Absorto em você

Nós (todos) ficamos bem.

Epílogo

Youngjae respirou fundo pela sétima vez naquela manhã.

— Im Jaebum, se você não me disser o que está acontecendo nos próximos cinco segundos nós infelizmente vamos ter que apodrecer juntos em um cemitério porque eu vou te matar e ir junto depois!

— Jae, calma! — o mais velho riu sonoramente, logo puxando o namorado até a sala — Os meninos estão jogando Jenga, vamos acompanhar eles!

— Você não vai me enrolar, hyung! — o moreno cruzou os braços e estreitou os olhos — Você tem estado muito sorridente ultimamente, o que eu adoraria poder ver sempre, mas não é exatamente o tipo de sorriso feliz e sim aquele meio malandro. Desembucha!

Chegaram na sala entre uma pequena discussão, Jaebum estava com um sorriso quilométrico que parecia poder rasgar a boca dele enquanto Youngjae continuava com a pose séria e irritada. Sentados no chão em volta do Jenga, Yugyeom descansava a cabeça no ombro de Mark e ria de Jinyoung, que frustrado por ter derrubado a torre por causa do gritinho de Jackson descontava todas as suas tristezas no colo de Bambam, que jogava alguma coisa no telefone totalmente despreocupado. Todos os garotos pararam ao ver Youngjae gritando com Jaebum pensando ser algo sério, mas quando viram o mais velho rir da pose assassina do mais novo entenderam que tudo estava bem. A casa dos pais do Im estava bem barulhenta naquela noite, Jaebum por um momento pensou se seus progenitores não adorariam as risadas calorosas, uma pena que eles estavam viajando.

— Ok, eu vou te contar — Jaebum puxou o namorado pelo braço, Youngjae ainda estava bravo — Mas você tem que me dar um beijo.

Um coro de "ew" foi ouvido, Youngjae não conseguiu deixar de rir.

— Vocês dois, arrumem um quarto! — Mark gritou rindo.

— Mas é só um beijo! — Youngjae resmungou envergonhado.

— Mas é Im Jaebum que está pedindo esse beijo, ele é maníaco sexual! — Jackson disse rindo, e precisou desviar da almofada que lhe foi lançada pelo mais velho. Todos os garotos riam.

— Vamos, hyung. Eu te dou seu beijo e você me diz o que está acontecendo, mas longe desses pestinhas!

Ambos saíram de mãos dadas da sala e seguiram até o lado externo da casa, caminhando pela plantação de vinho rumo até a pequena casa da árvore do Im. Youngjae não tivera a chance de realmente estar lá depois do pedido de namoro, e já ia completar quase um ano. Quando visitavam os pais de Jaebum — ocorria nos fins de semana quentes, porque também compartilhavam a casa da praia junto com todos os meninos — geralmente não tinham tempo para ficar transitando de lá até a casa principal, e era por isso que não costumavam muito visita-la. Mas estavam de férias agora, e Jaebum tinha uma surpresa esperando para mostrar a Youngjae já fazia um bom tempo. Era verdade que o Im estava com um sorriso estranho recentemente, e Youngjae, que era extremamente absorto nele, não pode deixar isso passar batido. As suspeitas do Choi foram confirmadas quando percebeu que todos os meninos sabiam de algo, menos a si. Ou Jaebum tinha aprontado, ou ele estava prestes a aprontar.

— Eu espero que você goste! — o mais velho disse sorrindo, subindo primeiro — Cuidado ao subir.

Youngjae foi logo atrás do mais velho, e quando chegaram na casa ele comtemplou a visão das costas de ombros largos e da pequena diferença de altura entre os dois. Jaebum estava virado de costas para si, e provavelmente segurava algo nas mãos porque estava cuidando desse algo com um zelo enorme. Youngjae tentou se virar para ver, mas o Im fez isso antes.

— Surpresa! — o sorriso dele era gigante — Esse é o Kunta!

O grande felino de pelugem negra — ao menos maior que Odd — miou preguiçosamente e se enrolou nos braços de Jaebum cheio de manha, levando Youngjae a pensar se o mais velho não tinha o escolhido por ser tão parecido consigo. Felizmente o Choi não espirrava mais perto de felinos, então não ficou receoso perto dele.

— E por que você adotou outro gatinho? Não que seja ruim, e não precisa ter motivo, eu só gostaria de saber — murmurou sorrindo suavemente, tocando o felino e o vendo olhar para si curioso.

— Nós adotamos. Esse é o nosso primeiro filho juntos.

Youngjae estreitou os olhos.

— E Nora e Odd são seus filhos com quem, Im Jaebum?

Uma coisa que mudara com o tempo era que Youngjae conseguia ficar ciumento bem facilmente, coisa que acarretava muitas risadas entre os garotos mas também fazia Jaebum perceber o quanto era amado. Mark mesmo, que já tinha experimentado do ciúme de Yugyeom e hoje fazia de tudo para não provoca-lo, dissera que dava pra ver nos olhos de Youngjae o quão irritado ele ficava, mas também o quão receoso em perdê-lo ele parecia. Essas poucas coisas faziam o peito do Im se encher de felicidade, e mesmo que ele não gostasse de provocar Youngjae às vezes era muito engraçado vê-lo de bico emburrado pelo resto da manhã na faculdade só pra poder fazê-lo sorrir depois.

— Com ninguém, Youngjae. Eu sou pai solteiro.

— Sei — o moreno murmurou, seus olhos ainda eram fendas — Vem cá, deixa eu segurar o nosso filho novo.

Jaebum entregou Kunta nos braços de Youngjae e viu pelos próximos minutos o mais novo brincar com o felino. Era engraçado como eles dois também se pareciam, afinal Kunta conseguia fazer muita brincadeira e arrancar gargalhadas de Youngjae, que também alegrava o gato de um jeito ou de outro. Jaebum ficou os observando bobo, um sorriso pequeno em seus lábios denunciava o quão feliz ele podia estar naquele momento. Não haviam mais crises, remédios, pesadelos ou lágrimas de repente, Youngjae estava bem melhor, Mark e Yugyeom conseguiram se recuperar das feridas com dois meses e Jackson, Jinyoung e Bambam já tinham levado a relação a três a outro patamar. Nunca em sua vida o Im vira as coisas ficarem tão tranquilas em tanto tempo, e ele esperava que elas pudessem continuar assim para sempre — mesmo que não se iludisse sobre, pensar dessa forma era melhor do que tentar prever futuros problemas entre eles.

— Você está tão absorto, parece até eu há uns meses atrás — Youngjae comentou rindo.

E Jaebum abriu um daqueles sorrisos que depressão nenhuma conseguia fazer ficar enjoativo.

— Absorto em você.