A VERDADE SOBRE MIGUEL - Por Pedro Bandeira

335 6 1
                                    

Aló Karas! Preparados para mais um texto? Estejam cientes que há spoilers dos livros.

Apesar de líder do seleto grupo de investigadores mirins, único que se apresenta com nome próprio e o grande responsável pela resolução dos diversos casos em que os "Karas" se envolvem, Miguel não faz o tipo "popular" tanto na ficção, quanto na gama de fãs da realidade. É implícito, claro, mas é preciso se ler atentamente para perceber quem de verdade é o Miguel. A realidade que envolve o personagem não foi percebida por muitos, mas nosso Pedro Bandeira, enfim, nos esclarece. Confiram o texto que o próprio autor fez ao responder o questionamento de alunos a respeito. Esclarecimentos quanto ao desenvolvimento, relacionamento (Magrí e Miguel?) e muito mais. Enfim, Miguel é revelado.

Criei Miguel no meio do ano de 1983, já há 35 anos, ainda sob a censura, o arbítrio e a violência da ditadura militar, que amordaçava a boca do ator e do jornalista que fui, e que eu ainda era naquela ocasião

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Criei Miguel no meio do ano de 1983, já há 35 anos, ainda sob a censura, o arbítrio e a violência da ditadura militar, que amordaçava a boca do ator e do jornalista que fui, e que eu ainda era naquela ocasião. Minha ideia foi formar um grupo de 5 adolescentes, em que suas personalidades, somadas, formassem um só ser, que seria o meu sonho de perfeição da juventude do meu país: Crânio seria a inteligência, Chumbinho o humor e a esperteza, Magrí a força e a coragem, Calu o charme e o talento. E Miguel? Ele representaria a ética, a seriedade, a liderança. Para mim, ele talvez fosse a soma dos outros companheiros. No entanto, dei a ele certas fragilidades: ao mesmo tempo em que ele é ousado, capaz de dar a vida pelos outros, ele é tímido, incapaz de demonstrar sua paixão por Magrí. Ele percebe que Crânio idolatra a garota e escolhe sofrer, abrir mão de sua paixão, para não ofender seu amigo. Note que, no final de todos os livros, Miguel sempre fica sozinho, pedalando em sua bicicletinha em direção ao horizonte ou isolado em seu quarto sentindo sobre os próprios ombros todo o peso do mundo. 

O último livro, "A droga da amizade", escrito 3 décadas após o primeiro, provocou-me uma grande dúvida: graças a muitos depoimentos de meus leitores, centenas de cartas e e-mails trocados por anos com eles, eu sabia que praticamente todo mundo preferia o casal Crânio/Magrí. Mas para mim, o protagonista é Miguel. Ele é o centro de tudo. Somente ele poderia ficar com Magrí. Crânio poderia ganhar o prêmio Nobel, Calu poderia ganhar o Oscar, Chumbinho poderia tornar-se um milionário, mas somente Miguel poderia ser o presidente do Brasil. Note que somente ele tem nome; os outros só têm apelidos. Miguel sou eu  

Esperavam por essa, Karas? Pedro Bandeira só nos emocionando

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Esperavam por essa, Karas? Pedro Bandeira só nos emocionando. Claro que "Miguel" só podia ser ele mesmo. Muito agradecidos, querido Pedro.

#SomosTodosKaras

CRÔNICAS DE UM KARA | Vida de Fã do Pedro BandeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora