Gus

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"Falaê, já tá na sacanagem?"

"Mas é claro! Ou você acha que só você pode? Aí, a festa tá show! Você ia amar isso aqui!"

"Porra, muito obrigado, vacilão. O dia hoje foi longo, tô morto... quem é que está aí contigo dando risada?"

"Ah, é a Sara."

"Sara? Da vovó?"

"Que trabalha com a sua avó, sim. Gente boa! Quando você voltar, a gente marca..."

"Valeu. Tenho que desligar."

Puta que pariu... Ruan é foda! Nem perde tempo. Pelo visto desde o dia do jantar que falei a ele que a Sara era diferente, especial até mesmo pra minha avó, que ele já correu pra conferir se era isso tudo mesmo.

Rolei a noite toda pela cama pensando em como estaria a festa, quem teria ido, quem daria pt, se ela  já estava amiga dos meus amigos, se optara por tênis e jeans ou salto e vestido. Devia estar linda de qualquer jeito.

Comecei a mexer no celular na tentativa de fazer o tempo passar mais rápido, dei de cara com um e-mail da Celina... tá de sacanagem!

"Ainda não acredito que você me deixou aqui
SOZINHA, sem nem ao menos me dizer aonde iria. Saudades. Te amo."

Essa foi a primeira de umas 15. Nem me dei o trabalho de ler as outras. Foram todas para o lixo.

Dei uma olhada no Instagram e vi o story do Ruan, estavam todos dançando e cantando no videokê no bar do Alô, onde sempre íamos com a galera da faculdade. Num deles, eu vi a Sara, linda, numa blusa preta com um decote, cabelos soltos, com uma garrafa de cerveja na mão, sorrindo, linda, linda, linda, e pelo visto mulher do meu melhor amigo agora. Merda.

*******

Precisei ficar mais uns dois dias até resolver tudo o que a vovó me pediu e voltei doido pra resolver minha vida. Queria dar um basta na Celina e focar no meu trabalho, nos meus projetos. E mulher para mim, por um bom tempo, seria passatempo, de uma noite, sem dor de cabeça, mimimi.

Já fui direto para o restaurante porque precisava levar toda documentação para Juju. Dei uma olhada pelo salão e não vi nenhuma cabecinha de coque quase desfeito e aqueles olhos... ela não está aqui.

Abri a porta do escritório e fui surpreendido com a Sara.

"Oi. Você sempre atrás de uma porta."

Ela me olhou com uma cara de quem não gostou e percebi a merda que havia falado.

"Não quis te chamar de fofoqueira, (não sabia onde enfiar a cara), mas é porque toda vez..."

Ela sorriu e eu comecei a gaguejar (ridículo).

"Eu entendi." - ainda sorrindo. Aquele maldito sorriso. Dei uma olhadae vi que minha avó não estava. Éramos só nós dois.

"Vi que você e Ruan têm saído, estão se dando bem. Ele é um cara legal. Um coração do tamanho do mundo. Seu único defeito é gostar de sair de coelhinho por aí." - eu tagarelava porque o silêncio me era constrangedor. Era como se estivesse escrito na minha cara "tô a fim de você", devo ter perdido a prática. Ou talvez seja mais constrangedor eu estar a fim de uma mulher linda que está com meu amigo. Isso sim é foda.

Quando ela finalmente esboçou uma reação, dona Juju entrou fazendo a maior festa ao me ver. Foi aí que ela aproveitou pra sair de fininho acreditando que eu não tinha percebido. Como se fosse possível estar no mesmo ambiente que ela e não a perceber.

Minha outra vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora