Um dia talvez... - 2º Capítulo

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E lá foi eu. Sai do meu quarto para me dirigir até ao carro, carro esse que para mim eu o odeiava. Só servia mesmo para me levar ao psicólogo!... Mas sabem uma coisa? Eu gosto de brincar um pouco com a mente das pessoas, então sempre que saiu para ir a esse maldito psicólogo velho e horroroso, eu meio que danço como uma louca e reviro os olhos e aí sim, eu começo a falar com o nada. Gosto de ver os olhares caidos sob mim de tão aterrorizados que estavam ao ver-me assim. E no meio desses olhares, lá estava o dele. Aquele que fez o meu coração bater sempre mais forte que o normal. Aquele pelo qual me apaixonei. Aquele que, pelo menos eu achava, me amava pelo o que eu era. Mas estava enganada, pois bastou descobrir o meu "dom fora do normal" e começarem a falar de mim por todo o lado para ele se afastar de mim! Nunca o havia esquecido mas também nunca o perdoaria por me ter abandonado quando mais eu precisava de alguém ao meu lado.

"Olá George!" Aquele nome sempre soaria doce.

"Olá Christine. Vais a uma consulta outra vez?"

"Uma louca precisa sempre do acompanhamento de alguém expecializado. Apesar de nunca resolver nada visto que... Esquece! Já estou a falar demais. Tem um resto de bom dia." E acabei por entrar no carro. Sabia que por mais que eu dissese que não estava louca, que tudo o que eu lhes contava era verdade, nunca iriam acreditar em mim, nem ele...

A Christine acaba por entrar no carro e em pouco tempo este já se encontrava a caminho do hospital. Aquele edificio era bastante assustador, até para quem lá trabalhava à anos. Era um edificio branco, mas um branco meio que destruido pelo tempo. Aquele branco dava um ar melancólico ao edificio e era isso que fazia aquele hospital parecer mais um hospicio que propriamente um hospital. Conta até uma lenda que antes de hospital, aquele edificio havia sido mesmo um hospicio, mas por inúmeros suícidos talvez por maus tratos ou até pelo "assombramento" que habitava naquele lugar, acabara por encerrar e anos mais tarde a ser comprado e transformado no que é nos dias de hoje.

Todos já naquele hospital conheciam a Christine. Enfermeiras, médicos, pacientes... Apesar da sua transformação para hospital, aquele sitio haveria sempre de ter um cheiro e um aspecto de hospicio. Não por causa das paredes, não por causa do chão, não por causa da cor... Sim por causa das próprias pessoas que lá encontravam e que de lá saiam. Aqueles olharem...

Agora só tenho que aguardar pela minha vez. Só tenho que aguardar para que aquele velho me chame através do seu consultório.

"Christine Rosie, consultório C."

E pronto! Era agora que o pesadelo ia começar... outra vez!

"Vamos entrar?" A minha mãe fazia sempre aquela maldita pergunta quando chegava-mos á frente da porta do consultório. É claro que por mim não entrava-mos, mas fazer o quê? Tive que assentir que sim. Entra-mos e lá estava ele. Ali sentado, a olhar para o ecrã do seu computador. Agora eu entendo o porquê da minha mãe se dar tão bem com ele. Tinham muito em comum!

"Então como têm passado a minha paciente favorito?" Aquele sorriso não enganava ninguém.

"Como todos os dias."

"E continuas a ver os teus amigos?"

"Sim continuo..."

"Pois, já suspeitava que me fosses responder isso. Eu tenho aqui uns exercicios de mente que vou pedir que os faças todos os dias, apenas para relaxares a mente, sem nenhuma razão em especial..." Ele deve de achar que eu sou burra. Louca até sei que ele acha que sou, agora burra... Era só o que me faltava! Dê ele o que me der, eu nunca irei fazer nada do que ele me pede porque isso são coisas para louca e louca eu não sou.

"Muito obrigada doutor por andar a ajudar a minha filha."

"Sem problema algum. É para isso que aqui estou! Christine, podes-nos dar um momento a sós? Preciso de falar com a tua mãe."

Saí de lá com todo o gosto. Esperei á porta do consultório, sentada nadaquele chão frio. Não sou pessoa de ouvir as conversas por de trás das portas, mas não consegui evitar e como já era de esperar, o tema de conversa era eu. O que ouvi mais ou menos foi isto:

"A sua filha têm demonstrado mais conversas com esses tais espiritos?"

"Sempre que chega a casa ela continua a dirigir-se logo para o quarto e a fechar-se lá dentro a falar com essas coisas. Eu não consigo evitar que ela o faça!"

"Não se preocupe! As coisas com o tempo vão-se resolver."

"Eu só não quero ter que colocar a minha filha num hospicio. Seria horrivel tanto para a minha reputação como para a do meu marido e os meus filhos mais novos não compreendiriam."

"Não vamos já começar a falar disso. Sei que já vão á uns longos anos mas vamos evitar ter que colocar a sua filha lá. O que pode vir a acontecer é que um dia a tenha que leva-la lá por um dia só apra ela apanhar " um susto" e pode ser que tudo se resolva mais rápido, mas por enquanto, fica tudo como está."

"Obrigada doutor. Até uma próxima."

"Até á próxima!".

E depois lá saiu ela de lá de dentro e volta-mos para o carro em direção a casa. Levar-me um dia a visitar um hospicio...

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