— Foi ótimo estar com vocês esta noite São Paulo! — Bê anunciava assim, a última música antes de encerrarmos mais um show. O que era ótimo, meus braços sentiam o peso do cansaço de três shows seguidos. — Vamos dar um salve para nosso guitarrista monstruoso Gui!!! — O público foi à loucura. — Nosso mutante da batera Edu!!!! — Me levantei fazendo reverência para as mais de quinze mil pessoas ali. — Nosso baixista das cavernas Maycon! — ele se aproximou da beirada do palco — E esse Bê que vos canta, está cheio de amor pra dar essa noite! A Bezdomnyy ama vocês! — ele gritou fazendo o publico responder com o mesmo entusiasmo.
Gui iniciou os acordes da nossa musica de maior sucesso. Maycon o seguiu, e assim que entrei, o publico explodiu cantando com Bê.
Como todo fim de show, joguei minhas baquetas destruídas para o publico e me retirei do palco.
Senti minha cabeça pesar, e enquanto os outros escolhiam as garotas da vez, para levarem para o hotel, fui tirar minha roupa ensopada de suor. Me troquei e foi o tempo de Karen, nossa produtora passar para nos levar em direção á van.
Um corredor de fãs estava entre nós e nossa saída, os outros passaram com seus sorrisinhos e caminharam direto. Mas não eu. Sempre que eu ainda saia de pé do show, gostava de dar atenção aos fãs.
— Bora Edu! Se você é trouxa de não querer ninguém, não atrapalha a diversão dos parças aqui. – Maycon gritava de dentro da van.
Funguei irritado, entreguei o celular da última garota que me pediu uma selfie, e corri para a van.
Fechei a porta da frente, e nem olhei para trás, só se viam pernas para cima e um som geral de gemidos e garrafas de vidro batendo.
Estava distraído olhando a tela do celular quando quase voei no para-brisa da van.
Ergui a cabeça assustado olhando para o nosso motorista. — Porra Guto! O que foi isso?
Ele gesticulava freneticamente — Aquela maluca se jogou na frente da Van!
Olhei assustado pelo vidro — O que?
Arregalei os olhos vendo a garota agachada na frente da van, abri a porta e corri para ela. — Ei, você está bem? — falei desesperado.
Ela ergueu a cabeça para me encarar e seus olhos estavam cheios de lágrimas. Eu já tinha visto muita gente doida nesses anos de estrada, mas se jogando sobre carros em movimento era raridade.
— Acho que torci meu pé. — Ela choramingou esfregando o tornozelo. — Estava distraída com o celular, me desculpe.
Cocei a cabeça. Que droga, não podia deixar ela ali.
— Quer que eu chame um taxi para você ir para casa?
Maycon colocou a cara para fora na janela da Van. — Edu! Caralho quero chegar no hotel logo, a... — ele colocou a cabeça para dentro — Como se chama mesmo? — Ele colocou a cara para fora novamente e riu — A Patty tá impossível, se não voltar logo, vou ter que dar um jeito aqui mesmo.
Revirei os olhos e esperei a resposta dela.
— E-Eu não sou daqui, só vim para o show.
Os outros colocaram suas cabeças para fora e começaram a bater na lateral da Van.
— Tá, vamos, você fica no hotel hoje, e amanhã a gente te leva embora.
Ela sorriu, e me abaixei para pegá-la no colo.
Caminhei com ela até a van.
— EEEEE, olha só quem pegou uma gata! — Maycon gritou me zoando.
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Discordantes (Degustação)
RomansaEdu é um músico rico, famoso, bem sucedido que já viajou o mundo com sua Banda. Fechado em sua vida, ele já desistiu de seus sonhos há muito tempo. Se tornou um homem solitário, que vive apenas por um propósito. A segurança e o amor da filha. Po...