Absorto em você

Ondas.

Capítulo vinte

A viagem de ônibus foi a mais cansativa que Yugyeom precisara fazer em um bom tempo. Felizmente, por sorte ou não, Mark o manteve bem ocupado com conversas, beijinhos discretos e caricias que o relaxaram. Dormiu depois de um tempo sem nem mesmo perceber, acordou quase o ao fim da viagem. O americano fazia um carinho gostoso com o polegar em sua mão, cantarolava baixinho a música que tocava no fone em que dividiam enquanto o olhar estava perdido em algum lugar do assento da frente. Yugyeom sabia que tinha algo de errado com ele, mas depois da breve explicação que recebera estava levemente mais tranquilo, então decidiu apenas deixar com que ele viesse e contasse no tempo preciso. Não forçaria Mark a falar, entendia que o mais velho não funcionava bem dessa forma, que ele odiava se sentir pressionado por alguém que gostava — foi estudando muito Youngjae, que tinha a mesma personalidade difícil e forte, que Yugyeom conseguiu interpretar um pouquinho que era Mark Tuan e seu lado negro. Em um geral, a viagem foi tranquila, mas quando chegassem na casa de Jaebum a única coisa que o Kim queria fazer era deitar-se em uma cama e aconchegar-se entre algumas cobertas quentinhas.

Era fim de tarde do dia seguinte quando finalmente chegaram. O sol estava indo embora, o brilho rosado e amarelo iluminava as ondas calmas do outro lado da rua. A casa de Jaebum não era pequena, longe disso, parecia cheia de quartos e salas, mas ambos os garotos estavam cansados demais para analisar cada cantinho. Era uma estrutura bonita em uma combinação de madeira escura e vidro, o lado dedicado ao curso de engenharia de Yugyeom quase o fez travar na porta observando tudo, mas Mark o puxou pela mão dizendo que logo anoiteceria e que tudo que ele queria era um bom banho e uma cama quentinha. Não mexeram em nada do primeiro andar, apenas deixaram algumas caixas com bebidas e salgadinhos que Youngjae pediu que levassem e estocassem. Subiram com as poucas malas que levaram e escolheram logo o primeiro quarto. Yugyeom se jogou na cama sem sequer ter deixado as bagagens arrumadas em um canto, o corpo enorme estava cansado e pedia por aquela superfície macia. Mark, ao contrário desse, queria tomar um banho e tirar a sensação pesada do corpo — e arrastou o Kim consigo, mesmo que o maior estivesse todo mole sobre seus braços. Não tomaram banho juntos, entretanto, Yugyeom sentou-se no vaso e enrolou até Mark terminar.

Depois ambos adormeceram juntos. Mark com a cabeça deitada no peito largo de Yugyeom, o pesar na consciência o incomodando ainda mais. O mais novo, ao contrário dele, estava feliz. Fazia um bom tempo que não se sentia completo com alguém, que não se sentia amado de alguma forma.

***

Youngjae pensou que nunca mais sonharia com Oh Jaebum. Pensou que por causa do sorriso de Im Jaebum, aquele cheio de dentinhos brancos alinhadamente perfeitos, nunca mais temeria nada relacionado ao seu passado e problemas não resolvidos. Youngjae sempre foi sonhador demais, e isso não era exatamente uma característica ruim, mas quando envolvia uma questão sentimental e profunda demais acabava por se tornar um estorvo. Quando acordou naquele fim de tarde, depois de longas aulas sem muito conteúdo, ele não se imaginava sendo vigiado por Jaebum, mas era impossível que isso não acontecesse quando se debatia violentamente na cama e gritava súplicas por liberdade. Jaebum não tinha a intenção de acorda-lo, no entanto, sabia que era algo que apenas o Choi poderia resolver, e se ele tivesse que fazê-lo sozinho então o mais velho não interferiria. Mas estava preocupado, claro que estava. Youngjae conseguia gritar tão alto quanto gargalhava por coisas triviais, e isso assustava Jaebum ao ponto de precisar ficar ao lado dele torcendo para que os olhos opacos finalmente se mostrassem. Felizmente isso não demorou tanto para acontecer, e quando finalmente caiu em si a primeira coisa que o mais novo sentiu foi o abraço acolhedor do Im. Aqueles braços pareciam certos para si.