Absorto em você

Fotografias que pretendo esconder.

Capítulo seis

Mark entrou apressado no quarto, retirando seu moletom e o jogando de lado. Estava estressado, sentia que poderia bater em qualquer coisa ou quebrar tudo que visse pela frente. A raiva estava tomando conta de cada célula de seu corpo, o cegando completamente. Rumou diretamente ao banheiro, esbarrando na parede no caminho e murmurando vários palavrões em inglês. O americano estava tão distraído sobre o mundo a sua volta que sequer notou Yugyeom deitado em sua cama, relaxando antes das aulas começarem. O Kim se assustou ao ver o mais velho entrando no quarto de forma tão abrupta, mas não disse nada. Depois do que tinha visto mais cedo, compreendia de alguma forma que o Tuan precisava de seu próprio tempo para conseguir lidar com as coisas — mesmo que o mais novo estivesse curioso o suficiente para arriscar perguntar, preferiu ser discreto.

Passados alguns minutos naquele silêncio irritante, o barulho de água começou. O chuveiro tinha acabado de ser ligado, e isso fez o Kim relaxar um pouco mais. Mark deveria estar tirando todo o peso de sua consciência com o banho, e caso isso não funcionasse Yugyeom daria um jeito de oferecer um ombro amigo para ele, mesmo que não tivesse a intenção de dizer que tinha presenciado o pequeno acontecimento mais cedo. Mark não precisava saber que estava junto de Youngjae o observando por alguns minutos, assim como também não precisava saber que estava mais preocupado do que o normal com alguém que tinha conhecido há apenas alguns dias. Todos tinham suas maneiras de lidar com problemas ou situações, e se a do americano fosse brincar de quebra ou deixa passar, Yugyeom seria um alvo para ele.

Bom, pelo menos por um tempo. Apanhar de graça por causa de um amigo não deveria ser exatamente legal, mesmo que aliviasse um peso na consciência de ambos.

Mark saiu do banheiro apressado, vestindo apenas uma camiseta enorme que cobria até a metade de suas coxas brancas. Os cabelos castanhos estavam molhados e bagunçados, mas ele pouco se importava com isso. Assim que saiu, deu de cara com Yugyeom lendo, ou pelo menos fingindo ler. Sua expressão de surpresa agradou de começo o Kim, que tentou ao máximo não rir da situação, entretanto ela logo fora substituída por algo como preocupação, que também deixou Yugyeom do mesmo jeito. Antes de conseguir falar, ou sequer abrir a boca, Mark correu até o guarda-roupa retirando qualquer calça ou short de dentro dele, vestindo rapidamente. Ainda não eram exatamente os melhores amigos super íntimos, então era bom mostrar um pouco de respeito ao mais novo ao invés de usar qualquer coisa no quarto que era de ambos.

— Hey, eu não vi você aí — sorriu sem jeito.

Yugyeom guardou de lado seja lá o que estivesse lendo, sorrindo envergonhado e sentando-se em sua cama.

— Está tudo bem, eu mesmo nem pude ver você chegando direito — soltou um risinho, calçando seus tênis e se levantando — Eu vou pra aula agora, você pretende faltar?

— É — murmurou envergonhado, coçando a nuca desajeitado — Não estou me sentindo muito bem, sabe, dor de cabeça.

— Entendi — assentiu rumando até o mais velho, tocando o ombro dele e fitando as orbes escuras — Ei, você sabe, né? Eu e Youngjae estaremos aqui pra você a qualquer momento e situação, hyung.

Mark, de alguma forma, sentiu que ele sabia mais do que deveria, mas isso não o deixou bravo ou irritado, apenas estranho. Ninguém tinha se preocupado antes, e se tinha, não tomou atitude sobre isso, então ver o Kim dizendo palavras tão gentis era estranho, mas ao mesmo tempo acolhedor. Sentia algo nele e em Youngjae que não conseguia explicar, mas se assemelhava a sensação de estar com os pés na areia quente enquanto observava o sol se pôr, quando ainda morava nos Estados Unidos. Era um sentimento reconfortante, que fazia o americano querer estar sempre abraçado dele enquanto era mimado por aqueles que o transmitiam sensações tão tranquilizantes.