Capítulo 8 - Toc Toc

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Já de manhã, eu desperto com o sol batendo no meu rosto. A noite passada não passa de uma vaga lembrança. – Eu espero que continue assim.
Calço as sandálias e me dirijo ao banho. Ao sair, me sinto mais leve, observo as minhas coisas e conjectura a necessidade de organização, mas tirando um ou outro objeto fora do lugar, meus bebes parecem estar em ordem. Coloco a minha música preferida para tocar no celular e sou levada ao mesmo tempo, a uma época da minha vida em que as coisas eram muito mais fáceis. Mas mudanças são necessárias, e eu não aguentaria mais tempo viver na casa dos meus pais. Tudo me lembrava deles. Esse pensamento me faz lembrar que eu ainda não conheci o Sr. Bartholy, e isso é muito estranho. Não é comum deixar a filha pequena sobre os cuidados dos irmãos mais velhos por longos dias. Será que é alguma viajem de negócios? Ou outra coisa.
Um vento forte me atinge em cheio e eu observo a minha janela se abrir sozinha. Uma linda coruja branca entra por ela e pousa sobre o meu guarda roupa. Assustada eu coloco a mão no peito. Ela me olha com grandes olhos amêndoas e pia para mim. Suas penas tem manchas amarronzadas, que as fazem parecer exótica.
– Olá, o que você faz aqui? – Ela permanece me olhando fixamente. Mas loucamente, ela não me responde. Que supressa. Estou completamente fascinada por sua beleza.
– Eu não sei por que, mas eu tenho a impressão que nós nos veremos novamente.
Eu me aproximo com calma do animal, mas ela não parece assustada, e me permite acarinha-la.
– Você é muito linda. – Ela pia de volta, o que eu interpreto como obrigada. A coruja se aproxima e pousa no meu braço. Ela é mais leve do que eu imaginei.
– E se eu te der um nome? O que você acha? – E não acredito realmente que estou conversando com uma coruja, como esperado ela não responde, mas anda um pouco mais para a parte superior do meu braço. Será que ela tem dono? Ela não parece ser de alguém, mas tem um comportamento dócil mais encontrado em animais domésticos e pouco usual para um bicho selvagem.
– Então..... que nome devo te dar? – Eu penso por um momento, e me lembro de um livro que amava quando mais nova.
– Já sei! Lira, esse será seu nome. – Repentinamente ela voa ao meu redor e pousa na janela.
– É um nome lega, você não acha? – Lira olha para mim por um longo tempo, para logo em seguida, voar para longe do meu quarto, debruçada no parapeito da janela eu a observo ir embora.
– Até a próxima.

Chego na sala de jantar com poucos minutos de antecedência, Lorie vem logo atrás, está adorável com o uniforme da escola e está radiante diante da presença dos irmãos, nem parece aquela garotinha de ontem. Enquanto ela está ao redor dos seus irmãos, um sorriso angelical estampa o seu rosto. Reprimo o desejo de revirar meus olhos. Nicolae segura suas pequenas mãozinhas entre as suas carinhosamente e lhe dá instruções para eventuais acontecimentos.
– Eu espero que você goste da escola, não esqueça de nos contar tudo quando voltar.
– Eu prometo, Nick. – Nicolae se encolhe imperceptivelmente diante do apelido, eu sorrio. Ele não parece ser o tipo de pessoa ligada a apelidos, é sempre tão.... formal.
Noto com a visão periférica, o meu lado e percebo Drogo a alguns passos de distância, como se sentisse meus olhos, ele se vira para mim quase que instantaneamente. Ele ergue uma de suas sobrancelhas e eu desvio meu olhar para longe.

Todos estão aqui, menos o Peter, mas isso não é nenhuma surpresa.
– Se você não gostar nós encontraremos uma escola melhor para você..... – Diz Drogo.
– Não, eu já sei que essa será incrível. – Mas é como se ele não estivesse ouvindo.
– .... Ou então nós arrumamos um professor particular para você estudar em casa.
Lorie faz uma careta.
– Não posso fazer amigos se ficar em casa. – Ela tem um ponto, Drogo se encosta emburrado na cadeira. Eu não sei se acho o seu gesto fofo ou exagerado, superproteção às vezes pode ser nocivo.
– Nós alugamos alguns. – Dessa vez eu bufo. Será que ele sempre se comporta desta forma com ela? Porque se for sempre assim, não está ajudando muito na sua educação. Com um irmão como esse, o comportamento intolerável da menina é até compreensível. Intervenho na conversa.
– Não tem por que dar errado, se você for legal, fará vários amigos.
– Eu sempre sou legal! – Enfatiza, ah claro. – Drogo deixa o braço escorregar do braço da cadeira de Lorie e pisca para ela.
– Não dê ouvidos a ela, Lorie. Alisha não faz a mínima ideia de como ser sociável.
– Ah claro, por que você sabe não é? Sr. Gentileza. – Ele parece um menino implicante, é tão chato. Olho para o prato em minha frente e conjecturo atira-lo no garoto, mas logo desisto. Se Lorie já não tem uma boa impressão de mim, agredir o irmão em sua frente não melhorara minha situação. Drogo me olha impassível. Nicolae olha de mim para Drogo e suspira cansado. Não deve ser a primeira vez que presencia esse tipo de comportamento, Drogo deve ter feito o mesmo com as antigas babas, se é que houveram muitas.
– Muito bem... Vamos nos acalmar.... – Certo, certo. Por ele, eu irei.
– Ora, veja, Lorie. Está quase na hora... que tal vestir seu casaco?
Ela me olha carrancuda e cruza os braços ao peito.
– Ainda não.
Nicolae coloca de lado sua xicara de café ainda cheia e levanta.
– Lorie, você ouviu a Alisha, vista o seu casaco.
– Tudo bem. – Ela levanta a contragosto da cadeira e sai pulando para o Hall. Eu faço uma careta. Nicolae percebe a minha irritação e se inclina para mim. As pontas do seu cabelo castanho fazem cocegas no meu rosto.
– Ela vai se adaptar.
Eu aquiesço. Espero de verdade que sim.

Serie Irmãos Bartholy - DrogoOnde histórias criam vida. Descubra agora