melhor sair, o Lucca já está chegando, não vai querer que ele te ache aqui!

- Talvez, sobrinha amada, queira saber que seu herói está na casa da mamãe... - Ele gargalha me olhando. - Seu namoradinho não vai chegar agora. Isso me dá tempo o bastante para acertar minhas contas com você antes de deixar o país.

- O que você... - A frase morre em meus lábios, tamanho medo que sinto.

- Achou que ia ferrar minha vida e se livrar? - Ele movimenta o indicador em um sinal negativo enquanto se aproxima. - Vai pagar com a vida sua vadia...

Viro para tentar correr mas ele gruda em meus cabelos com violência me fazendo gritar de dor. Sinto o puxão no braço e ele me arrasta em direção aos quartos. Olho pra Amy uma última vez e coloco novamente o dedo sobre o lábio pedindo silêncio, ele não pode vê-la aqui!

Sinto um ardor terrivel no couro cabeludo e lágrimas grossas banham meu rosto, mas permaneço em silêncio com medo de provocar ainda mais ódio dele. Sinto um baque na cabeça quando ele me joga no chão e me choco contra a quina da cama.

A visão fica turva e sinto o líquido grosso descer na lateral do rosto. Puxo o máximo de ar possível, mas sinto dificuldade em manter os olhos abertos.

- Pensou mesmo que ia vencer Alíce... - Ele anda ao meu redor e se ajoelha apertando meu rosto entre os dedos. - Vai pagar pelo que me fez!

Ele empurra meu rosto com brutalidade e um segundo depois sinto puxar meu cabelo novamente me arrastando pra longe da cama. Sinto meu corpo enfraquecer e ele volta a caminhar ao meu redor enquanto apenas olho para o teto tentando continuar lúcida.

Ouço ele falar coisas desconexas e minha cabeça gira tanto que simplesmente não consigo compreender nada do que é dito.

Penso em minha menina, ela ficará bem, o Lucca é um bom homem, vai protege-la, sinto o amor que ele nutri por ela e isso me alivia. Também tem Hector, ele ama Amy tanto quanto o Lucca e eu, cuidou dela por meses, continua se preocupando mesmo de longe. Não pude descobrir se é realmente meu pai, mas nesse momento, meu coração grita que sim e só queria poder abraça-lo.

- Quando eu terminar, vou te deixar aqui, para aquele babaca entrometido encontra-la e sentir eternamente a culpa por não tê-la protegido... - gargalhou gélido e senti meu coração se partir. - Vou faze-la morrer lentamente!

Senti a pancada forte nas costelas quando seu pé me atingiu com força e imediatamente senti o gosto ferro do do sangue em minha boca e tossi cuspindo. Ele sorriu satisfeito desferindo outro chute e um grito sôfrego deixou minha garganta, sem que eu pudesse conter.

Os acontecimentos seguintes foram confusos. Em um segundo Olavo estava me chutando e no outro estava caído no chão ao meu lado, Lucca sobre ele, desferindo inúmeros socos. Olhei pro rosto do Lucca assustada, mas já sem forças cai na escuridão.

[...]

Lucca Albuquerque

Entro no quarto com pressa e vejo o exato momento em que Olavo me olha assustado, sinto meu auto-controle se esvair e vou pra cima dele, assim que nossos corpos se chocam ele cai e me ajoelho sobre ele o esmurrando. As mãos latejam e mesmo vendo o sangue escorrer de seu rosto já desacordado, continuo.

Penso na pequena garotinha assustada, na despensa da cozinha e imediatamente saio de cima de Olavo para encontrar Alíce desmaiada ao lado. O corte na cabeça parece fundo e o canto da boca está manchado com sangue. Sinto o corpo fraco mas abaixo ao seu lado e puxo uma camiseta de cima de uma cadeira para tentar conter o sangramento na cabeça.

- Alí... - Chamo tocando seu rosto. - Amor fala comigo.

Lágrimas molham meu rosto e mentalmente faço uma prece, pedindo que ela fique bem. Não é justo que algo aconteça agora. Suspiro aliviado quando ela abre levemente os olhos e curva os lábios em um casto sorriso.

- Vai ficar tudo bem! - Aviso a ela que permanece me olhando. - Eu prometo...

- Lucca... - A voz alta do Henry me chama atenção e ele e o tio Leo invadem o quarto com armas nas mãos. - Mas que filho da puta.

- Ela está bem? - Meu tio pergunta se abaixando ao meu lado. - Esse cara vai pagar Lucca, vou me certificar disso!

- A Polícia está chegando. Chamei uma ambulância também. - Henry volta a falar e suspiro.

- Filho... - Olho pra porta e encontro meu pai com seu olhar preocupado. - Quase morro do coração... - Murmura se abaixando ao meu lado. - cadê a Amélia?

- Dispensa... - Aviso e antes que ele deixe o quarto policiais e uma equipe médica começa entrar.

- Precisa se afastar agora senhor. - Uma moça pede e olho pra Alíce um tanto receoso. - Precisamos tira-la daqui rápido, mas precisa se afastar.

- Lucca, a Amy... - Henry murmura e saio do quarto seguindo meu pai que já foi.

Assim que entro na cozinha ouço o choro compulsivo e vejo meu pai ajoelhado de frente pra ela. Ela continua encolhinha com o rostinho entre os joelhos, soluçando em meio as lágrimas.

- Tudo bem Amy, eu sou o papai do Lucca lembra? - Ele murmura. - Está segura agora.

- Não... - Grita sem nos olhar. Toco o ombro do meu pai que levanta se afastando e me baixo próximo a ela. Seguro o bracinho gordo e ela se chacoalha apavorada. - Por favor não, não...

- Amy sou eu, tudo bem meu amor... - Falo calmo e ela levanta os olhos receosa, mas assim que me vê se joga em meus braços e a aperto, tentando acalmar nossos corações atormentados pelo medo. - Estou aqui agora, vai ficar tudo bem. Nunca deixaria nada acontecer com você...

- Fiquei com medo papai...

***

Papaaaaai

Resolvi deixar um capítulo pro
fim de semana kkkk.

Logo sai mais um viu, vamos torcer pras coisas se ajeitarem, mas já aviso, que nem tudo
são flores ok?

Até o próximo capítulo, não esqueçam de votar e comentar bastanteeee...

Amo vocês meus anjos,
beijinhos... ❤😍😙

Reaprendendo a Amar - Série:AMORES Onde histórias criam vida. Descubra agora