My Boyfriend Is Shawn Mendes (Concluído)

once again

“Eu ainda estou aqui, perdido em mil versões, irreais de mim." (Sandy ft. Tiago Iorc - Me Espera)

Ellie Bamber
Los Angeles, Califórnia, EUA

Corri meus olhos por todo o ambiente, minha nova sala. Era estranha a sensação de ela estar modificada, sem quaisquer vestígios de que era do meu avô, mas agora possuindo coisas minhas. Nem sabia que algum dia tudo o que cogitei negar seria mesmo real e eu seria a presidente desse lugar. Todas as responsabilidades estão sobre mim e isso é um peso que aos poucos começa a aumentar. Não sei se estou pronta ainda.

Soltei um suspiro fraco e sentei na poltrona de couro, virada para a enorme janela que dava vista para a cidade. Fechei os olhos por um momento em uma tentativa de relaxa e tirar uma parte da tensão que se instalava em mim há alguns dias.

O fato de o Hayes ser o vice-presidente me deixava um pouco aliviada, ele iria me ajudar e me aconselhar, porém tinha plena noção que a palavra final, quase sempre, seria minha e as consequências de escolhas erradas também recairiam sobre mim.

Eu precisava seguir e lembrar todos os ensinamentos que tive nos últimos anos, pensar com calma antes de qualquer decisão que possa se tornar precipitada. E foi isso que fiz ao resolver deixar a empresa matriz em L.A e não transferi-la para Nova York. Claro que isso não foi muito bem aceito pelo meus avós, porém era uma decisão que não cabia mais a ambos, então eles a aceitaram. Já o Hayes...

— Precisamos conversar. — ouvi sua voz, percebendo ele fechar a porta em seguida. E eu virei a cadeira em sua direção, ficando de frente ao mesmo, que sentou na poltrona do outro lado da mesa.

— A reunião já foi encerrada e a decisão tomada não será repensada. — concluí, sabendo que era exatamente disso que ele iria falar, ou melhor, discordar.

— O prédio em Nova York é duas vezes maior que esse e mais moderno, sem contar a ótima localização, Ellie. — argumentou, soltando um suspiro enquanto se inclinava em minha direção.

— E eu analisei todos os pontos, mas percebi que os positivos não são nada demais. Isso seria quase um capricho...— encolhi os ombros, apoiando os cotovelos na mesa. — Precisaríamos nos mudar daqui, e o nosso apartamento está quase pronto, Hayes.

— Expandir ainda mais os negócios é capricho? — ergueu as sobrancelhas, apoiando um cotovelo no “braço” da poltrona. — E você sabe que a questão do nosso apartamento não é um impedimento.

— Levariam meses pra nos estabelecer e nos fixar lá, digo fisicamente. — rebato. — É um trabalho que, definitivamente, não precisamos ter. Estamos em L.A, temos os melhores clientes, somos considerados a melhor advocacia dessa cidade... Tem noção disso?

— Você não acha que está na hora de deixar um pouco de lado essa tradição que já dura quase 30 anos? — e eu neguei com a cabeça, fazendo-o bufar como uma criança mimada que os pais não deixaram comer doce. — Até seus avós querem isso...

— Eles só queriam transferir a sede para lá, é diferente. — o interrompi. — Só iriamos ter um prédio mais moderno e uma nova localização. — dei uma pequena pausa, cansada daquela insistência toda. — Temos diversos arquivos importantes que poderiam ser perdidos nessa mudança e nos trariam mais prejuízos.

— Você fala como se isso estivesse falindo, o que é totalmente o contrário; A cada ano temos um crescimento um tanto surpreendente.

— Estamos longe de estar falidos, só que eu acabei de ocupar esse posto e eu não quero ter que ficar lidando com decisões ou consequências causadas por isso e que parecem irrelevantes. Não tem necessidade... —  balancei levemente a cabeça, observando ele, que permaneceu em silêncio, apenas desviando o olhar enquanto parecia pensar. — Hayes...