3 Conversa

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Assim que conseguimos entrar no hotel, voltei para o quarto, entreguei o bilhete para Karen que cuidaria das coisas com a polícia.

Fui para a academia do hotel, fiz algumas séries de exercícios, para tentar me acalmar, mas eu só conseguia pensar na Virginia vendo aquelas fotos. Pouca desgraça para mim é bobagem, tinha mesmo que cair uma merda dessas na minha cabeça. E como eu explicaria isso?

Perto das quatro horas, Karen apareceu no meu quarto.

— Bora Edu, vai fazer exame, o delegado pediu.

— Exame? — falei atordoado.

— É, teste de material genético... Se você não fez essa porra como diz, isso vai encerrar o assunto.

Funguei, olha a merda que aquela garota foi fazer...

Fui com ela, fiz o exame e depois fui prestar esclarecimento na delegacia, contei tudo o que havia acontecido, reafirmei sobre o bilhete. Fiquei lá até eu saber que o resultado do exame dela deu negativo para agressão sexual. Respirei aliviado, não, eu não transei com ela!

Fiquei na delegacia por longas horas e tive que sair de lá direto para o show, os outros já tinham chegado, e corri para me trocar.

— Ou! O que deu lá? — Bê falava do outro lado do camarim, sem me olhar.

— Não deu nada. — Tranquilizei-o — A garota é doida.

— Menos mal né cara? Você tá bem?

Assenti sem olhar para ele, terminando de amarrar meus tênis. — O que me fode a vida, é ter a possibilidade de a Virginia ter visto tudo aquilo...

Ele sorriu — Fica de boa Edu, ela já tá vacinada contra toda essa merda.

Fechei a cara. Até parece...

— O que importa é que amanhã vou estar em casa, e aí eu resolvo tudo isso.

Ele bateu nas minhas costas e se afastou.

Coloquei a bandana na cabeça e as luvas, me preparando para o show de duas horas e meia daquela noite.

Fiz meus alongamentos e entramos no palco, pontualmente ás onze e meia. O publico era de dezoito mil pessoas e como sempre, me sentei ao fundo do palco, ignorando a multidão a minha frente, e começamos o show.

****

Voltamos para o hotel, e senti meu corpo todo relaxar ao me esticar na cama. Mal dava para acreditar naquela loucura toda. Apesar da agitação, eu apaguei de imediato. Só queria que o dia seguinte chegasse logo para eu poder ir para casa. Ficar com a Virginia e explicar todas as merdas para minha mãe, que já devia estar em cólicas por eu não ter dado noticias.

Acordei perto das duas da tarde com meu celular tocando sem parar.

— Edu? Você está no hotel ainda? — Karen falava irritada.

— Acabei de acordar.

— Chama o Guto, vou passar o endereço para você, achei sua garota, estou com ela.

Dei um pulo da cama — Segura essa filha da puta, que já tô indo.

Desliguei, tomei uma ducha rápida e saí correndo atrás do Guto. Ele já me esperava e segui com ele até o centro da cidade, num daqueles hotéis que exalam cheiro de putas e viciados.

Liguei para ela quando cheguei ao hotel.

— Tô aqui. Me libera para subir. Esse maldito lugar nem tem um interfone.

Discordantes (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora