Com amor, Catarina.

Não sabemos a explicação de tudo.

A vida é muito além dos números, Jhonny.
E eu sei que você gosta e eu gosto quando enchemos páginas atrás de página atrás de provas irrefutáveis de que dois mais dois são quatro ou que a integral de e elevado a menos dois x ao quadrado na verdade é resolvível sim por métodos algébricos.
Sei como você adora a exatidão e a sensação maravilhosa de pontos finais e soluções encontradas corretamente.
Eu também, Jhonny.
Mas a vida é muito além dos números.
E há a história e há a geografia e há o tempo dos fatos e a sequência e como muito disso tudo surgiu da necessidade, e não de caprichos.
Queriam saber área de coisas que algebricamente não se sabia calcular.
Integraram.
A vida é tanto além dos números, Jhonny.
E mesmo as provas numéricas que trazem tantos arredondamentos e aproximações e tanto tesão elas não me satisfazem, querido, porque eu tenho sede pela completude das coisas, e nada se completa na exatidão - nada é tão exato.
Eu me gasto em me reconhecer como comum em meio a uma população que desconhece seus gênios, tão poucos são eles.
Eu me gasto em me reconhecer incapaz de compreender tanto, tanto.
Reconheço a minha insignificância pro mundo da matemática tanto quanto para tudo mais que compõe a vida - nossas histórias, espaços geográficos, a bendita ciência, a língua e a fala e etecetera.
É tudo tão além, Jhonny.
Que a humanidade é complexa e inexata em sua exatidão.
Ou exata em sua inexatidão.
E é muito bonito assim, eu garanto.