restart...or not

5.5K 263 154
                                    

Ellie Bamber

Há poucos meses sofri um grave acidente de carro junto com meus pais, que tragicamente morreram. Infelizmente eu sobrevivi.

Passei um longo tempo no hospital, e bem, não foi nada fácil obviamente. Diariamente senti dores intensas em todo o meu corpo, por mais que tomasse fortes e diversos medicamentos que pareciam não ter efeito algum em mim.

A dor do luto? Bem, essa foi a pior e a que com certeza jamais irá cicatrizar. Foi como se algo fosse arrancado do meu peito de maneira brutal e rápida. Algo que jamais irá ser devolvido ou curado.

Meus pais eram absolutamente tudo para mim e cada lembrança que guardava de ambos seriam carregadas por toda a vida. Eles eram incríveis e compreensivos, e bem, não estão mais aqui pra que eu possa dizer isso.

Não sabia como recomeçar minha vida, nem sabia se conseguiria. Sentia que tudo tinha acabado pra mim de forma definitiva. Não encontrava saída ou tanto sentido de continuar, mas praticamente a vida me obrigava a isso.

Olhei ao redor da minha nova casa enquanto já sentia lágrimas a beira dos meus olhos, mas que estava conseguindo segurar até então. Todas as minhas memórias pareciam passar lentamente sobre a minha visão, todas as vezes em que estivemos todos aqui nesta sala.

— Eu vou levar suas coisas para o seu quarto. — disse meu avô, interrompendo meus pensamentos.

— Não precisa, vovô. Eu levo. — forcei um sorriso e peguei as minhas malas, já indo para as escadas e subindo-as até o meu quarto. Ele já possuía o meu jeito, visto que passávamos as férias aqui.

As paredes são claras e possui algumas estantes com meus livros, uma escrivaninha e algumas fotos, inclusive com os meus pais. A porta de vidro leva até a varanda e é coberta por cortinas brancas.

Coloquei minhas malas sobre a cama e as abri, retirando as roupas e as levando para o closet, que não era tão grande como o quarto, mas suficiente.

— Trouxe comida — disse a minha avó, adentrando o quarto e segurando uma bandeja.

— Ah, obrigada, mas eu não estou com fome. — apertei meus lábios, me virando para olhar ela, que colocou o que trouxe sobre a minha cama e se aproximou de mim.

— Eu sei que está sendo difícil, na verdade está sendo difícil para nós também. Mas eles gostariam que seguíssemos em frente. Você tem se alimentado muito pouco, dormido mal e isso não é bom. — colocou as mãos sobre meu rosto, acariciando em forma de consolo. — Nós amamos você e só queremos o seu melhor.

— Vovó, eu estou bem. Não se preocupe. — eu queria conseguir disfarçar meu sofrimento pra eles, mas sabia que era péssima nisso.

— Quero que prometa que vai tentar. — não sabia o que dizer, eu não sentia  mínima vontade para isso, porque sabia que tentar seria em vão. Ao mesmo tempo não podia negar isso a ela, mesmo que fosse mentira.

— Está bem, eu vou tentar. — tranquilizei ela. — Obrigada por tudo o que tem feito e está fazendo. — abracei ela de maneira calma.

— Você não tem que agradecer. — sorriu e beijou minha testa. — Se precisar de mim, eu estou lá em baixo.

— Certo. — concordei, fazendo a mesma sair logo depois.

Quando terminei de organizar e guardar o que trouxera, fui direto para o banheiro tomar um banho demorado e tentar relaxar um pouco. Vesti uma roupa confortável, sendo uma camisa branca e um short moletom, deixando o meu cabelo solto.

Olhei a bandeja, vendo que haviam frutas, suco e até sanduíches, mas optei pegar uma maçã que no final mal consegui engolir o pequeno pedaço. Coloquei tudo sobre a escrivaninha e apaguei as luzes, indo deitar na minha cama.

Realmente precisava descansar. O primeiro dia de aula não seria fácil, sem contar que ainda corria riscos de ser reprovada em meu último ano então precisava correr contra o tempo e ir atrás do prejuízo.

Respirei fundo e me cobri até a cintura, virando para o lado e fechando os olhos enquanto tentava fazer o sono chegar.

Nunca acreditei que alguém seria capaz de aguentar tanta coisa em tão pouco tempo, era quase insuportável, e bem, esse alguém era eu. A sensação era de que estava em um pesadelo e que iria acordar a qualquer momento, pois parecia tão surreal a ideia de que os meus pais haviam partido e para sempre...

Senti as lágrimas, que segurei por muito tempo, caírem sobre minhas bochechas e não tentei controlá-las porque seria em vão, além de que eu precisava sentir isso de alguma forma a mais antes de cair no sono.

My Boyfriend Is Shawn Mendes (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora