05. a quase normalidade

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Hoje mais cedo quando estacionei o meu carro na mesma vaga de sempre na Westdale High, percebi que tudo parecia estranhamente normal demais em vista dos acontecimentos das últimas semanas

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Hoje mais cedo quando estacionei o meu carro na mesma vaga de sempre na Westdale High, percebi que tudo parecia estranhamente normal demais em vista dos acontecimentos das últimas semanas. O frio e a neve haviam dado uma leve trégua, permitindo que os alunos matassem o tempo antes das aulas começarem escorados em seus próprios carros ou em alguma roda de conhecidos conversando sobre como haviam sido seus respectivos finais de semana. Não que tivesse algo de muito novo para compartilhar já que todos ali frequentavam os mesmos lugares quando estavam a fim de sair.

Tudo estava tão familiar que, apesar do desconforto habitual, quase não me importei ao ver Louise e Adam embolados um nos braços do outro tentando enganar o frio que fazia naquela manhã de segunda-feira. Digo quase pois assim que bati os olhos no meu melhor amigo, que mesmo de longe, ainda ostentava um esverdeado grotesco ao redor dos olhos, me lembrei da nossa discussão na minha cozinha no sábado de manhã. Tentei muito, mas não fui capaz de esquecer do cinismo que apareceu em sua voz assim que mencionei sua namorada.

Precisei me controlar muito para não fazer o que não deveria assim que vi a garota em questão rindo de algo que ele falara com a boca colada em um dos seus ouvidos. Apenas respirei fundo, ajeitei minha mochila em um dos ombros, e segui até o grupo de pessoas próximas ao carro de Adam e tentei agir o mais normal possível. Até mesmo Louise fez questão de agir de modo agradável comigo, o que me surpreendeu, já que quando estávamos próximos de seu namorado esta fazia de tudo para implicar com a minha presença. Vai ver toda aquela situação de merda tenha valido de alguma coisa, afinal.

Evitei ao máximo dirigir a palavra ao meu até então melhor amigo, não queria abusar da sorte e acabar danificando seu olho bom. Aquela sua amostra de ingratidão ainda não me desceu, e aquele elefante que eu carregava atrás da orelha me pesava cada vez mais quando eu olhava para o seu rosto sorridente ao falar com a namorada. Não me passou despercebido também o fato de que ele parecia quase sufocar a garota em seus braços assim que minha presença se tornou de seu conhecimento. Patético.

Nem tentei esconder a risada quando vi Louise dando-lhe um beliscão ao reclamar do aperto exagerado em seu corpo.

Passei a manhã toda disperso em toda a situação lixo da qual eu, totalmente sem querer, acabei me enfiando e praticamente nem prestei atenção no que os professores falavam; anotei a matéria no caderno no piloto automático. Só noto que já é a hora do almoço quando vejo os alunos saindo ansiosos da aula de cálculo, deixando o pobre senhor Atkins falando sozinho.

— Vamos logo, cara, quero sentar do lado da Chloe! — A voz de Dean me distrai da minha tarefa de jogar as minhas coisas de qualquer jeito dentro da mochila e encaro o seu rosto impaciente.

— Não sabia que você estava interessado na Chloe. — Digo, ajeitando uma das alças no ombro.

— Não estou... — Ele pausa e me encara, o sorriso esperto fazendo-se presente. — Quero dizer, estou... em partes.

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