E então ela literalmente fugiu de mim! Eu fico parada, confusa para dizer o mínimo. Observo- a ir embora, impotente.
As pressas, eu também vou embora, pois ainda quero aproveitar o máximo que puder do sol antes que ele se ponha, sendo assim mais fácil encontrar o endereço da família Bartholy sem risco de me perder. Se eu tiver sorte, aos poucos conseguirei me guiar e talvez até reconhecer as ruas e a vizinhança. – Só que pensando bem, se eu me basear pelas experiências passadas, inteligência espacial não é exatamente o meu forte. Mas isso é só mais um detalhe.
Começo o trajeto de volta para o hotel e ao longo do passeio eu penso na estranha atitude de Sarah. Mas será que estou fazendo tempestade em copo d'água? Afinal pode ter sido apenas uma coincidência. É isso! Foi só uma coincidência.- Ora, só me faltava essa agora, ver presságios em qualquer coisa! – Eu devo estar ficando paranoica!***
Perto do anoitecer eu já tinha voltado para o hotel. Passei pelo balcão, mas ele estava vazio – como de costume. Então, corri para meu quarto e coloquei algumas das peças de roupa que eu tinha retirado, dentro da mala novamente, chequei mais uma vez as bolsas e liguei para a recepção. - a essa hora talvez Rob já deva ter acordado. O telefone chama duas vezes antes de ser atendido, a voz arrastada de sono não me passa despercebida. Eu fico me perguntando, como alguém com o entusiasmo de Rob pode ter um cargo de "gerente" em um "hotel" – mesmo ESTE hotel, ou qualquer cargo que seja, em qualquer lugar. E não é como se houvesse a remota possibilidade de ele ser o dono, não com esse jeito... peculiar. Já teria ido à falência, mas... pensando bem, talvez tenha sido exatamente isso que aconteceu, explicaria muita coisa.
– Rob, eu preciso de um taxi. – A linha fica muda por quase um minuto antes de ouvi-lo responder irritado.
– Chama você, ora. Não sou seu empregado. – Eu fico estupefata, mas era de se imaginar que o gentil Rob, retrucaria com algo dessa natureza.
– Bem... tecnicamente você é sim. – Rob resmunga palavras que deixariam minha vó realmente irritada, do outro lado da linha, antes de me dizer que o valor pago pelo quarto não tinha sido suficiente para isso, e que esse tipo de serviço não estava incluso no pacote, e claro, desliga na minha cara.
– Maldito.
Sem ter outra alternativa eu desço furiosa até a recepção, Rob está com a mesma cara de morto de antes, fixado em uma revista masculina - Ouch. – Não se pode contara cm ele para nada, sinto pena dos outros hóspedes. Mas como anteriormente, não há ninguém além de nós. Esse lugar as vezes me parece estar abandonado. – Eu não posso ser a única hospede do hotel, posso?
Sem levantar o rosto da revista, ele me joga o aparelho de telefone e uma lista que eu presumo ser os taxis da cidade, ótimo, ao menos algo de útil.
– Obrigada. – Ele me ignora.
A conversa com o taxista é sucinta e àquela altura Rob já tem desviado sua atenção para mim, e me observa desconfiado.
– Já vai embora?
– Sim.
– Tem certeza que não está fugindo?
Eu ignoro a sua pergunta e aviso que trarei as malas para baixo, logo, logo. Descer é mais fácil que subir, então dessa forma eu não preciso da cara "ajuda" de Rob. Até penso em lhe pedir que me avise quando o taxi chegar, mas me impeço a tempo, já aprendi minha lição. Sendo assim, eu espero o carro chegar, em um silencio sepulcral, na própria recepção. Provavelmente quando eu chegar a casa dos Bartholy já terá anoitecido. O taxi chega finalmente e eu embarco na minha nova aventura.****
Tiro minha a bagagem do porta-malas e pago taxista. Um vento forte faz o meu braço arrepiar, passo minhas mãos sobre eles. O motorista me agradece e volta pelo mesmo caminho que veio. Fico parada por um momento observando o carro se afastar, como uma chance de escapar, mas escapar de quê? Não é algo bom para mim, chegar na casa dos Bartholy com tantos conceitos pré-estabelecidos, eles merecem o benefício da dúvida, são humanos como qualquer um.
Começo a caminhar em direção a minha nova casa, e assim que passo pelos portões de ferro, noto a impressionante propriedade em que me encontro. Definitivamente eu não esperava por isso. Uma estátua de uma mulher jorrando água no centro de uma fonte, se eleva a minha frente, e logo adiante encontra-se uma imponente mansão situada em quilômetros de terreno plano, é como estar em um cenário de filme. Deve ser incrível morar em um lugar assim, facilmente confundido com um palácio. – Eu quase posso me sentir em Hollywood.
Os sussurros do vento sopram mais fortes arrancando uma porção de folhas das arvores, o barulho da água na fonte adiciona um toque quase assustador a atmosfera já pesada, quebrando um pouco do meu momentâneo êxtase. – Bem... quase Hollywood. Ando mais adiante, os cascalhos fazem barulho ao entrar em contato com a sola da minha bota. Olho ao meu redor, mas não há sinal de alguém vindo. O jardim está submerso em uma bruma espessa, engolido por uma escuridão sem fim. Eu mal posso ver meus próprios pés. Procura na minha bolsa pelo meu aparelho de celular. Disco o número dos Bartholy, sendo está uma propriedade tão grande, eu não posso me arriscar a vagar por aí, sobre tudo, nesta escuridão. Ouço o primeiro toque. – Sejam bonzinhos, atendam o telefone, por favor!
A chamada se encerra sem resposta do receptor. Tento mais uma vez, e outra, mais outra. Novamente.... e nada. Olho para o céu, pedindo pelo que é a centésima quinta vez, uma ajuda divina. Uma enorme nuvem cinza está se formando, e de repente o que já era escuro, como se desafiando o destino, fica pior, pois a pouca luz do luar é engolida pelo pressagio de chuva. Isso não pode estar acontecendo. – Auuuuuu. Pulo assustada.
– Por Deus, é só um lobo. – E imediatamente eu me repreendo por pensar isso, um lobo nunca será só um lobo, um lobo é um.... LOBO e eu sou a provável refeição. – Que não seja um lobo. - Peço em silencio. – Não pode ser um lobo. Não há lobos por aqui. Certo?
O telefone ainda chama e ao último toque da chamada, eu finalmente desligo o aparelho. Me vejo indecisa entre permanecer aqui ou me arriscar no caminho incerto. Mas é aquela história, se correr o bicho pega, e se ficar o bicho come, então... só me resta rezar para que haja bicho algum. É muito combustível para uma mente tão fértil como a minha. Se eu continuar desse jeito, minha imaginação e eu iremos sair correndo daqui. Bem rapidinho. Começo a caminhar em direção a casa, guiada pelas luzes das janelas. Chegando mais perto, consigo ver duas escadas dispostas em forma de arco a frente da casa, onde o pico de onde ambas se encontram, alcança a porta principal. Eu seguro no corrimão de apoio, os degraus de pedra produzem um som oco, a cada passo dado. Enquanto subo, eu tenho a estranha sensação de que estou sendo observada. Então eu olho ao redor e acho que vejo alguma coisa brilhando... não pode ser, estou imaginando coisas. Uma vez que alcanço o topo da escada, eu tento limpar minha mente. De repente ouço um barulho estridente, que me assusta ainda mais. Então eu me viro.
– Tem alguém ai? – Eu não sei por que estava fazendo aquela pergunta, se na maioria das vezes em que ela é feita, a resposta nem sempre é quista de verdade. Nada. Me aproximo da porta, mas não consigo ver ninguém pelo vidro, apenas o meu reflexo borrado. Procuro a campainha, mas não há sinal de nada do tipo, só uma aldrava em forma de gárgula. – Que.... peculiar. – Hesito por um momento, uma pequena voz que eu chamo de razão, me alerta que eu deva ir embora enquanto ainda é tempo, mas eu calo essa voz e respirando fundo finalmente pego a aldrava. Bato três vezes na porta. O som parece reverberar pelas paredes. Alguns minutos se passam e eu ainda estou em pé do lado de fora, pego novamente à aldrava para uma última tentativa e nesse exato momento a porta se abre em um solavanco e eu pulo para trás.
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Serie Irmãos Bartholy - Drogo
Fiksi PenggemarAlisha finalmente chega a pequena cidade de Mystery Spell como uma obra do destino. Tentando recomeçar a vida, ela é colocada em uma teia complicada de mistérios e se vê inserida em uma trama perigosa ao ter seu caminho cruzado com a estranha famíli...