Emma on
Zoey apertava meu pulso com força. Provavelmente, Andrew ainda corria atrás de Louis. Eu sei que é errado, mas eu espero que Louis consiga fugir. Espero que Andrew falhe humilhantemente.
-Zoey, fica calma.- pedi para que ela parasse de machucar meu pulso. Ela o largou e respirou fundo.
-Desculpe, estou um pouco nervosa.
-Por quê?
-Porque um maluco acabou de fugir bem na minha frente.
-Ele não é maluco. Não fará mal.
-Tem certeza disso?- ela me fitou com os olhos verdes. Sua pergunta me soou mais como um alerta do que uma dúvida. Não respondi.
Minutos depois, Andrew apareceu na minha sala, ofegante e suado. Achei que ele tinha caído em uma poça d'água, ou algo assim, porque simplesmente não entendo como ele conseguiu suar tanto.
-E aí?- perguntei só de maldade mesmo.
-Ele fugiu, oras!- exclamou com as mãos nos joelhos e o corpo curvado, tentando recuperar o fôlego.- Eu não sabia que esse prédio tinha tantas escadas...
-Claro, você só consegue usar elevadores.- ouvi Zoey murmurar, mas acho que ele não escutou.
-Eu tenho que alertar as autoridades.- Andrew disse assim que pareceu recuperado.
-Isso... será mesmo necessário?- o que raios estou dizendo?
Andrew levantou uma sobrancelha.
-Claro!
-Mas ele não é nenhum criminoso. É só um... maluco.- forcei a dizer a última parte. Maior mentira que eu já disse.
-Ele matou a própria namorada, sabe se lá o que pode fazer fora do Hospício!
-Não foi bem ele que matou.- sussurrei pra mim mesma.
-Tenho que ir, se eu souber de algo, aviso a você. Louis não pode se manter escondido por muito tempo. Não sozinho.
Andrew saiu da sala, o nervosismo estampado em seu rosto. Comecei a me preocupar com Louis.
-Cara...- Zoey chama.- Essa foi a coisa mais doida que me aconteceu esse ano.
-Vai ficar tudo bem.- afirmei.
-Sinto muito.
-Pelo quê?- apoei as mãos sobre a mesa.
-Eu sei que você gosta do Louis. Deve estar morrendo de preocupação agora.
Abaixei a cabeça.
-Ele vai saber o que fazer.
Acabei por fechar as portas mais cedo. Não teriam mais pacientes mesmo, e não estou em um bom dia para arrumar papéis sobre a mesa. Saímos pela porta, Zoey foi até o seu carro e eu caminhava até o meu. Eu só quero saber do Louis. Preciso saber onde ele está. Eu prometi que não o deixaria, e agora? O que vou fazer?
Zzzz
Zzzz
Zzzz
Algo vibrando em meu bolso tira-me dos meus pensamentos. Meu celular. Pego ele e nem olho no ecrã quem era. Simplesmente atendo com o meu mais péssimo e triste "Alô?".
-Ainda está comigo?
Essa voz... Como é bom ouvir essa voz perfeitamente fina e rouca.
-Louis!- exclamo parando de andar no mesmo segundo. Depois, abaixo o tom de voz.- Como você tá me ligando?
-Esqueceu que você me deu um celular?
-Estava contigo?
-Sim... eu acabei de o encontrar no bolso da minha calça. Devo ter o colocado aqui ontem.
-Ai meu Deus, você está bem? Onde você tá? O que vai fazer?
-Hey, calma. Eu preciso de você, Emma. Tipo... agora. Não tenho pra onde ir, e isso é humilhante.
-Aonde você está?- repeti.
-Praia.
-Você correu até a praia? Sério?
-Não é tão longe.
-Tá bem, estou indo.
Desliguei e corri até o meu carro. De tanta ansiedade, acabei deixando as chaves caírem umas duas vezes. Na terceira tentativa, enfim destranquei o carro e me pus a caminho da praia.
Comecei a dirigir mais devagar, tentando encontrar Louis dentre tantas pessoas.
Até que uma batida no vidro do carona me faz pular do banco. Era Louis, e ele ria, provavelmente, feito uma hiena.
-Ai, seu idiota!- reclamei enquanto ele entrava no carro.
-Desculpa, eu não queria te assustar.- disse ainda entre risos.
-Você é tão estúpido!
Ele continuou rindo. Cruzei os braços e fitei seus olhos. Desde criança, quando uma pessoa me assusta, eu fico irritada com ela, talvez o dia todo. Odeio quando fazem isso.
-Não fique irritada comigo, pequena.- Louis encerrou as risadas e deu lugar a um sorriso bobo.- Você não ficou com saudades?- ele abriu os braços.
Filho da mãe, cheio de razão.
Ataquei seus lábios no mesmo instante. Era meio desconfortável beijar dentro de um carro, até porque o meu não é tão espaçoso. Mas o que importa? Eu beijava Louis Tomlinson. Sua mão foi parar em meu rosto e a outra apertava meu braço. Separei o beijo e juntei nossas testas.
-Saudades disso também.- adimiti, fazendo Louis rir. Seus olhos estavam mais azuis que o normal e tive medo de eles ficarem negros naquele momento. Mas não aconteceu.
-Você já parou pra pensar que estou livre temporariamente?- ele perguntou, fazendo carinho em meu rosto com o polegar. Sorri.
-Isso é bom e ruim. Bom pra nós, ruim pra eles.- respondi.
-Exatamente. Mas quer saber? Quero que eles se fodam.
Ri e dei mais um selinho em Louis. Nos afastamos e Louis enconstou suas costas no banco, dando um longo suspiro em seguida.
-É estranho...- comentou.- Estranho a sensação de felicidade. Ainda não me acostumei com isso.
[...]
Dirigi até minha casa. Estacionei na calçada, e de repente, começou a chover assim que fechei a porta do carro. E foi uma chuva bem forte.
-Corre, negada!- Louis exclamou correndo pela chuva até mim. Eu gargalhava feito uma idiota. Mas uma idiota feliz.
Senti suas mãos me puxando até a entrada da minha casa. Minhas costas bateram na porta e Louis estava praticamente colado ao meu corpo, seu rosto a centímetros do meu. Ele apoiou as mãos na porta, uma em cada lado da minha cabeça. Seus olhos pareciam analisar cada parte do meu rosto, e acabei sentido vergonha disso. Mas ele continuou e no final, um pequeno sorriso surgiu no canto de sua boca.
-Eu te amo tanto.- ele sussurrou as palavras.- Queria poder te amar sem me preocupar com nada.
Por conta da chuva, Louis estva todo molhado, e seu cabelo pingando gotas d'água em minha roupa só aumentava a minha vontade de beijá-lo. Eu queria agarrá-lo ali mesmo, mas não. Isso seria estranho, até mesmo pra mim. Mordi o lábio.
-Eu tenho uma boa notícia pra você.- falei.
Ele se aproximou, colando nossas testas. Seu silêncio me permitiu sussurrar as palavras:
-Eu sou toda sua. Eu te amo tanto que ninguém pode estragar isso. Não ligue para os outros. Aproveite o que tem agora. Ame a mim, Louis.
Por Deus, aquele garoto me deixou tão louca que eu nem me liguei direito do que falava. Mas parecia ter funcionado, porque Louis abriu um sorriso malicioso, mas inocente. E eu gosto disso.
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Voices |L.T|
Fiksi PenggemarEles acham que sabem de tudo. Já me chamaram de louco, idiota, assassino e, até mesmo, demônio. Talvez eu realmente seja um quando meus olhos escurecem e sinto todo o ódio envolver a minha alma. Eu me torno outra coisa, uma coisa que eu odeio. Mas...