We and Our Ghosts

Bastante em comum - 4º Capítulo

Despertei com um raio de luz a bater nos meus olhos. Revirei-me na cama enquanto me espreguigava. Sentei-me na beira da cama e calçei os meus chinelos. A casa estava bastante silenciosa e isso não era normal. O mais comum era a esta hora andarem os meus irmãos a correr pela casa toda ao gritos. Desci e foi até à cozinha. Não estava lá ninguém.

"Mãe, estejas tu onde estiveres fica a saber que não estou a gostar da brincadeira..." Eu estava a ficar assustada. Ninguém em casa, não isto não é normal.

"A tua mãe saiu."

"Aiii! Que susto Billy" Aquele rapaz sempre gostou de me faz ter um ataque de susto.

"Desculpa mas não resisti ao ver que estavas a ficar assustada!"

"Ah ah! Mas já agora conseguiste ouvir onde ela foi? E os meus irmãos?

"Ela foi a um evento qualquer de desenhos animados que os teus irmãos andavam a pedir a muito. Não te lembras dela ter falado isso no ínicio da semana?

"Ah pois, é verdade. Já não me lembrava. Então hoje tenho a casa por minha conta." Quando terminei de falar, a campainha tocou. Isto é irônia a mais, certo?

Foi até a porta e espreitei pelo observador que tenho na porta. Como? O Zayn, o novo vizinho estava ali a frente da minha porta. O quê que ele queria? Decidi abrir a porta, não o ia deixar ali fora.

"Bom dia. Precisas de alguma coisa?"

"Bom dia. Vim te fazer uma visita. A minha mãe disse para cá vir para estabelecer uma amizade contigo, visto que vives na minha vizinhança." Palavras caras que ele usa, hein?

"Hum... ainda bem que vieste por um lado. A minha mãe saiu com os meus irmãos e assim já não fico sozinha. Entra, está a vontade. Já tomas-te o pequeno-almoço?"

"Sim, acabei mesmo agora de tomar."

"Então senta-te aí no sofá. O comando da televisão está aí em cima da mesa caso queiras ver alguma coisa que esteja a dar. Eu vou para a cozinha preparar o meu pequeno-almoço e já volto."

"Está bem."

Foi para a cozinha e preparei um leite quente com as minhas bolachas preferidas e foi para a sala para não deixar o Zayn sozinho. Quando cheguei lá, sentei-me num sofá individual e começei a comer. Aquele momento estava a ser muito estranho. Ninguém falava! Era normal já que ninguém se conhecia. Decidi dar um ponto final aquele silêncio.

"Então... tu tens que idade?"

"Tenho 18 anos e tu?

"Tenho 16 anos. Vais andar na escola daqui da zona?

"Acho que sim. A minha mãe não explicou muito bem onde fica mas ela diz que fica a uns 11Km daqui."

"É a escola onde eu ando. Ela é fixe, apesar das pessoas nos julgarem bastante, mas fora isso, é bastante porreira."

"Julgarem? Porque dizes isso?

"Uma grande história que não queres saber. Se precisares de alguma coisa depois podes sempre falar comigo."

"Combinado. Olha, eu peço desculpa ontem ter estado o jantar praticamente todo colado a olhar para ti."

"A sério? Eu nem tinha reparado nisso." Falei bastante irônica, o que o fez rir." Estás desculpado. Apesar de ter sido bastante constrangedor, estás desculpado." Ambos rimos. Ele até era um rapaz muito simpático, timido também mas bastava simpático. Eles eram todos assim, bastava era saberem acerca do mkeu dom para se afastarem logo...

"Tu ontem fizeste uma pergunta a minha mãe muito estranha. Porquê que lhe perguntas-te se morava mais alguém connosco?" Ele estava a olhar-me bem nos olhos com um certo brilho, tal como ontem.

"Hã... por nada. Parecia que tinha ouvido passos vindos do andar de cima." Tentei fazer o meu sorriso mais sincero apesar de não o ser.

"Hum... Então, és uma rapariga solteira?" Boa! Bela pergunta para me deitares abaixo, mas não vou deixar que isso aconteça.

"Digue-mos que ainda não encontrei um rapaz para partilhar a minha vida tal como ela é. Ele precisa de ser bastante especial para estar comigo. E tu? Um rapaz tão giro como tu deve ter alguém."

"Primeiro, obrigado pelo elogio." Ele sorriu-me. Acho que aquele sorriso me fez corar." Segundo, não tenho. Tal como tu, ainda não encontrei uma rapariga que entenda como sou."  Ao que parece nós temos algumas coisas em comum.

"Vais ver que vais encontrar alguém. Conhecendo eu as raparigas da minha escola, não vai haver uma que não queira uma oportunidade para te conhecer."Sim, eu sei bem disso...

"Já tenho experiência disso na outra escola mas bastou toda a gente saber que..." Ele calou-se.

"Saber do quê?"

"De nada, esquece. Quero apagar essa página da minha vida. É algo que não quero recordar." Ele fez um sorriso esforçado. Estou a ver que este rapaz não tem tido uma vida muito fácil. Mais uma coisa que temos em comum. O silêncio voltou a tomar conta daquela sala. Não gosto deste tido de silêncio.

"Já conheces esta zona?"

"Não conheço muito bem."

"Se quiseres e se não tiveres nada para fazer esta tarde, podemos ir dar uma volta pelo nosso bairro."

"Sim, teria muito gosto em conhecer este bairro contigo." Ele fez-me voltar a corar. Isto não pode voltar a acontecer.

"Então depois de almoçares podes voltar aqui a casa e saiu-mos."

"E tu vais almoçar onde se estás sozinha em casa?"

"Aqui! Eu sei cozinhar!"

"E que tal ires lá almoçar a casa? A minha mãe ia adorar ver que nos estamos a dar bem."

"Se tu o dizes." Sorri-lhe. " Vou lá a cima arranjar-me e quando estiver pronta pode-mos ir. Até já."

"Até já."

Cima as escadas até ao meu quarto e lá escolhi a roupa com uma ajuda especial.

"Então, é para alguma ocasião especial?

"Não, apenas vou almoçar a casa do rapaz que está lá em baixo. É o filho da nova vizinha."

"Hum, então tens que ir muito gira."

"Não. Tenho que ir normal Roseli!" Esta Roseli e a sua mania de casamenteira. 

Escolhe-mos uma roupa muito básica: umas skinny jeans pretas, uma camisa ao xadrez vermelha e preta agarrada à cintura, uma camisola preta dos Ramones e umas all stars baixas brancas.

"Estás um máximo!"

"Obrigada. Vou descer para não deixar o rapaz esperar mais tempo." Saí do quarto, desci as escadas, escrevi um papel a dizer que ia sair com o nosso vizinho para lhe apresentar o bairro, não fosse a minha mãe chegar antes de mim, pusei o papel na cozinha e foi ter com o Zayn." Estou pronta."

"E gira." Ele passava os seus olhos por mim. Já não me lembrava o que era ser admirada por um rapaz sem ser pelo meu ex.

"Obrigada. Vamos então?"

"Vamos!"

Saímos os dois de minha casa, fechei a porta a chaves e fomos até casa dele. Até agora estou a gostar muito de o conhecer. Vou tentar evitar que ele descubra o meu dom, não quero perder mais amizades por causa disso.