Ana

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Já estava na segunda caipirinha, quando a Bia chegou com um "amigo" do "amigo" para conversar. Conversa vai, conversa vem, ela já estava rindo até da vírgula que o Mateus dizia, e eu achando tudo ainda mais engraçado por isso. Fomos dançar depois que o Ruan ensaiou um discurso em que todo mundo gritou seu nome sem ao menos deixá-lo falar uma frase completa. Nessa hora vi o Gus dando um abraço meio ogro no amigo, daqueles que esfregam a mão na cabeça e dão um chute na bunda. Homens.

Ele não me viu, mas passei algum tempo observando-o e me perguntando se a vontade de ir lá falar com ele qualquer coisa era do nível de álcool ou de todas as emoções que passei durante o dia.

O bar estava bem cheio, a galera super animada, e o Pedro Henrique, acho que era esse seu nome, já havia me trazido uma outra bebida. Durou pouco a sensação de coragem pra chegar perto do Gustavo e falar "Oi, sou a fim de você."

Olhei pro lado e vi a Bia aos beijos com seu Mateus. O Pedro estava todo simpático e sedutor pra cima de mim. Mas sabe quando a gente olha beeeem e pensa "não é esse"? Pois é, me deu uma frustrada e fiquei imaginando mil coisas para dar de desculpa para não ter que sair com ele.

Desmaio.
Vômito.
Demência.
Bancar a lésbica.

Ah, cara, qualquer coisa.

E quanto mais o tempo passava, mais me batia o desespero porque ele vinha se chegando... Era cheiroso? Era. Bonito? Também. Bom papo? Aham. Mas faltava alguma coisa... ele não era o Gustavo.

Merda!

"Quando o Mateus falou que a Bia tinha uma amiga gata, não imaginei que era tanto assim.",

"Ahammm...", (olhando para os lados procurando a saída de emergência.).

"Você estava tão feliz, agora parece tensa, aconteceu alguma coisa?"

Era essa a hora. Eu tinha que falar uma desculpa que não o fizesse ficar chateado ou com raiva, mas a burra aqui demorou tanto que ele foi se aproximando achando que eu queria um beijo. Espalmei as minhas mãos no seu peito e delicadamente dei um empurrãozinho. Coitado, ele não tinha culpa dessa minha bipolaridade momentânea.

"Banheiro!" (Apontei e sumi.)

Ao sair do banheiro, vi o Gus sentado próximo ao balcão do bar com os meninos e pensei "É agoraaaaa!". Nem olhei na direção do Pedro pra não ter que ver a cara de puto que ele devia estar. Passei por um grupo animado, cantando alguma coisa que vinha do pequeno palco que sempre tinha algum doido pra arriscar passar vergonha no débito. Quase caí em cima de um casal que já estava bem empolgadinho. Inveja.

E quando finalmente atravessei o salão, me aproximando do grupo, fui recebida por Ruan, me dizendo que eu havia armado tudo, que eu tinha a maior cara de boazinha, e ao olhar na direção do Gustavo, tooooda sorridente, dou de cara com ele e Celina. AAAAH NÃO!

Ele me olhou rápido e ficou falando umas coisas com ela que não consegui escutar. Tentei bancar a íntima com os seus amigos para ganhar tempo e pensar no que eu faria. Droga! Me senti uma idiota, que ora ficou dando mole pra um cara que mandou passear, ora ficou viajando na ideia de que chegaria agarrando o neto da patroa e na segunda-feira tudo estaria bem. Ridícula.

Foi aí que a parada ficou mega estranha:

"Você está ouvindo o que estou falando, ou vai ficar a noite toda olhando pra essa ninguém.",

"Cala a boca, Celina!" - Ruan saiu logo em minha defesa, enquanto ela continuava encarando o Gustavo, com as mãos na cintura.

A ninguém era eu. Foda-se! Mas saber que o Gus estava olhando pra mim, lavou a minha alma.

Na hora me deu muita vontade de rir, porque era como se eu visse tudo em câmera lenta pensando no que minha mãe faria. Ela ia bancar a louca como sempre. Ia encher a cara, subir no palco, cantar e dançar a noite toda. Só pra irritar.

Era isso!

Há tempos que eu tinha que engolir aquela garota arrotando soberba e desdém, ao mesmo tempo que se fazia de injustiçada por todos. Ela me irritaria de graça na vida.

Ela era bonita? Sim.
Se vestia bem? Simmm.

A princípio seria uma competição beeeem desleal, porque eu sempre fui a bonitinha, nunca parei o trânsito. Mas tinha alguma coisa me instigando, querendo provocá-la. E saber que ali eu tinha a atenção dele e não ela, foi a gota d'água. Depois, em casa, com a cabeça no meu travesseiro, curtindo minha ressaca, eu me consideraria uma pessoa imatura e até farinha do mesmo saco que a Celina, achando que o mundo tem culpa por tudo o que perdi na minha vida. Que só porque estou na merda, preciso descontar nos outros. Mas... até lá...

Saí de trás do Ruan com um sorrisinho daqueles capaz de deixar qualquer homem doido e qualquer ex morta de raiva. Passei plena pelos três, me debruçando no balcão pra pegar uma cerveja. Eu sabia que agora sim ele teria motivo pra não parar de me olhar.

Hora do show.

Coisa boa é dançar de se acabar quando se tem alguém morrendo de inveja de você. Gente, isso é libertador! Passamos umas 2 horas acabando com o estoque de bebida da festa. E em meio a esse tempo, muita coisa aconteceu:

1.Ruan ficou muito bêbado. E muito engraçado também. Beijou todo mundo. Cantou no videokê Evidências e levou a galera à loucura!

2. Bia ficou numa de consolar o Ruan e ficou com ele. (Saldo da noite: 2).

3. Mas antes dessa de novo casal, a gente se divertiu muito cantando, eu fiquei mais de backing vocal, dando uma assistência aos amigos, focando nas performances.

4. Percebi que a Celina foi pra fazer cena. Disse que o Ruan também era amigo dela. E o Ruan já bêbado disse que só a suportava porque era amigo do Gus. Foi bem animada a noite.

5. O Pedro, num determinado momento, me deu um puxão pelo braço, meio desajeitado que eu quase caí por cima dele. Ele veio dizendo que não tinha entendido nada, porque eu não tinha voltado do banheiro (fiquei me perguntando será que ele achou que eu estava no banheiro até agora? Ou que eu me perdi dele? Kkkkkk). A gente quando está bêbada pensa umas coisas engraçadas. Assim que ele me puxou, falando isso, senti uma mão pela cintura me segurando. Olhei, Gustavo. Putaquepariu.

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⏰ Última atualização: Sep 21, 2018 ⏰

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