Em todos os anos da minha curta existência nesse plano, posso dizer com toda a certeza do mundo que nunca pareci mais patético.
Eu apenas fiquei lá, olhando para ela como um estúpido incapaz de formular qualquer palavra coerente enquanto ela apenas me encarava com a expressão mais sóbria do mundo como se eu não fosse lá grande coisa, como se eu fosse apenas um pequeno imprevisto irritante do qual ela era obrigada a lidar para que fosse capaz de seguir com a sua vida.
Quando por fim estou prestes a abrir a boca para dizer algo idiota, o suspiro impaciente de Louise me faz parar. E o que eu escuto é como se fosse a última pá de terra sendo jogada sobre o meu caixão:
— Quero dizer, é óbvio que eu gosto de você — ela ri, revirando os olhos. — Você é o melhor amigo do meu namorado, temos que manter a política da boa vizinhança para que não haja nenhum assassinato até o final do ensino médio.
Ah.
Ignoro o princípio de desapontamento que tenta se esgueirar para dentro de mim, e indo contra qualquer reação cabível para o momento, deixo escapar apenas uma risada fraca e genuína ao mesmo tempo em que balanço a cabeça em negação.
A expressão confusa de Louise só faz aumentar a minha diversão.
Então quer dizer que a garota que a apenas alguns dias atrás estremecia com as minhas palavras indo de encontro a sua pele gostava de mim apenas como o melhor amigo de seu namorado?
Interessante.
— É mesmo? — Digo, sem desviar o olhar. Sinto o meu eu que ela odeia se apoderando do meu ser e agradeço por isso. Nada de Ethan bonzinho por agora. — Tem certeza de que esse é o único motivo, lindinha? — Ela franze ainda mais o cenho e cerra os lábios até que se limitam numa linha fina e irritadiça. — Não foi isso que pareceu na semana passada, bem ali na frente de casa.
Ah, como eu sentia falta de ver seu rosto pálido ficando rubro de irritação, exatamente como estava acontecendo bem diante dos meus olhos nesse exato momento.
— Você perdeu o juízo, Bradford?! — Um sorriso se espalha pelos meus lábios ao ver seu desconcerto, quase deixo mais uma risada escapar quando ela se levanta da minha cama como se a mesma estivesse pegando fogo. — Sei que você é meio burro, mas que agora anda vivendo num universo paralelo é coisa nova pra mim.
Dou risada e me afundo ainda mais no colchão macio. Ver o narizinho dela franzido em irritação me deixa quase confortável, num estado de nostalgia tão bom que não consigo evitar.
— Vamos ver se você continuará dizendo isso quando sair do estado de negação.
Ela cerra os olhos e me olha como se fosse capaz de voar para cima de mim só para ter o prazer de me estrangular.
— O que você tá querendo dizer, seu imbecil?
Coloco meus braços por traz da minha nuca e fico numa posição mais confortável enquanto olho para a garota que fica ainda mais irritada ao me ver fazer pouco caso de sua expressão nada amigável.
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UNFRIENDED
Genç KurguEthan Bradford é o típico modelo clichê americano. Amado e odiado nas mesmas proporções, o filho do prefeito de Hanover tem tudo o que muitos almejam: popularidade, dinheiro, um talento nato para o futebol e para lidar com as garotas que cruzam o se...