My Boyfriend Is Shawn Mendes (Concluído)

mourning

Ellie Bamber

Perda, uma palavra tão pequena mas que envolve tantos sentimentos, mas que ao mesmo tempo traz consigo uma sensação tão vazia. Nunca estaremos prontos para lidar com ela e com a dor que a acompanha, pois sabemos que é permanente. Sabemos também que ela adormece, mas que de fato nunca irá embora.

Minha mente se encontrava em um contínuo replay naquele momento. Cada risada, brincadeiras, cada gesto e a forma como ele se foi. Era óbvio que eu iria me questionar de o porquê ele não ter uma segunda chance como eu, que mais uma vez tive.

— Ela irá dormir a noite toda, mas se precisar de algo pode ligar que venho correndo. — minha avó nos deu um abraço carinhoso. — Ellie, seus remédios estão com o Shawn, ele sabe todos os horários e sabe o que fazer se sentir dor. Eu volto bem cedo. — e eu concordei, seguindo ela até a porta.

Minha avó estava cuidado da Karen assim como o Shawn, já que a mesma estava entrando em uma infeliz depressão, mas que na verdade é até compreensível. Isso pegou a todos de surpresa e obviamente a mãe do Cam ficou sem chão algum.

— Vem. — o garoto me pegou no colo,estilo noiva, já me levando para o seu quarto. Eu estava ficando em sua casa porque de alguma forma eu queria apoiá-lo melhor e o tempo todo, mesmo que ele não demonstrasse de jeito algum, permanecendo sempre quieto.

Assim que ele me sentou na cama eu ajeitei o travesseiro atrás de mim e foquei meu olhar nele, que também me olhava como se não soubesse o que dizer.

— Queria ter ido ao velório. — comento em um tom baixo, mas é inevitável não demonstrar mais tristeza por isso.

— Precisava descansar. — Shawn sentou perto enquanto tirava os seus tênis, os deixando ali mesmo no chão.

— Queria ter me despedido melhor dele. — soltei um suspiro, baixando um pouco a minha cabeça enquanto já sentia as lágrimas sendo formadas.

— Não tem como se despedir de alguém morto, sem contar que o caixão nem aberto estava. — ele disse tão simples que eu voltei a olhá-lo querendo captar alguma emoção.

— Não sente nada? — questionei um pouco inquieta nesse momento.

— O que eu deveria sentir? — o mesmo tirou a camisa, deixando na beira da cama.

— O Cameron... — e ele já me interrompe.

— Morreu. O que eu posso fazer? — deu de ombros como se fizesse pouco caso e eu balancei levemente a cabeça, bem mais confusa. — Ele te perdoou, então não tem o porquê de você ficar triste ou brava por não ter ido a um simples velório.

— Então eu deveria simplesmente ficar feliz porque ele me perdoou e depois morreu? — ironizei, sentindo o quanto essas palavras machucavam ainda mais em voz alta. — Você não se importa, Shawn?

— Ele odiaria ter me visto no velório dele porque ele me odiava, lembra? — levantou e eu o segui com o olhar.

— Você entende que o Cameron não irá voltar? Que nunca mais ele vai voltar? — alterei um pouco o tom da minha voz enquanto as lágrimas já começavam a cair em minhas bochechas. — Não é uma viagem longa e que a gente pode esperar sua volta, porque não vai acontecer. — escondi meu rosto entre as minhas mãos, pouco me importando se estava chorando igual um bebê porque eu precisava mesmo sentir aquilo.

— Ellie... — Shawn me chamou calmo e não demorou até eu perceber ele sentar perto de mim novamente, me puxando para si e me abraçando enquanto uma de suas mãos se encontrava em meu cabelo, acariciando. — Me desculpa, eu só não quero ter que encarar essa verdade de que ele se foi me odiando e sabendo que eu não fui atrás do seu perdão. — nesse momento eu de fato senti o quão ele estava mal com tudo isso, então me afastei e o puxei para que deitasse a cabeça em meu colo.

— Eu sei que isso é o que você mais desejava fazer agora, mas eu tenho absoluta certeza de que ele te amava. Apesar de qualquer coisa e antes de tudo ele é seu irmão, e ele te amava mesmo, Shawn. — digo segura de minhas próprias palavras e ele fecha os olhos enquanto eu faço cafuné em seu cabelo de forma carinhosa.

— Podemos mudar de assunto agora? — ele pediu calmo e eu concordei, me inclinando para selar seus lábios por alguns instantes. — A minha música será lançada amanhã. Você lembra?

— Sim, é claro. — forcei um sorriso, não que eu não quisesse, mas esse ato realmente havia se tornado difícil. — E o videoclipe é na semana que vem. — acrescentei e ele sorriu de lado, concordando.

— Eu quero mesmo tentar seguir essa carreira, mas se não der certo eu tento outra coisa.

— Eu tenho certeza que vai dar tudo certo. — e ele permaneceu em silêncio e já abriu os seus olhos, levando uma mão até o meu rosto e acariciando como se me analisasse calmamente.

Eu gostaria de entender melhor seus sentimentos naquele momento, mas ele se privava de demonstrar qualquer coisa e isso tornava as coisas difíceis, porém eu precisava respeitar e demonstrar que estava ao seu lado, não deixando que essa culpa que ele sentia o consumisse.