O começo da cura

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Acordei com uma notificação do celular. Ativei o modo silencioso, mais para silenciar você do que qualquer outra coisa. Levantei e fiz aquela rotina dos dias em que você não está, porém lembrando que ela se tornaria a única. Seu lugar no sofá foi ocupado pelo gato, o vazio na cama preenchi com as almofadas que deveriam ser decorativas e o meu coração ainda não está no processo de substituição.

Procurei algo doce para eliminar o gosto amargo na minha boca, mas esse incômodo vinha do peito

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Procurei algo doce para eliminar o gosto amargo na minha boca, mas esse incômodo vinha do peito. Além disso, me entupir de porcarias não ia preencher aquele espaço que você deixou. Minha vontade foi de esfregar na sua cara o quão equilibrada eu era só por não ceder a tentação de devorar uma panela de brigadeiro. Quem sabe assim você não percebesse como foi idiota por me chamar de fraca. Sei que já disse coisas piores em outras brigas, mas essa palavra me machucou mais do que qualquer outra.

Tentei me desconectar de tudo que me fazia pensar em você, como se as lembranças estivessem nos objetos e não na mente. Logo percebi que isso significaria recomeçar do zero. Lavei todas as roupas de cama que ainda carregavam seu perfume e notei que era o mesmo que o meu. Separei todas as suas coisas e reparei que a maioria também me pertencia. Típico, você vai embora e tudo que fica me faz lembrar de nós. Tentei apagar sua existência e nossa história, mas nada adiantou. A jornada para te esquecer começaria quando aceitasse que era impossível deletar seu nome e o significado que ele carrega.

Quando conclui que terminar não seria o fim do sofrimento, senti as primeiras lágrimas caindo e, com elas, toda a minha marra. Mesmo sabendo o quanto sua presença me abala, a falta dela me pareceu infinitamente pior. Seguir em frente e te deixar para trás era algo que eu não conseguia imaginar, embora não sinta o mesmo apego em você. Sua influência na minha vida sempre foi muito além do relacionamento, como se me manipulasse com o seu amor. Por isso eu sabia, ou assim pensava, aonde todo esse drama ia dar e decidi abrir a notificação que ignorei mais cedo. Estava certa de ignorar, aquilo teria me desestabilizado totalmente: uma foto sua. Uma mensagem de texto não me afetaria, seu rosto sempre teve mais poder sobre mim do que suas palavras. Entende a gravidade desse sentimento? Visualizar você, mesmo que através de uma tela, já me deixa sem reação. Como isso pode ser saudável?

Eu não sei o que teria acontecido se tivesse começado esse dia de uma maneira diferente. É estranho pensar que qualquer decisão que tivesse tomado, até mesmo por impulso, poderia mudar a minha escolha. Eu sei que a garota de algumas horas atrás estava prestes a te aceitar de volta e ignorar toda a dor que sentiu. Porém, por algum motivo não me vejo mais nela. Não sei se foi pela ironia de ter recebido uma foto em vez de um pedido de desculpas, lembrando que você sabe como influenciar o meu raciocínio. Ou talvez seja para provar que não sou fraca como você deve pensar. Mas independente da causa, a consequência da sua falta de sensibilidade com esse amor caótico foi a minha cura. Ou, pelo menos, o começo dela.

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Nem tudo que escrevo é baseado na minha própria vida, não preciso dizer que esse texto encaixa nesse critério. Para aqueles que me incentivaram a continuar deixo o meu obrigada e sinto muito por não publicar com frequência, vou tentar mudar isso. 

Se gostou ou tem alguma sugestão já sabe né? Me conta a sua opinião nos comentários.

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