regrets

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"As chances rolam pra longe de mim.
Ainda assim chances são mais do que expectativas." (Five For Fighting - Chances)

Shawn Mendes
Los Angeles, Califórnia, EUA

— Porra... — murmurei, parando de caminhar e suspirando enquanto as palavras do Hayes insistiam em martelar na minha cabeça, inevitavelmente.

Tirei meu celular do bolso, desbloqueando a tela do celular e indo direto nos contatos. Talvez eu estivesse ficando maluco em fazer aquilo, mas no momento isso pouco me importava.

Disquei o número e respirei fundo, aproximando o aparelho do ouvido.

Alô?

— Oi... Nina. — mordi levemente meu lábio, inseguro.

— O que você quer? — perguntou direta, não demonstrando empolgação alguma ao ouvir minha voz, o que já era esperado.

Respirei fundo.

— Olha, eu sei que você não gosta de mim, na verdade, nunca gostou. Mas eu estou em Los Angeles e queria saber se pode me encontrar... — disse sem jeito, porém tentando ser mais firme.

Tem razão, eu não gosto de você e, para a sua sorte, isso apenas piorou. — ressalta. — O que você quer, Shawn?

— Se fosse algo que pudesse ser dito por telefone eu diria agora mesmo. ironizei.

— Então não vai dizer de nem um jeito, eu... — a interrompi.

— Nina, por favor. — imploro, literalmente. — Eu não pediria se não fosse importante.

— É algo relacionado a Ellie, não é? — deduziu. — Olha, ela está feliz agora e acho que você também... Aliás, ela está casada. — disse a última frase como se fosse um segredo, com toda certeza, para me provocar.

— Desde quando você se tornou isso? — balancei a cabeça e olhei ao redor da rua quase deserta.

— Desde que você fez todas àquelas merdas! — respondeu no mesmo tom. — Quer que eu as repita pra refrescar sua memória?

— Não é preciso. — tento ignorar.

Que bom...

— Nina, é sério! Eu juro que é a primeira e última vez que te peço algo. — digo por último, sendo minha última súplica.

Ela permaneceu em silêncio por alguns segundos, me deixando meio nervoso com a resposta, até a mesma respirar fundo.

— Está bem. Mas você não terá mais de 15 minutos, e eu te mando o endereço do meu apartamento. — deu uma pausa. — Ah e seja discreto, não quero fãs alucinadas em frente a minha casa. — e com isso, desligou.

Coloquei o celular no bolso novamente e pensei um pouco, ou melhor, ainda mais. Não tinha como me disfarçar, já que nem com moletom estava, e se eu fosse em casa a Katherine me encheria de perguntas e aquilo me atrasaria, e talvez nem conseguisse sair. Dessa vez ia contar com a sorte.

Caminhei de cabeça baixa até uma rua próxima, mais movimentada e que acharia um táxi. Eu só precisava ser rápido.

Ergui um pouco a cabeça e olhei para os lados, dando passos longos para o outro lado, onde havia apenas um táxi.

Abri a porta do carro rapidamente e olhei para trás, vendo um grupinho de amigas me olharem “chocadas”, com um olhar que eu conhecia bem, então apenas entrei rápido. Eu não poderia perder tempo, era capaz de Nina desistir de falar comigo.

—Vai rápido, por favor. - pedi e logo ele deu partida, meio confuso com a minha pressa.

Coloquei o cinto e encostei meu corpo no banco, respirando fundo e pegando meu celular para conferir o endereço e avisar ao homem.

O que diria a ela? Ela iria me ajudar mesmo me odiando? Eu precisava e ia tentar.

Quando o mais velho parou em frente ao prédio, senti meu coração disparar e minhas mãos começarem a suar. Por um momento, pensei se deveria fazer aquilo, era algo que já havia se passado em minha cabeça, mas o medo me impediu por muito tempo, talvez fosse o momento de enfrentá-lo, se tudo der certo.

Pedi que o motorista me esperasse e desci, indo para dentro do prédio e falando com a recepcionista, que me autorizou a subir, após ligar para a garota.

Respirei fundo entre tantas vezes e passei uma mão nos fios do meu cabelo assim que o elevador abriu e saí, caminhando pelo corredor até o apartamento.

Dei leves batidas na porta.

— Entra. — Nina verificou se havia alguém atrás de mim, me dando espaço para passar depois.

Olhei ao redor do apartamento e percebi que, provavelmente, ela não estava sozinha, já que haviam dois copos na mesa de centro e a televisão estava ligada.

— Esse era o programa favorito do Cameron... — recordei, voltando meu olhar para ela

— Eu sei. — falou óbvia, apontando para o sofá, me convidando a sentar. — Vamos ser diretos... O que você quer?

— Preciso do perdão da Ellie. — e eu nem me esforcei para não parecer desesperado e afetado, simplesmente falei.

Ela ergueu as sobrancelhas, franzindo a testa enquanto seu olhar veio até o meu, demonstrando que ela não acredita que isso vai acontecer algum dia.

— Por que, Shawn? — questionou, me fazendo encolher os ombros.

— Não consigo conviver mais com isso, Nina, tem um peso enorme sobre os meus ombros e eu não consigo mais... — baixei meu olhar. Eu encontrei o Hayes e... — balancei levemente a cabeça em negação. — Eu odeio ele, definitivamente, odeio.

— Certo, você odeia ele porque ele ajudou a Ellie a sair de um relacionamento em que você  transformou abusivo. — apontou, alterando seu tom de voz. — Porque ele conseguiu ficar com ela...

— Não. — neguei, com convicção. — Eu o odeio porque antes que tivesse alguma chance de consertar toda àquela porra, ele conseguiu convencer ela de que ele era o melhor naquele momento. Odeio ele porque ele tirou de mim a chance que eu nem tinha.

— E enquanto ela tentava te ajudar, você simplesmente a afastou e aproximou a Katherine. E nada pode justificar isso... Muito menos o que aconteceu naquela noite. — Nina umedece seus lábios, tentando se acalmar.

— Se quer saber, eu também me odeio por isso. — apertei meu maxilar, fitando o chão e apoiando meus cotovelos em minhas coxas. — As vezes, é quase insuportável conviver comigo mesmo depois daquilo... — apertei meus lábios ao passo que sentia meu coração se apertar e meus olhos começarem a marejar.

— Não, não é uma boa ideia, Shawn. — umedeceu os lábios. — Você precisa do perdão dela pra aliviar a sua culpa, não porque se arrepende...

— Pode pensar o que quiser de mim, mas não diga que eu não me arrependo disso, não quando você não tem noção de tudo o que eu passo até hoje e, sim, por minha própria culpa. — dei uma pausa, olhando-a novamente e tentando me manter firme agora. — Eu só preciso dessa chance, Nina, só preciso que ela saiba.

Continua...

My Boyfriend Is Shawn Mendes (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora