Capítulo Dezesseis

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Lucca Albuquerque

Deixo a empresa perto das cinco da tarde. Por mais que eu tente ir pra casa cedo, nunca consigo. Tem sempre relatórios demais para ler, planilhas para analisar, coisas demais para fazer, então o mais cedo que consigo ir, é no fim do expediente, quando a grande maioria dos funcionários estão indo também!

Comprimento alguns conhecidos no caminho até o estacionamento e suspiro aliviado, quando finalmente entro no carro. Ligo som e uma música calma toca na rádio, então apenas ligo o carro e ganho as ruas. Paro em um sinal e observo o movimento das ruas principais.

Repasso na mente o dia em que Amélia conversou com a psicóloga e com o delegado, Alíce não conseguiu ficar então acabei assistindo tudo da sala ao lado. Lembro-me do rosto tranquilo da garotinha que desenhava em uma mesinha enquanto a psicóloga falava sobre amiguinhas e a escola. O sorriso leve se transformou, a respiração ficou pesada e era visível o medo que sentia quando a mulheres citou o nome do Olavo.

A psicóloga evitou falar diretamente dele, mas sempre conseguia alguma informação importante enquanto falava sobre o convívio com a mãe. O delegado, que assistia tudo ao meu lado, em uma sala anexa, de onde podíamos vê-las enquanto conversavam, ficou visivelmente afetado com pequenos relatos que a pequena contava.

Deixo meus pensamentos de lado quando o sinal abre e avanço no trânsito. Lembro que preciso passar na casa dos meus pais e desvio o trajeto indo em direção ao condomínio onde cresci. Passo pela portaria e comprimento o velho senhor que trabalha ali desde a minha adolescência. Assim que estaciono em frente a casa, Louis corre risonho em minha direção sendo seguido por Buddy, o grande labrador que lhe faz companhia a alguns anos.

- Luc... - Ele corre de braços aberto e me abaixo para aguarda-lo.

- Eu garotão! - Levanto o erguendo comigo e Buddy animado, pula sobre nós dois. - Está cada dia mais grande, daqui a pouco está maior que eu.

- Mais bonito também. - Murmura sincero e rio de sua auto-estima elevada.

- Com toda certeza. - Gargalho o pondo no chão e passo a mão no grande desastre a minha frente. - Tomou banho hoje não é rapaz, estou sentindo cheiro do seu shampoo...

- Eu e a mamãe que o levamos! - Louis conta orgulhoso e sorrio.

- Onde a mamãe está? - Pergunto caminhando até a porta.

- Na cozinha... - Grita ao voltar a correr com Buddy.

Entro na casa tranquilo e vou direto pra cozinha, olho ao redor e não encontro minha mãe, apenas pego uma maçã e sigo comendo, ela deve estar no escritório. Novamente perco a viajem e bufo ao constatar que ela não está lá. Vou pra sala e deito no sofá antes de gritar por ela. Não importa o que ela esteja fazendo, assim que um dos filhos grita, ela larga tudo e sai a procura, deve ser coisa de mãe isso!

- Lucca? - Ouço sua voz vindo da escada e sorrio. - Filho, é você?

Ela entra na sala curiosa e sorrio sentando, ela mostra os dentes animada e se aproxima de braços abertos, me aperta o pescoço e a abraço rindo do exagero dela, que me viu, hoje de manhã.

- Mãe está me sufocando... - Aviso apertando sua cintura e ela me solta risonha. - Quando os filhotes do Buddy chegam?

- Eles nasceram a dois dias Lucca... - Ela nega com a cabeça. - Eles precisam completar 45 dias!

- Quantos filhotes? - Pergunto antes de voltar a morder a maçã.

- Seu pai ficou com três. Foram oito filhotes, a casa vai ficar uma loucura!

Reaprendendo a Amar - Série:AMORES Onde histórias criam vida. Descubra agora